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esporte estrela bet-Nova Rota da Seda: o que Brasil ganha ou perde se aderir a plano trilionário chinês

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Pequim quer aceno do governo brasileiro ao ambicioso projeto de infraestrutura da China, mas decisão sobre adesão expõe divisão na equipe de Lula.
12 abr 2023 - 05h23
(atualizado às 07h22)
Lula se despede do vice-presidente, Geraldo Alckmin, ao embarcar para a China
Lula se despede do vice-presidente, Geraldo Alckmin, ao embarcar para a China
Foto: Divulgação/Palácio do Planalto/Ricardo Stuckert / BBC News Brasil

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A possível aproximação do Brasil ao controverso e ambicioso plano de investimentosesporte estrela betinfraestrutura da China conhecido como "Nova Rota da Seda" está no centro das negociações entre diplomatas brasileiros e chineses às vésperas da chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao país asiático.

Fontes ouvidas pela BBC News Brasil afirmam que autoridades chinesas querem algum aceno do país à iniciativa.

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Diplomatas ouvidosesporte estrela betcaráter reservado pela reportagem afirmam que o One Belt, One Road (Um Cinturão, uma Rota,esporte estrela bettradução livre) é um dos principais pontos aindaesporte estrela betdiscussão do comunicado.

De acordo com negociadores brasileiros, embora os chineses sempre acenem com o assunto nas trocas diplomáticas, dessa vez eles exerceram um pouco mais de pressão sobre o lado brasileiro por uma adesão.

O Brasil, no entanto, ainda não teria decidido se fará alguma menção ao projeto no comunicado conjunto que deverá ser divulgado ao final da visita, na sexta-feira (14/4).

Lula deve chegar à China na noite desta quarta-feira (12/4). Na quinta-feira (13/4), deverá participar da posse da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) como nova presidente do New Development Bank (NDB), também conhecido como "Banco dos BRICS".

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Na sexta-feira, está previsto o encontro entre Lula e o presidente chinês, Xi Jinping.

A Nova Rota da Seda completa dez anosesporte estrela bet2023, e a adesão do Brasil ao instrumento seria um ganho político considerável para Pequim.

Uma decisão, segundo essas fontes, ainda aguarda a chegada a Xangai da comitiva brasileira. Uma adesão formal ao projeto neste momento, porém, estaria descartada.

As discussõesesporte estrela bettorno da iniciativa chinesa, no entanto, evidenciam uma divisão pública entre uma ala liderada por diplomatas do Ministério das Relações Exteriores (MRE), incluindo o seu chefe, embaixador Mauro Vieira, e um grupo mais próximo ao presidente Lula, que inclui seu assessor especial para assuntos internacionais, o ex-chanceler Celso Amorim.

O Itamaraty vem afirmando que o Brasil não precisaria aderir ao projeto porque o Brasil já é alvo de parte significativa dos investimentos internacionais chineses.

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Poresporte estrela betvez, Celso Amorim e ministros como o da Agricultura, Carlos Fávaro, defendem que o Brasil pode aderir ao projeto chinês como forma de alavancar projetos de infraestrutura no país.

O que é a Nova Rota da Seda?

Xi Jinpingesporte estrela betevento relacionado à iniciativa One Belt, One Roadesporte estrela bet2017
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O One Belt, One Road é um projeto trilionário lançadoesporte estrela bet2013 pelo governo chinês que inicialmente previa uma série de projetos de infraestrutura como rodovias, ferrovias e portos, além de obras no setor energético, como oleodutos e gasodutos ligando a Ásia à Europa.

Há diferentes estimativas sobre quanto dinheiro já foi investido desde seu lançamento. Os valores vão de US$ 890 bilhões (R$ 4,46 bilhões) a US$ 1 trilhão (R$ 5 trilhões).

O projeto ficou conhecido como Nova Rota da Sedaesporte estrela betalusão à antiga rota da seda, nome dado ao fluxo de comércio que funcionava no primeiro milênio e que conectava a Ásia com a Europa Central.

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Desde que foi lançado, o projeto chinês foi expandido para outras regiões do mundo, como África, Oceania e América Latina.

De acordo com o centro de estudos americano Council on Foreign Relations (CFR), especializadoesporte estrela betrelações internacionais, 147 países já aderiram ou manifestaram interesseesporte estrela betaderir ao plano desde seu lançamento. Eles representam dois terços da população mundial e 40% do Produto Interno Bruto (PIB) global.

Na América Latina, pelo menos 20 países já fazem parte da iniciativa, entre eles a Argentina, que,esporte estrela betabril de 2022, assinou um memorando de entendimento com o governo chinês prevendo a adesão.

Segundo o Council on Foreign Relations (CFR), 147 países já aderiram ou manifestaram interesseesporte estrela betaderir ao plano chinês
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Analistas internacionais avaliam que o projeto é um dos braços do projeto de expansão do poder econômico e político da China.

Atualmente, a China é a segunda maior economia do mundo e, até a pandemia de covid-19, havia estimativas que indicavam que poderia superar os Estados Unidos até 2028.

Em uma aparente reação ao projeto chinês, líderes do G7 (grupo formado por Estados Unidos, Canadá, França, Reino Unido, Japão, Itália e Alemanha) divulgaram,esporte estrela bet2022, um plano de financiamento a projetos de infraestrutura avaliadoesporte estrela betUS$ 600 bilhões (R$ 3 trilhões).

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O projeto, no entanto, é alvo de outras controvérsias. Especialistas alertam, por exemplo, para o risco de superendividamento de países que contraem esses financiamentos.

Em 2018, o governo do Sri Lanka transferiu o controle de um porto à China após não conseguir honrar suas dívidas com o país.

A China, por outro lado, rebate as críticas afirmando que elas seriam uma tentativa de mancharesporte estrela betimagem no cenário internacional.

Outra crítica frequente é que os empréstimos possibilitados pelo programa dependem da intermediação de empresas chinesas para serem liberados e que, com frequência, a China envia aos países a mão de obra qualificada para as obras infraestrutura e contrata localmente apenas funcionários com salários menores.

O que o Brasil tem a ganhar?

Especialistas nas relações sino-brasileiras afirmam que uma adesão ao programa teria pouco efeito prático e não resultariaesporte estrela betuma "enxurrada" de investimentos diretos no Brasil no curto prazo.

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Eles dizem que um aceno brasileiro à iniciativa teria, portanto, um resultado mais político do que econômico.

Karin Vazquez, especialistaesporte estrela betcooperação internacional e professora da Universidade Fudan, na China, avalia que uma adesão formal do Brasil poderia dar acesso a um fundo de US$ 40 bilhões (R$ 200 bilhões)esporte estrela betinvestimentos chineses.

No entanto, segundo Vazquez, a desaceleração da economia chinesa vem fazendo com que as condições para esses financiamentos sejam menos atrativas do que no passado.

"Tampouco vejo como uma adesão favoreceria a participação do Brasilesporte estrela betprojetos de integração regional financiados pela China. O Brasil já é consideradoesporte estrela betalgumas dessas iniciativas, como a ferrovia bioceânica, cujos entraves à execução costumam estar mais relacionados a questões internas dos países e menos ao financiamento desses projetos", diz a professora à BBC News Brasil.

Especialistas nas relações sino-brasileiras afirmam que uma adesão ao programa teria pouco efeito prático
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Pablo Ibanez, professor de Geopolítica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e pesquisador visitante da Universidade Fudan, aponta que a entrada do Brasil no projeto teria um caráter mais simbólico. Mesmo assim, ele defende a adesão.

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"Não vejo grandes desvantagens. A China não exige grandes contrapartidas quando financia os projetos. Acho que o Brasil deveria entrar, porque é grande parceiro da China", diz Ibanez.

Marcos Caramuru, ex-embaixador do Brasil na China, pondera que, apesar de simbólica, a adesão poderia beneficiar investimentos pleiteados por Estados brasileiros.

"A adesão não faz muita diferença prática, mas passa uma mensagem aos agentes econômicos chineses que pode ajudar quando eles forem avaliar investimentosesporte estrela betentes subnacionais como os governos estaduais", explicou.

O que o Brasil pode perder?

Analistas ouvidos pela BBC News Brasil também avaliam que as desvantagens de uma eventual adesão do Brasil seriam pequenas e não necessariamente relacionadas à parceriaesporte estrela betsi.

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"Os problemas que vejo são relacionados às dificuldades de se implantar projetos de infraestrutura, como o impacto ambiental e como isso afeta as populações indígenas ou tradicionais", diz Ibanez.

Os especialistas ouvidos também minimizam o risco de uma eventual retaliação americana ao Brasil caso o país se associe de alguma forma ao projeto chinês.

Vazquez ressalta, no entanto, que a sinalização do Brasilesporte estrela betrelação ao assunto precisa ser bem calibrada.

"Alguns atores acreditam que aderir ao projeto daria maior espaço para o Brasil barganhar com Estados Unidos e China e não ser encapsulado como membro de nenhum dos dois 'bandos'", afirma a professora.

Mas ela diz que o argumento é questionável na medidaesporte estrela betque dar um "sinal" de que o Brasil está alinhado com a China sem sinalizar na mesma direção e intensidade para a Aliança para a Prosperidade Econômica nas Américas, projeto lançado pelo governo de Joe Bidenesporte estrela bet2022, pode ser entendido como favorecer um dos dois lados.

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"No mínimo, teria que se ter clareza do que o Brasil quer e pode ganhar com cada uma dessas iniciativas, o que, a meu ver, não existe", diz a professora.

Os Estados Unidos vivem um dos períodos mais tensosesporte estrela betsuas relações com a China e têm sinalizado preocupação com o aprofundamento das relações entre China e Brasil.

Washington vê como um ativo o fato de Brasília não ter, até agora, se comprometido a integrar o One Belt, One Road.

"Para os Estados Unidos, preocupa ver o Brasil crescentemente endividado com a China, se envolvendoesporte estrela betum número crescente de negócios, especialmenteesporte estrela betáreas sensíveis, como tecnologias, serviços públicos, energia, área mineral, que tragam riscos para a cooperação Estados Unidos-Brasil", afirma Ryan Berg, diretor do programa de Américas do Center for Strategic and International Studies,esporte estrela betWashington.

"Se Lula, como dizem os rumores, ceder ao projeto emesporte estrela betviagem à China, isso também será algo grande para os Estados Unidos e visto com reservas, porque forneceria uma nova via para a influência e empréstimos chineses no país."

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Questão expõe racha no governo

Palácio do Itamaraty,esporte estrela betBrasília; órgão vem expressando preocupação com adesão do Brasil ao projeto chinês e eventuais represálias dos EUA
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Em meio a esse cenário, duas alas do governo Lula vêm divergindo publicamente sobre o Brasil ingressar ou não na iniciativa chinesa.

Em entrevista a correspondentes de agências internacionais no Brasil na semana passada, Mauro Vieira sinalizou que o Brasil não precisaria aderir ao plano chinês neste momento.

"Temos uma parceria estratégica que vai muito além do One Belt, One Road. Não é uma coisa que estejamos apressados nem de um lado e nem de outro. É uma coisa que faz parte de contatos e conversas, mas não é uma decisão premente", disse Vieira ao ser perguntado sobre o assunto pela BBC News Brasil.

Por outro lado, Celso Amorim disseesporte estrela betentrevista ao jornal Valor Econômico que o Brasil não teria motivos para ficar de fora da iniciativa.

"Não tem razão para o Brasil não entrar. Não tenho preconceito e não vejo nenhum dano político", afirmou o assessor especial de Lula.

Outro que também defende a entrada do Brasil ao mecanismo é o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

Questionado pela BBC News Brasil, ele argumentou que a adesão do país ao projeto chinês poderia trazer investimentos considerados importantes para a logística do agronegócio brasileiro e para a integração nacional.

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"Eu defendo (a entrada do Brasil) porque um dos principais gargalos da competitividade do agro brasileiro é a infraestrutura logística. Frete caro é sinônimo de perda de competitividade para produtos de exportação", afirmou o ministro.

Para Pablo Ibanez, a diferença de visões entre o comando do Itamaraty e integrantes do entorno do presidente é resultado da visão de membros do PT como Lula e da ala liderada por Celso Amorim por uma preferênciaesporte estrela betfomentar relações com países fora do eixo Estados Unidos-Europa.

"De um lado você tem o PT, Lula e Celso Amorim que são conhecidos por valorizarem o crescimento das relações do chamado sul global. Já o Itamaraty tem uma ala mais pragmática que acredita que isso (a adesão) pode trazer represálias dos Estados Unidos."

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Fontes de referência

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