fifa 23 mbappe-"Agora me visto como quero": As mulheres que desafiam a polícia da moral no Irã

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Embora os protestos no Irã possam ter diminuído, as mulheres encontraram novas maneiras de desafiar o regime do país
16 set 2023 - 19h25
(atualizado às 22h29)
Muitas mulheres iranianas abandonaram de vez o uso de lenços na cabeça
Muitas mulheres iranianas abandonaram de vez o uso de lenços na cabeça
Foto: BBC News Brasil

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Uma jovem caminha por uma rua de Teerã, com os cabelos soltos, jeans rasgados e um pouco defifa 23 mbappebarriga exposta ao calor intenso do sol iraniano.

Um casal não casado anda de mãos dadas. Uma mulher mantém a cabeça erguida quando a antes temida polícia moral iraniana lhe pede que use o hijab, e ela responde: "Danem-se!".

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Esses atos de ousada rebeldia - relatados por várias pessoasfifa 23 mbappeTeerã no mês passado - seriam quase inimagináveis para os iranianos há um ano. Mas isso foi antes da morte, sob custódia da polícia moral, de Mahsa Amini, de 22 anos, acusada de não usar adequadamente seu hijab.

Desafiando a lei do véu

Os protestosfifa 23 mbappemassa que abalaram o Irã após afifa 23 mbappemorte diminuíram após alguns meses diante de uma repressão brutal, mas a raiva que os alimentou não se apagou. As mulheres apenas tiveram que encontrar novas maneiras de desafiar o regime.

Um diplomata ocidentalfifa 23 mbappeTeerã estima quefifa 23 mbappetodo o país,fifa 23 mbappemédia, cerca de 20% das mulheres estão agora desrespeitando as leis da República Islâmica ao sair às ruas sem véu.

"As coisas mudaram muito desde o ano passado", diz Donya, uma estudante de música de 20 anosfifa 23 mbappeTeerã, com quem estou conversandofifa 23 mbappeuma plataforma de mídia social criptografada. Ela é uma das muitas mulheres que agora se recusam a usar o véufifa 23 mbappepúblico. "Ainda não consigo acreditar nas coisas que agora tenho coragem de fazer. Nós nos tornamos muito mais ousadas e corajosas.

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"Mesmo que eu sinta um medo profundo toda vez que passo pela polícia da moral, eu mantenho a cabeça erguida e finjo que não os vi", diz ela. "Agora, uso o que gosto quando saio." Mas ela rapidamente acrescenta que os riscos são altos, e ela não é imprudente. "Eu não usaria shorts. E sempre carrego um lenço na bolsa, caso a situação fique séria."

Ela me conta que conhece mulheres que foram estupradas sob custódia e menciona relatos de uma mulher condenada a lavar corpos como punição por não usar o hijab. Todas as mulheres com quem conversei mencionaram as câmeras de vigilância que monitoram as ruas para flagrar e multar quem desrespeita o código de vestimenta.

Nas ruas de Teerã há câmeras que monitoram se as mulheres usam véu
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O diplomata ocidental estima que a proporção de mulheres que se recusam a usar publicamente o hijab nas áreas mais luxuosas do norte de Teerã é ainda maior do que 20%. No entanto, ele destaca que a rebelião não se limita à capital.

"É mais uma questão geracional do que geográfica... não se trata apenas de pessoas brilhantes e educadas, basicamente é qualquer jovem com um smartphone... isso nos leva diretamente às aldeias e a todos os lugares", diz ele.

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O diplomata descreve os protestos desencadeados pela morte de Mahsa Amini como um "ponto de virada" enorme e terminal para o regime, que tentou controlar como as mulheres se vestem e se comportam por mais de quatro décadas.

"Isso transformou [o regime]fifa 23 mbappeuma rua de sentido único sem saída", afirma. "A única coisa que não sabemos é o quão longa é essa rua."

O levante, liderado por mulheres, foi o desafio mais sério ao regime teocrático do Irã desde a revolução de 1979. Para reprimi-lo, grupos de direitos humanos afirmam que o regime matou mais de 500 pessoas. Milhares ficaram feridos, alguns cegos após serem baleados no rosto. Pelo menos 20.000 iranianos foram presos, com relatos de tortura e estupro na prisão. E sete manifestantes foram executados - um deles enforcado publicamente por um guindaste. Como pretendido, isso teve um efeito intimidante.

Grafites contra o regime são apagados, mas depois reaparecem, diz 'Donya'
Foto: Cortesia / BBC News Brasil

O aniversário da Mahsa Amini

O aniversário da Mahsa Amini

Numa aparente tentativa de evitar mais tumultos para marcar o aniversário da morte de Mahsa Amini, as autoridades realizaram outra onda de prisões. Entre os detidos estão ativistas dos direitos das mulheres, jornalistas, cantoras e parentes de pessoas mortas durante os protestos. Acadêmicos considerados não apoiadores do regime também foram expulsos de seus cargos.

No entanto, atos extraordinários de desafio silencioso continuam acontecendo todos os dias.

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Donya diz que as pessoasfifa 23 mbappeTeerã continuam a vandalizar outdoors do governo e a escrever "#Mahsa" e "Mulher, Vida, Liberdade" - o grito de guerra dos protestos -fifa 23 mbappeparedes, principalmente no metrô.

"O governo continua apagando, mas as slogans continuam voltando."

Ela, assim como as outras mulheres com quem conversei, enfatizam que essa não é uma luta que estão travando sozinhas - muitos homens estão ansiosos para apoiá-las.

"Alguns deles usam roupas sem mangas e shorts ou maquiagem quando saem às ruas, porque essas coisas são ilegais para os homens usarem. Alguns homens usam o hijab obrigatório nas ruas para mostrar como é bizarro quando você força alguém a usar algo que não gosta."

A policía moral

As patrulhas da polícia da moral, que foram temporariamente suspensas após os protestos após a morte de Mahsa Amini, voltaram a ser visíveis nas últimas semanas - embora Donya diga que parecem estar cautelosasfifa 23 mbappeprovocar confrontos diretos com medo de reacender manifestaçõesfifa 23 mbappemassa.

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No entanto, as autoridades buscaram impor controle de outras formas no último ano. Elas fecharam centenas de empresas por servir mulheres sem véu, emitiram multas e apreenderam carros dirigidos por mulheres que não usavam o lenço na cabeça.

Atualmente, as mulheres sem véu correm o risco de uma multa de 5.000 a 500.000 riais [de R$ 0,60 a R$ 59,15] ou uma pena de prisão de 10 dias a dois meses.

"Bahareh", 32 anos, diz que já recebeu três avisos por mensagem de textofifa 23 mbappeseu telefone das autoridades, após ser flagrada dirigindofifa 23 mbappeTeerã sem o véu. Ela diz que se a pegarem novamente, podem confiscar seu carro.

"Bahareh" diz que se sentiu exaltada na primeira vez que tirou o véufifa 23 mbappepúblico.
Foto: Cortesia / BBC News Brasil

De acordo com a polícia de uma única província - a província de Azerbaijão Oriental - até 11 de agosto, 439 carros haviam sido apreendidos por infrações relacionadas ao hijab.

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Tire o lenço

Bahareh também foi impedida de entrar no metrô da cidade efifa 23 mbappeshoppings. O mais difícil de tudo, foi impedida de participar das celebrações na escola de seu filho para marcar o final de seu primeiro ano lá.

Mas ela também está decidida emfifa 23 mbappemente que não há volta atrás, lembrando a emoção que experimentou quando tirou o lenço da cabeçafifa 23 mbappepúblico pela primeira vezfifa 23 mbappesetembro passado.

"Meu coração estava disparado. Foi tão emocionante. Eu senti como se tivesse quebrado um tabu enorme."

Agora ela está tão acostumada com isso que nem mesmo carrega um lenço consigo.

"Não usá-lo é a única ferramenta que tenho para mostrar minha desobediência civil, não apenas contra o hijab, mas contra todas as leis da ditadura, todo o sofrimento que os iranianos suportaram nos últimos 43 anos. Eu continuarei por todas as mães e pais que têm que vestir pretofifa 23 mbappeluto por seus filhos."

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É impossível medir exatamente quantas pessoas gostariam de ver o fim da República Islâmica, mas a raiva contra o regime é generalizada, segundo a cineasta Mojgan Ilanlou, que foi presafifa 23 mbappeoutubro passado por quatro meses após tirar o véu e criticar o líder supremo do Irã. Ela foi brevemente detida novamente no mês passadofifa 23 mbappeuma tentativa, segundo ela, de intimidá-la.

Mojgan Ilanlou visitando os túmulos dos mortos nos protestos
Foto: Mojgan Ilalnou / BBC News Brasil

"As mulheres no Irã atravessaram o limiar do medo", ela me diz defifa 23 mbappecasafifa 23 mbappeTeerã, embora admita que a última onda de repressão foi tão "aterradora" que no mês passado decidiu desativarfifa 23 mbappeconta no Instagram por 10 dias, onde regularmente compartilha fotos dela sem véufifa 23 mbappepúblico.

"Isto é uma maratona, não um sprint", ela afirma. E compara este momento com aquelefifa 23 mbappeque Rosa Parks se recusou a ceder seu lugar a um homem brancofifa 23 mbappeum ônibus, dando início ao movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos.

"Recusar-se a ceder o lugar não se tratava apenas de uma pessoa sentadafifa 23 mbappeuma cadeira", diz ela.

Mudança de atitude

Ilanlou afirma que está funcionando. A atitude dos homensfifa 23 mbapperelação às mulheres está mudando, até mesmo nas áreas mais conservadoras do país, segundo ela. Uma revolução social está acontecendo.

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"A sociedade não voltará aos tempos antes de Mahsa", diz ela.

"Nas ruas, no metrô e nos bazares, os homens agora admiram as mulheres e elogiamfifa 23 mbappecoragem... Surpreendentemente, mesmofifa 23 mbappealgumas cidades muito religiosas como Qom, Mashhad e Isfahan, as mulheres não usam mais véu."

Ela, assim como o diplomata residentefifa 23 mbappeTeerã, insiste que se trata de uma rebelião que transcende as classes sociais.

Ela descreve vendedoras ambulantes que retiram o véu no metrô. E ela me conta que no ano passado compartilhou uma cela superlotada e infestada de piolhos na prisão de Qarchak com uma jovem empobrecida - que se tornou mãe aos 11 anos - que também se recusou a usar o lenço na cabeça.

E não se trata apenas do hijab. Ilanlou afirma que as mulheres agora estão fazendo outras demandas, como igualdade de direitosfifa 23 mbappecontratos matrimoniais.

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Para Elahe Tavokolian - ex-diretora de uma fábrica - e outras mulheres, o sacrifício tem sido grande. Tavokolian sente muita falta de seus filhos gêmeos de 10 anos.

Desde os subúrbios de Milão, onde ela vive agorafifa 23 mbappequartos emprestados, ela os chama sempre que pode.

Enquanto fala sobre eles, lágrimas escorrem de seu olho esquerdo.

Elahe, que nunca havia participado de protestos antes de setembro do ano passado, foi baleada pelas forças de segurança iranianasfifa 23 mbappeEsfarayen, no norte do país.

Depois de uma operação na Itália, Elahe agora tem um olho de vidro
Foto: BBC News Brasil

"Eu estava com as crianças e tínhamos acabado de comprar material escolar para o início das aulas. Eles ficaram cobertos com o meu sangue."

Fugindo para a Turquia, Tavokolian conseguiu um visto médico para viajar para a Itália, onde os cirurgiões removeram seu olho direito e a bala que o havia atingido.

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Ela ainda precisa de outra cirurgia para poder fechar a pálpebra sobre seu novo olho de vidro.

Ela não sabe quando será seguro retornar a Esfarayen e ver seus filhos novamente.

"Sempre que conversamos, falamos da nossa esperança de nos reunirmos no Irã,fifa 23 mbappedias melhores."

Por enquanto, esses dias melhores parecem estar muito distantes. Grupos de direitos humanos afirmam que nenhum oficial iraniano foi responsabilizado pela morte de Mahsa Amini e pela repressão que se seguiu.

O governo "se fortalece"

E o regime não recua, muito pelo contrário.

Um projeto de lei atualmentefifa 23 mbappetramitação no Parlamento - o chamado Programa sobre o Hijab e a Castidade - propõe novas penalidades para as mulheres que não usam véu, incluindo multas de 500 a 1.000 bilhões de riais (590 a 118.335 reais) e penas de prisão de até 10 anos para "aqueles que violarem... de forma organizada ou encorajarem outros a fazê-lo".

Especialistasfifa 23 mbappedireitos humanos designados pela ONU classificaram isso como uma "forma de apartheid de gênero".

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Segundo Jasmin Ramsey, subdiretora da ONG Centro para os Direitos Humanos do Irãfifa 23 mbappeNova York, o governo "se fechoufifa 23 mbappeseu próprio mundo".

Mas a população iraniana se recusa a desistir. "O Irã ainda é um fósforo, pronto para acender a qualquer momento."

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Fontes de referência

  1. grupo betnacional whatsapp
  2. bet sports net
  3. entender apostas esportivas

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