1xbet 45-Conservadorismo religioso impede avanço dos direitos reprodutivos no Brasil, avaliam advogadas

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Influência do discurso religioso na arena pública brasileira tem barrado a ampliação do debate e o alargamento de direitos; entenda
24 mar 2024 - 05h00
Os direitos reprodutivos garantem às mulheres a autonomia sobre seus corpos
Os direitos reprodutivos garantem às mulheres a autonomia sobre seus corpos
Foto: iStock/Halfpoint

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Em 2024, houve um marco histórico no que diz respeito aos direitos reprodutivos na França. O país se tornou o primeiro1xbet 45todo mundo a incluir o direito ao aborto em1xbet 45Constituição Federal. Já no Brasil, essa agenda ainda passa por desafios e disputas de narrativas jurídicas, muito por conta da influência religiosa nas esferas de poder. 

A reportagem do Terra NÓS conversou com advogadas especializadas1xbet 45questões de gênero e direitos das mulheres, com o objetivo de entender os direitos reprodutivos hoje no Brasil e os motivos pelos quais há obstáculos para1xbet 45ampliação. 

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Segundo Márcia Ribeiro, advogada especialista1xbet 45direito e processo penal, os direitos reprodutivos “se ancoram no reconhecimento do direito básico de pessoa poder decidir, livre e responsavelmente, a respeito da própria identidade, atividade sexual, prazer e da experimentação do próprio corpo para fins reprodutivos”.

Márcia Ribeiro, mestre1xbet 45Direito e Justiça pela UFMG
Foto: Divulgação/Mapa do Acolhimento

Esses diretos também dão a liberdade de decidir sobre filiação e constituição familiar, de forma livre de discriminação, coerção, violência ou restrição de qualquer natureza. 

“Garantem o respeito à autonomia sobre o próprio corpo e a liberdade de viver a própria sexualidade sem discriminação, com acesso à saúde e respaldo do direito de decidir sobre gravidez e contracepção”, acresenta a advogada, que é  pesquisadora e também atua no Mapa do Acolhimento – organização que conecta mulheres que sofreram violência a psicólogas e advogadas voluntárias.

O que impede o Brasil de ampliar o debate sobre os direitos reprodutivos?

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No entanto, no cenário brasileiro atual, a concretização dos direitos reprodutivos das mulheres têm enfrentado discursos conservadores, o que limita um debate democrático sobre o tema. 

De acordo com Ana Paula Braga, advogada que fundou um dos primeiros escritórios de advocacia do Brasil especializados1xbet 45direitos das mulheres, a sexualidade feminina foi historicamente controlada pelo patriarcado e pelo capitalismo, “que colocam a mulher na posição de meras reprodutoras da espécie, desprovidas de autonomia”.

Ana Paula Braga fala sobre a atuação das religiões no controle do corpo da mulher
Foto: Reprodução/Instagram/anapaulabraga.adv

Na avaliação dela, esse controle sobre o corpo da mulher – se pode ou não ter filho, se pode ou não abortar – é exercido também com o auxílio de religiões, que tratam sexualidade feminina como pecado. 

“E quando se misturam opiniões pessoais e religiosas com políticas de Estado, há grande dificuldade1xbet 45fazer avançar pautas que devolvam a cada mulher o direito de escolher individualmente sobre seu próprio corpo”, diz Ana Paula. 

Márcia também cita a influência do conservadorismo religioso na arena pública brasileira e os efeitos dessa intervenção nos direitos de mulheres, sobretudo no campo da reprodução e do livre exercício da sexualidade. Além disso, a presença da religião nas esferas da política representativa dificulta o reconhecimento da diversidade cultural e social. 

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“A grande resistência que se apresenta nesse contexto, reside exatamente no desejo de influência política de alguns grupos religiosos nas instâncias deliberativas de poder. A penetração de agentes religiosos1xbet 45todos os níveis do Estado cria forças morais persuasivas”, analisa. 

Quem são as mulheres que deram origens a leis de proteção Quem são as mulheres que deram origens a leis de proteção

De acordo com a analista jurídica, para que haja algum tipo de avanço nesse sentido, é preciso redefinição e reformulação da agenda de direitos humanos, sendo primordial agregar os direitos sexuais e reprodutivos nesses debates, indo ao encontro dos parâmetros internacionais e constitucionais. 

“Além disso, há que se comprometer com uma postura democrática e laica, de forma que os paradigmas fundamentalistas religiosos não sirvam como instrumentos de influência política no Estado. Esse é um dos grandes desafios que se impõem”, reitera Márcia. 

Principais atos normativos que marcam a inclusão dos direitos reprodutivos no mundo:

E no Brasil: 

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Ana El Kadri, advogada especializada1xbet 45atendimento às mulheres1xbet 45situação de violência, trouxe um exemplo importante da possibilidade de avanços nos direitos reprodutivos e sexuais por meio da esfera jurídica. 

“Existem casos1xbet 45que o Poder Judiciário foi palco para o avanço de direitos, considerando por exemplo a previsão de abortamento legal1xbet 45casos de fetos anencéfalos, por meio da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 54”, exemplifica a diretora de programas no Mapa do Acolhimento.   

Ana El Kadri, advogada especializada no atendimento de mulheres1xbet 45situação de violência
Foto: Divulgação/Mapa do Acolhimento

O que a garantia dos direitos reprodutivos representa para as mulheres?

Para as advogadas, a garantia dos direitos reprodutivos representa para as mulheres a possibilidade de viver uma vida livre de violências e autonomia sobre os seus corpos. 

“As gravidezes1xbet 45decorrência de estupros maritais [que ocorrem dentro de um relacionamento], que aumentam a dependência financeira e a contração de IST's e resulta1xbet 45diversos riscos à saúde são alguns dos casos que já ocorreram e poderiam ter sido mitigados pela garantia de direitos reprodutivos”, enfatiza Ana El Kadri. 

Os direitos reprodutivos se desdobram desde a possibilidade de realizar um aborto legal, mas também ao acesso a um absorvente íntimo, complementa ela. “Existe um espectro grande que limita a vida das mulheres1xbet 45diversos âmbitos para além da saúde como o acesso à educação e a renda.”

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Outro exemplo, segundo Ana Paula, é que a normativa “garante às mulheres o direito de ter educação sexual para conhecer e ter acesso a métodos contraceptivos, e de não ser presa quando eles falharem”. “De ser livre de toda forma de violência sexual, obstétrica e institucional”, complementa. 

“A garantia de direitos reprodutivos também é uma forma de impor igualdade às mulheres1xbet 45relação aos homens, porque garante a elas o direito de escolher se quer ser mãe, quando quer, quantos filhos quer ter, de que forma deseja concebê-los, pari-los e criá-los.”

Qual a diferença entre machismo e misoginia? Qual a diferença entre machismo e misoginia?

Importante ressaltar que os direitos reprodutivos e sexuais que temos até então são resultado da luta histórica do movimento de mulheres no Brasil. 

“E quando estamos falando sobre o aborto, não há qualquer avanço que não seja conquistado sem que a sociedade civil organizada e os movimentos sociais de base estejam presentes para tensionar as intituições e demandarem progresso”, finaliza Ana El Kadri. 

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Fonte: Redação Nós

Fontes de referência

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