dono da vai de bet-Como seu glitter no Carnaval chega aos peixes no Oceano

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Feitas de plástico, partículas de glitter vão parar no oceano, potencialmente afetando a cadeia alimentar aquática
28 jan 2018 - 11h08
(atualizado às 11h42)

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O que o glitter que você passa no rosto no Carnaval tem a ver com o oceano? Para alguns pesquisadores, tudo.

As pequenas partículas brilhantes que adornam o corpo dos foliões são feitas de plástico, material que não é biodegradável. Quando se lava o corpo ou rosto coberto de glitter, as peças escorrem pelo ralo. Pequenas demais para serem filtradas no sistema de tratamento de esgoto, acabam parandodono da vai de betrios e mares.

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O material base do glitter é plástico, que é tingido e cortadodono da vai de betpequenas partículas
O material base do glitter é plástico, que é tingido e cortadodono da vai de betpequenas partículas
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O plástico é o maior poluente do oceano. E o glitter é um "microplástico", como são chamadas as partículas desse material com menos de 5 milímetros. Nem todas têm o tamanho que o glitter tem originalmente: parte delas são grandes produtos de plástico que chegaram a esse tamanho depois dedono da vai de betdeterioração por forças mecânicas no oceano ou radiação solar.

O perigo das partículas de microplástico no oceano é que podem ser ingeridas pela fauna marinha.

Como seu glitter no Carnaval chega ao peixes no Oceano
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"Pesquisas recentes dão conta de que microplásticos perturbam o início da cadeia de alimentação aquática, como os plânctons. Também afetam ostras e mexilhões", diz Trisia Farrelly, da Universidade de Massey, na Nova Zelândia, especialistadono da vai de betecologia urbana.

"Os microplásticos ingeridos por esses organismos podem afetar seu crescimento e atrapalhardono da vai de betalimentação como um todo - e consequentemente impactar toda a cadeia de alimentação." Plânctons, por exemplo, são um alimento dos peixes, que, pordono da vai de betvez, alimentam os humanos.

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Trilhões de partículas

Não há estudos sobre o glitter nesse contexto, especificamente, porque não é fácil identificar a origem de um microplástico. Mas o material é contabilizado entre os microplásticos que poluem o oceano - são entre 15 e 51 trilhões de partículas, segundo um estudo de 2015 conduzido por pesquisadores do Imperial College London, de Londres,dono da vai de betparceria com especialistas da Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Holanda, e outros países.

Para Joel Baker, diretor do Centro de Águas Urbanas da Universidade de Washington, não se pode medir o impacto dos microplásticos no oceano. "Não sabemos se há um problema, mas não é um absurdo ser cuidadoso e não querer colocar coisas no meio ambiente que o degradem."

Parte dos microplásticos são os microbreads, ou grânulos, como os presentesdono da vai de betpastas de dentes e esfoliantes.

"É plástico feito para ter uma vida muito curta. Você limpa seu rosto ou seus dentes, enxágua e eles vão direto para o ralo", diz Farrelly. O uso de grânulosdono da vai de betprodutos como esses foi proibido no Canadá, nos Estados Unidos e no Reino Unido. A Nova Zelândia deve implementar a proibição no primeiro semestre de 2018.

Embora não tenha sido proibido, o glitter também entrou no escrutínio público. Empresas no Brasil e no mundo começam a fabricar glitter biodegradável.

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"Eu gosto de coisas brilhantes. Mas com 7 bilhões de pessoas no planeta, não podemos usar as coisas só da maneira como gostaríamos. Precisamos pensar no impacto que causamos", diz Sherri Mason, professora de química da Universidade do Estado de Nova Yorkdono da vai de betFredonia e especialistadono da vai de betpoluição de plásticodono da vai de betecossistemas aquáticos.

Ela observa que, embora seja uma iniciativa positiva, "glitter biodegradável não dará conta da demanda que temos". "Então eu insisto que temos que reduzir o uso de glitter."

Para ela, governos podem tarifar mais os produtos de plástico para embutirdono da vai de betseu preço o impacto no meio ambiente.

Farrelly, da Nova Zelândia, diz que "o glitter,dono da vai de betsi, não é o problema". "O glitter é uma parte do problema. E se está chamando atenção para o problema maior, então ótimo."

Por causa da poluição que causam, países estão proibindo grânulos como os encontradosdono da vai de betesfoliantes
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Como o glitter é produzido?

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O glitter de plástico como o conhecemos é produzido a partir de placas de PET ou PVC que são metalizadas com alumínio e, depois, tingidas com cores diferentes.

Depois desse processo, explica o americano Joe Coburn, um dos proprietários da fábrica de glitter RJA-Plastics GmbH, as placas de plásticos são revestidas novamente com uma camada transparente para tentar "segurar"dono da vai de betcor e dar consistência ao alumínio.

Essas placas são então cortadasdono da vai de betpequenas partículas e passam por uma máquina que tem um cilindro com 60 dentes rotativos de corte e uma faca - uma espécie de combinação entre um triturador de galhos e um triturador de papel.

Hexágono e outras curiosidades

"Matematicamente, o formato das partículas que causa menos desperdício é o hexágono", diz Coburn. Por causa disso, este é justamente o formatodono da vai de betque a maior parte das partículas de glitter, segundo ele, são trituradas.

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"E isso também faz com que as diferentes partículas de glitter nunca caiam no mesmo ângulo. Quando não estão uniformes, brilham mais, porque há mais chances de receberem luzdono da vai de betdiferentes partes."

Ele também explica que há diferenças entre a durabilidade das cores: um vermelho intenso não se mantém dessa cor ao longo do tempo tão facilmente quanto o glitter verde claro. E o tamanho também varia: o menor tipo de glitter já produzido pela empresa tem 0.02 mm.

A fabricante empacota o glitterdono da vai de betgrandes sacos e exporta o produtodono da vai de betcaixas de 25kg, tomando o cuidado de não misturar as cores.

Glitter usado no Carnaval pode afetar organismos no oceano
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

"Uma fábrica de glitter não é um país encantado. É para ser um ambiente bem estéril", diz - o que não significa que não aconteçam vazamentos.

Por causa da forma como precisam operar a máquina, com testes antes que seja ligada, funcionários ficam com o corpo repleto das partículas.

"É uma infestação. Fica nos seus ouvidos, nariz, embaixo das unhas, no volante do carro. O volante do nosso carro tem uma camada permanente de glitter", conta Coburn. "A única solução possível para tirar todo esse glitter é ar comprimido."

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Coburn conta que, uma vez, por causa da umidade, uma caixa de 25kg cedeu, espalhando glitter por todas as partes.

Coburn e seu irmão herdaram a fábrica de seu pai, mortodono da vai de bet2011. Seu avô tinha uma fábrica de adesivos nos Estados Unidos - "a família sempre trabalhou com coisas brilhantes" - e duas máquinas de glitter foram encontradas por ele e seu filho.

"Meu avô pediu que meu pai as vendesse, mas meu pai descobriu como funcionava e começou a produzir e vender", diz Coburn. Na época, "era uma tecnologia secreta".

Em 2018, segundo ele, a empresa começará a produzir glitter biodegradável.

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Fontes de referência

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