oddset freebet-De 'cristofobia' a Amazônia: os sete pontos polêmicos do discurso de Bolsonaro na ONU

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Presidente brasileiro foi o primeiro a falar na Assembleia Geral da ONU, realizada virtualmente neste ano por causa da pandemia.
22 set 2020 - 13h32
(atualizado às 19h00)
Presidente Jair Bolsonaro discursou na Assembleia Nacional da Organização das Nações Unidas, na manhã desta terça-feira (22/9)
Presidente Jair Bolsonaro discursou na Assembleia Nacional da Organização das Nações Unidas, na manhã desta terça-feira (22/9)
Foto: Marcos Corrêa/PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA / BBC News Brasil

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Embora tenha adotado tom menos agressivo do queoddset freebet2019, Bolsonaro não fugiu às polêmicasoddset freebetseu discurso de abertura da Assembleia Nacional da Organização das Nações Unidas, na manhã desta terça-feira (22/9).

Como a BBC News Brasil adiantou, Bolsonaro se concentrouoddset freebetdefenderoddset freebetgestão da pandemia de coronavírus e as açõesoddset freebetprol do meio ambiente. E acusou a imprensa, os governadores, o protecionismo de outras nações e os "interesses escusos" de organismos internacionais pelas críticas queoddset freebetgestão tem recebido tanto pelo alto número de vítimas - são 137 mil mortos por covid-19 no país - quanto pelas queimadas nas regiões amazônicas e pantaneiras.

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Bolsonaro reafirmou ainda o compromisso do Brasil com a ordem democrática, com a liberdade dos povos e com a busca de paz e cooperação internacional. E lembrou que o Brasil está empenhadooddset freebetaprofundaroddset freebetmissão como produtor de alimentos, que hoje já o credenciam a alimentar um sexto da população mundial.

Há décadas o Brasil é responsável pelo discurso inaugural da Assembleia Geral da ONU. Esse ano, no entanto, por causa da epidemia de coronavírus, o plenário da ONU ficou vazio e todos os líderes enviaram seus discursos por transmissão online. O discurso gravado de Bolsonaro foi apresentado no plenário pelo embaixador brasileiro na ONU Ronaldo Costa e a transmissão engasgou logo no começo, o que forçou a organização do evento a reiniciar a fala do presidente brasileiro.

Veja como foi o discurso de Bolsonaro na ONU
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Veja ponto a ponto quais foram as polêmicas do discurso:

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A culpa é da imprensa, da Justiça e dos governadores
Em discurso, Bolsonaro disse que o "o lema 'fiqueoddset freebetcasa' e 'a economia a gente vê depois', quase trouxeram o caos social"
Foto: Reprodução / BBC News Brasil

Ao falar da pandemia de coronavírus, Bolsonaro afirmou que "queria lamentar cada morte",oddset freebetuma expressão de solidariedade pela qual foi reiteradamente cobrado no Brasil.

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Na sequência, no entanto, eximiu o governo federal de maiores responsabilidade pela extensão da pandemia no país. "Desde o princípio, alertei,oddset freebetmeu país, que tínhamos dois problemas para resolver: o vírus e o desemprego, e que ambos deveriam ser tratados simultaneamente e com a mesma responsabilidade", afirmou.

Por um lado, afirmou que "parcela da imprensa brasileira politizou o vírus, disseminando o pânico entre a população". E que "sob o lema 'fiqueoddset freebetcasa' e 'a economia a gente vê depois', quase trouxeram o caos social ao país".

Bolsonaro também afirmou que teveoddset freebetatuação limitada "por decisão judicial",oddset freebetmenção à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou que governadores detinham a palavra final sobre as quarentenasoddset freebetseus Estados. Desde o início da epidemia, o presidente diminuiu a gravidade da doença, que chegou a chamar de "gripezinha" e contrariou as recomendações dos especialistas de evitar aglomerações e usar máscaras. Também entrouoddset freebetchoque com os governos estaduais que tentavam conter o espalhamento da doençaoddset freebetseus estados.

A paternidade do coronavoucher

Ao mesmo tempo, ao classificar como "arrojadas" as ações de seu governo, Bolsonaro tomou para si a paternidade do auxílio-emergencial de R$600, o chamado coronavoucher, que o próprio Executivo tentou derrubar no início.

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Durante o processo de votação das medidas no Legislativo, o ministro da Economia Paulo Guedes chegou a dizer que seu limite seria de R$ 200. Mas o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, puxou o valor para R$ 500 e ao final o governo concordouoddset freebetfechar o valoroddset freebetR$ 600.

Queimadas na Amazônia e no Pantanal estão impactando imagem do Brasil - e do governo Bolsonaro - no exterior
Foto: Reuters / BBC News Brasil

"Nosso governo, de forma arrojada, implementou várias medidas econômicas que evitaram o mal maior. Concedeu auxílio emergencialoddset freebetparcelas que somam aproximadamente 1000 dólares para 65 milhões de pessoas, o maior programa de assistência aos mais pobres no Brasil e talvez um dos maiores do mundo", afirmou Bolsonaro.

Em parte graças à transferência de recursos diretamente à população, Bolsonaro viuoddset freebetpopularidade crescer especialmente entre as classes mais baixas e expressou o desejo de transformar o auxílio-emergencialoddset freebetum programa permanente, batizado de Renda Brasil.

Mas a dificuldade da equipe econômica de encontrar formas de financiamento para o programa que, nas palavras do presidente, "não tirassem dos mais pobres para dar aos paupérrimos" fez com que Bolsonaro suspendesse a criação do megaprograma social até 2022.

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Brasil vítima de "brutal" campanha de desinformação

Bolsonaro disse que repercussão de incêndios na imprensa internacional é parte de "uma das mais brutais campanhas de desinformação"
Foto: Reprodução / BBC News Brasil

Embora quase 20% do Pantanal já tenha sido atingido por incêndios neste ano e que na Amazônia tenha havido um aumento de 28% das queimadasoddset freebetjulho, Bolsonaro afirmou que a repercussão desses fatos da imprensa internacional é parte de "uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal".

Sem citar nomes, o presidente afirmou que a riqueza da Amazônia "explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escoradaoddset freebetinteresses escusos que se unem a associações brasileiras, aproveitadoras e impatrióticas, com o objetivo de prejudicar o governo e o próprio Brasil".

O presidente afirmou que por ser área úmida, a Floresta Amazônica não permite a propagação de fogo. Especialistas nacionais e internacionais têm afirmado, no entanto, que as queimadas frequentes contribuem para o fenômeno da degradação, que avançaoddset freebettoda a região e deixa a floresta mais seca e vulnerável aos incêndios.

Estudos também contestam a afirmação de Bolsonaro de que as queimadas são feitas principalmente "onde o caboclo e o índio queimam seus roçadosoddset freebetáreas já desmatadas". Durante a temporada de fogooddset freebet2019, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) afirmou que a alta nos incêndios está diretamente relacionada ao desmatamento.

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Os dados também mostraram que a proporção de áreas grandes (com mais de 500 hectares) desmatadas entre 2018 e 2019 foi a maioroddset freebetdez anos. Isso, segundo os especialistas, indica que grandes produtores também podem estar diretamente envolvidos na grilagem de terras.

Quer saber mais? Leia nosso especial sobre o desmatamento na Amazônia:

Bolsonaro e tolerância zero com crime ambiental

Bolsonaro disse ainda que "mantenho minha política de tolerância zero com o crime ambiental" e que estes são combatidos com rigor. Mas a BBC News Brasil mostrou que a aplicação de infrações ambientais pelos órgãos de fiscalização no Pantanal, no auge da crise das queimadas, despencouoddset freebet48%. E um outro levantamento da BBC News Brasil mostrou ainda que o Ibama aplicou um terço a menos de multas a infratores ambientaisoddset freebet2019 do queoddset freebetem 2018, segundo dados do próprio órgão. A queda foi ainda mais acentuadaoddset freebetcrimes contra a flora (queimadas, desmatamento ilegal etc.), e na Amazônia.

Emoddset freebetgestão, o presidente criou ainda um órgão de apelação contra multas que, de acordo com especialistas, facilitam a impunidade para quem tenha sido autuado.

Durante a campanha eleitoraloddset freebet2018, Bolsonaro, que já foi multado por pesca irregularoddset freebetarea de preservação ambiental (autuação que prescreveu), criticou a fiscalização ambiental sobre agricultores e pecuaristas, uma de suas bases eleitorais.

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Hidroxicloroquina e tratamento precoce

O presidente ainda afirmou que seu governo investiu e estimulou o "tratamento precoce" de pacientes com coronavírus. Embora não tenha mencionado a hidroxicloroquina nesse ponto do discurso, o presidente tem advogado pela prescrição da droga a pacientes com covid-19 no início dos sintomas, mas a recomendação não possui nenhum embasamento científico.

O próprio Bolsonaro se mediu com a hidroxicloroquina quando recebeu o diagnóstico de covid-19, embora o medicamento para malária tenha demonstrado trazer mais riscos do que benefícios a contaminados pelo novo coronavírus até o momento.

Arredores da ONU, que costumam ficar lotados durante os dias da Assembleia Geral, estão quase vazios - a maioria dos eventos ocorre virtualmente por causa da pandemia
Foto: EPA / BBC News Brasil

Mais adianteoddset freebetseu discurso, ele mencionou o aumento no preço da hidroxicloroquina como um risco para a sobrevivência humana. "A pandemia deixa a grande lição de que não podemos depender apenas de umas poucas nações para produção de insumos e meios essenciais para nossa sobrevivência. Somente o insumo da produção de hidroxicloroquina sofreu um reajuste de 500% no início da pandemia", afirmou.

Indígenas bem assistidos

Bolsonaro também afirmou que seu governo "assistiu a mais de 200 mil famílias indígenas com produtos alimentícios e prevenção à covid". Bolsonaro não mencionou no entanto que a tensão entre os povos indígenas e seu governo apenas aumentou durante a pandemia e que as ações do Executivo geraram ação no STF, que recomendou que o governo faça barreiras sanitárias para proteger as populações nativas e garantir os direitos delas.

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A Organização Panamericana de Saúde (OPAS), braço da OMS nas Américas, afirmou que as populações nativas têm sido cinco vezes mais atingidas do que a média da população brasileira. Eoddset freebetrelatório lançadooddset freebetagosto, o relator especial da ONU sobre direitos humanos e substâncias e resíduos tóxicos, Baskut Tuncak, afirmou que "no Brasil, as comunidades Yanomami encaram uma crise existencial e sanitária pelo contato com mineradores ilegais".

Combate à 'cristofobia'

Em um aceno aoddset freebetbase eleitoral evangélica, Bolsonaro afirmou ao final de seu discurso: "Faço um apelo a toda a comunidade internacional pela liberdade religiosa e pelo combate à cristofobia". O presidente não afirmou o que exatamente seria a cristofobia a que se referiu. Os evangélicos são hoje uma das principais forças políticas do país eoddset freebetbancada representa mais de 21% da Câmara dos Deputados.

Por outro lado, o Brasil tem visto a ocorrência de intolerância religiosa que, com frequência, atingem praticantes de religiões afro-brasileiras, com agressões e destruições de templos de umbanda e candomblé.

Bolsonaro afirmou ainda que "o Brasil é um país cristão e conservador e tem na famíliaoddset freebetbase". A Constituição de 1988, no entanto, assegura que o Brasil é um país laico e secular, e que seus atos como Estado devem ser desvinculados de princípios religiosos.

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*Com Camilla Costa, da BBC News Brasil em Londres

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Fontes de referência

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