wild wild riches blaze-Exclusivo: Fotos expõem superlotação e 'cela de castigo'wild wild riches blazePedrinhas, no Maranhão

7 out 2016 - 06h29
(atualizado às 07h40)
Fotos exclusivas mostram que alguns presos vivemwild wild riches blazecondições duras no presídio de Pedrinhas
Fotos exclusivas mostram que alguns presos vivemwild wild riches blazecondições duras no presídio de Pedrinhas
Foto: BBCBrasil.com

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Vinte e quatro detentos se amontoam numa cela projetada para abrigar apenas quatro, onde dormem sobre o concreto, sem colchões nem travesseiros. Em outra cela, 22 homens passam dia e noite trancados num espaço escuro, úmido e sem ventilação - alguns usam as próprias camisas para enxugar vazamentos que inundam o piso.

Retratadaswild wild riches blazefotos obtidas com exclusividade pela BBC Brasil, as cenas expõem a precariedadewild wild riches blazepartes da penitenciária de Pedrinhas,wild wild riches blazeSão Luís,wild wild riches blazemeio a uma nova onda de violência no Maranhão, dois anos e meio após a unidade se tornar notícia mundo afora por um vídeo que mostrava presos decapitados.

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Desde o dia 30 de setembro, três detentos foram encontrados mortos dentro de Pedrinhas, o que eleva para ao menos 79 o total de óbitos registrados na unidade desde 2013, segundo ONGs que monitoram a prisão.

As seis fotos recebidas pela BBC Brasil, cujos autores pediram anonimato, foram tiradaswild wild riches blazetrês edifícios do complexo penitenciário, o maior do Maranhão.

Hoje chefiado por Flávio Dino, do PCdoB, o governo maranhense não contestou a veracidade das imagens, mas disse que "problemas estruturais históricos" das prisões locais vêm sendo sanados e que na atual gestão o número de morteswild wild riches blazePedrinhas despencou.

A BBC Brasil mostrou as fotos a duas organizações que acompanham a situação no presídio - a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos e a Conectas -, que visitaram os mesmos locais no fim de setembro e disseram ter presenciado condições semelhantes.

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Presidiários encolhem as pernas e precisam se revezar para dividir espaçowild wild riches blazecelawild wild riches blazePedrinhas
Foto: BBCBrasil.com

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Denúncia

Uma das cenas mais insalubres retratadas é a de uma cela de "castigo" do presídio. Segundo advogados das duas ONGs, nessas celas - destinadas a presos que cometem infrações dentro da prisão - muitos detentos dizem passar dias sem conseguir dormir por causa do calor e da umidade.

Os rostos dos presos foram borrados nas fotos para proteger suas identidades.

"Submeter detentos a essas condições equivale a submetê-los à tortura", diz o advogado Rafael Custódio, da Conectas.

Ele diz que a ONG estuda apresentar uma denúncia formal contra o Brasil na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, na Costa Rica, por causa "das permanentes violações de direitos humanos" no presídio e da lentidão das autoridadeswild wild riches blazetomar providências, mesmo após cobranças do próprio tribunal e de outros organismos internacionais.

Outra foto, tirada numa cela de triagem da prisão, mostra como 24 detentos dividem o espaço à noite. Alguns precisam abrir as pernas ou dobrá-las para que outros possam se esticar. No fundo da cela, um detento se deita junto ao buraco que serve de latrina.

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Uma norma da penitenciária diz que as celas de triagem deveriam abrigar detentos recém-chegados a Pedrinhas por no máximo dez dias, até que sejam transferidos para celas comuns.

Mas Rafael Custódio, da Conectas, afirma que a regra não é cumprida e que alguns presos lhe disseram ter passado mais de um mês na triagem.

Em uma das celas, presos usam suas próprias camisetas para secar chão molhado
Foto: BBCBrasil.com

Desde o dia 30 de setembro, dois presos - Fábio Roberto Costa Pereira, de 29 anos, e Jarlyson Belfort Cutrim, de 21 - foram encontrados mortoswild wild riches blazecelas de triagem do presídio, e um terceiro detento, Jhonatan da Silva Luz, de 20 anos, morreuwild wild riches blazeoutro local.

O governo maranhense diz que os casos estão sendo investigados.

Sem uniformes

Outras duas fotos mostram detentos de cuecaswild wild riches blazecelas comuns. Segundo Diogo Cabral, advogado da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, muitos presoswild wild riches blazePedrinhas ficaram sem uniformes depois de os terem rasgadowild wild riches blazeum protesto contra as condições no presídio, no fim de setembro.

Cabral diz que muitos presos relataram ter sido atacados com spray de gás pimenta e balas de borracha durante os protestos.

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Ele afirma que a precariedade na penitenciária agrava as tensões que resultaram nas últimas mortes de detentos e numa série de ataques a ônibus e escolas ocorridos no últimos dias no Maranhão.

Em resposta aos atentados, que segundo autoridades foram coordenados de dentro da prisão, o governo maranhense transferiu 23 presos de Pedrinhas para uma penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Em nota à BBC Brasil, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) defendeu a atuação do governo Flávio Dino no setor. O governador tomou possewild wild riches blaze2015, interrompendo um domínio de meio século da família Sarney no Maranhão.

A secretaria diz que problemas das prisões maranhenses têm sido solucionados com um "forte e contínuo investimento do Executivo", e que obras realizadas desde o início da gestão criaram 946 vagaswild wild riches blazepresídios.

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Governo diz que está ampliando número de vagaswild wild riches blazepresídios e afirma que houve queda nas mortes
Foto: BBCBrasil.com

O órgão diz ainda que, apesar da crise que se instalouwild wild riches blazePedrinhas a partir de 2013, conseguiu alcançar "uma marca histórica de um ano e cinco meses sem registros de mortes" na unidade.

Para a Conectas e a Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos, o número de mortes só baixou porque o governo passou a separar os presos conforme suas organizações criminosas. "O governo sucumbiu à lógica das facções", diz Diogo Cabral, da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos.

Já o governo maranhense afirma que a organização de presos por grupos criminosos "é uma recomendação da própria Lei de Execuções Penais, quewild wild riches blazeseu artigo 84 estabelece que 'o preso que tiverwild wild riches blazeintegridade física, moral ou psicológica ameaçada pela convivência com os demais presos ficará segregadowild wild riches blazelocal próprio'".

Em 2013, quando pelo menos 60 presos morreramwild wild riches blazePedrinhas, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos passou a acompanhar o caso e a cobrar respostas do Estado brasileiro sobre as denúncias a respeito do presídio.

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Processo internacional

No fim de 2014, o caso subiu para a Corte Interamericana de Direitos Humanos, que determinou que o Brasil adotasse medidas "para proteger eficazmente a vida e a integridade pessoal de todas as pessoas"wild wild riches blazePedrinhas.

Governo maranhense diz que, apesar das condiçõeswild wild riches blazePedrinhas, houve "investimento forte"
Foto: BBCBrasil.com

Embora a prisão seja responsabilidade do governo maranhense, cabe ao governo brasileiro se pronunciar sobre os casos que envolvem o Brasil na corte. As exposições são feitaswild wild riches blazecoordenação com governos estaduais e municipais, quando necessário.

No processo sobre Pedrinhas que tramita na corte hoje, não há propriamente um réu. Por isso o tribunal não pode condenar o Brasil, como aconteceu com o país por não ter levado à Justiça responsáveis por atrocidades da ditadura militar.

Para que o Brasil possa ser julgado por Pedrinhas, é preciso que a corte interamericana aceite uma denúncia formal contra o Estado brasileiro porwild wild riches blazeatuaçãowild wild riches blazerelação ao caso.

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As ONGs que acompanham o assunto dizem estudar a possibilidade de apresentar a denúncia à corte.

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Fontes de referência

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