site de estatisticas esportivas-O tiro saiu pela culatra? Por que Joesley agora corre risco de ser preso
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Há menos de 3 meses, ministros do STF validaram delação - e benefícios - concedidos a irmãos que controlavam holding J&F; mas após gravação 'acidental', sorte de empresário parece ter mudado.
André Shalders - @shaldim - Da BBC Brasilsite de estatisticas esportivasSão Paulo
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"Estamos tentando entender", foi a resposta de um assessor dos irmãos Joesley e Wesley Batista, da J&F, questionado pela BBC Brasil sobre a série de eventos desfavoráveis aos empresários nos últimos dias.
A frase do assessor reflete a perplexidade dos irmãos diante da reviravolta testemunhada nesta semana.
Eles tinham apostado na delação para escapar da prisão. Admitiram crimes de corrupção e tráfico de influência, entregaram comparsas e cúmplices,site de estatisticas esportivastroca da manutenção desite de estatisticas esportivasliberdade e operacionalidade das empresas do grupo. Logo após a delação, embarcaram para o exterior ao lado da família.
Joesley se instalousite de estatisticas esportivasuma cobertura na 5ª Avenidasite de estatisticas esportivasNova York, e parecia seguro de que tinha feito a coisa certa: "Nós vamos fazer um serviço tão bem feito que não vão nem mais precisar chamar nós (sic)", disse ele ao diretor da JBS Ricardo Saud,site de estatisticas esportivasuma conversa descontraída sobre a delação.
O diálogo, que acabou gravado por engano e entregue ao Ministério Público, é agora a principal ameaça contra o plano do empresário. Joesley nunca teve tanto a explicar.
Além da possibilidade de perder os benefícios do acordo de delação premiada - e enfrentar pesadas denúncias do Ministério Público - o empresário pode ser afastado da direção da holding J&F.
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O assunto deve ser decididosite de estatisticas esportivasuma assembleia de acionistas da empresa marcada para a semana que vem. Como se não bastasse, os delatores da JBS terão de comparecer ao Congresso para responder perguntas sobre os casos de corrupção.
Joesley tinha um depoimento marcado para a tarde de terça-feira. Deveria ir à Polícia Federal na Asa Sul,site de estatisticas esportivasBrasília, prestar depoimento sobre denúncias apuradas pela operação Bullish, que investiga possíveis fraudes e irregularidadessite de estatisticas esportivasaportes concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entre 2007 e 2011.
Mas o empresário faltou: estava preocupado demais com uma declaração do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na noite anterior, ao informar à imprensa sobre a existência do polêmico diálogo entre os delatores, Janot disse que Joesley e Saud tinham omitido crimes ao fechar a delação premiada. E que, por isto, o acordo "provavelmente" seria revisto.
'Reserva mental'
Janot se referia a indícios presentes na gravação de pouco mais de quatro horas entregue por Joesley Batista na última quinta-feira. Na conversa, Joesley e Saud se referem a um plano para cooptar o ex-procurador do MPF Marcelo Miller, então integrante da força-tarefa da Lava Jatosite de estatisticas esportivasBrasília.
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O diálogo sugere que Joesley e Saud queriam que Miller ajudasse a aproximar os futuros delatores de Rodrigo Janot. Naquele momento, o ex-procurador estava prestes a deixar o MPF para trabalhar no escritório de advocacia Trench, Rossi e Watanabe, que negociou o acordo de leniência da holding J&F. Miller também estaria ajudando os delatores a fechar a proposta que seria apresentada ao seu chefe na PGR. Os detalhes do diálogo permitem inferir que, até então, os executivos ainda não tinham procurado a equipe de Janot para negociar a delação.
A gravação teria sido feita no dia 17 de março deste ano e seria fruto de um erro: Joesley teria deixado o pen drive gravador ligado acidentalmente. O aparelho que pode vitimá-lo é o mesmo usado por ele para acusar: com o gravador, Joesley grampeou o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburusite de estatisticas esportivasBrasília e produziu a principal peça desite de estatisticas esportivasdelação.
O delator só entregou este e outros 15 arquivos de áudio por volta das 19h do último dia do prazo de dois meses que tinha para complementar as informações do acordo.
Enviar novos arquivos e revisitar declarações é prática comum entre os delatores da Lava Jato. Ocorreu várias vezes com executivos da empreiteira Odebrecht, por exemplo, que apresentaram detalhes e entregaram mais documentos.
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A diferença, segundo a PGR, é que agora há indícios de que Joesley omitiu informações sobre possíveis crimes na negociação do acordo. Agiu com "reserva mental" - no jargão jurídico, uma situação que ocorre quando a pessoa fecha um acordo já com a intenção de descumpri-lo.
Além disso, Ricardo Saud só teria revelado agora que possui uma conta bancária no Paraguai, cujo saldo não foi divulgado. Ao omitir a informação, ele pode ter pago uma multa menor do que deveria quando fechou o acordo.
"A base do acordo de delação é a confiança. Não pode haver vazamento, não pode haver omissão de informações e não pode haver reserva mental. E parece que ele (Joesley) omitiu informações para finalidade própria, ou para atacar a PGR, depois", diz um procurador da República familiarizado com colaborações premiadas.
Num dos trechos do áudio, Saud sugere que o próprio Janot seria convidado a trabalhar no escritório Trench, Rossi e Watanabe após deixar o MPF (ele conclui o mandato como procurador-geral da Repúblicasite de estatisticas esportivas17 de setembro). A gravidade da acusação - que lança dúvidas sobre a idoneidade de Janot - justifica o tom agressivo adotado pelos procuradores para tratar do assunto.
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Temerosos do estrago feito, na noite de terça-feira, Joesley e Saud divulgaram uma nota à imprensa na qual tentam reverter a situação. As referências a procuradores e ministros do STF não teriam "nenhuma conexão com a verdade", segundo a nota.
"Não temos conhecimento de nenhum ato ilícito cometido por nenhuma dessas autoridades. O que nós falamos não é verdade, pedimos as mais sinceras desculpas por este ato desrespeitoso e vergonhoso", afirmam.
Procurada, a JBS decidiu não comentar o caso.
O que acontece agora
Joesley, Saud e o ex-advogado da JBS e delator Francisco de Assis e Silva têm até sexta-feira para comparecer à PGR e depor sobre o assunto. O ex-procurador Marcelo Miller também terá que falar. O PGR quer saber o porquê do escritório de advocacia ter demitido Millersite de estatisticas esportivasjulho, após a contratação dele ter sido noticiada pela imprensa. E se o escritório fez alguma apuração interna para apurar possíveis irregularidades.
Só depois disso é que Janot deve decidir se revisa ou não os benefícios de Joesley Batista, Saud e Assis. Outros quatro executivos da J&F que fecharam acordos de delação - inclusive Wesley Batista, irmão mais novo de Joesley - não correm risco, a princípio. Se a decisão for pela revisão, a manifestação de Janot segue para o Supremo Tribunal Federal, onde caberá ao relator da Lava Jato, Edson Fachin, decidir se aplica ou não penalidades.
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Na pior das hipóteses, o trio perde o acordo de delação, e o MPF fica livre para denunciá-los. Somadas, as penas para todos os crimes confessados por Joesley e Wesley, por exemplo, podem chegar a 1,3 mil anos de prisão, segundo cálculo do jornal O Estado de S. Paulo.
Por ora, a anulação dos acordos de delação das pessoas físicas não anula a "delação" da pessoa jurídica, isto é, o acordo de leniência da holding J&F.
O controle das empresas
Mas não é só no campo penal que Joesley pode ter se prejudicado. Investigaçõessite de estatisticas esportivasandamento no Congresso, na Comissão de Valores Mobiliários e no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) podem trazer ainda mais danos aos irmãos Batista antes do fim do mês. O BNDES é dono de 20% do controle acionário da J&F.
Na próxima semana, acionistas da companhia devem realizar uma assembleia extraordinária. O BNDES pedirá o afastamento dos irmãos do controle formal da empresa. Os Batistas já tinham deixado os postos de presidente e vice-presidente do conselho da J&Fsite de estatisticas esportivasmaio. Mas Wesley continuava integrando o conselho, além de ter indicado o pai, José Batista, para a vice-presidência.
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Além disso, os acionistas podem determinar que a J&F realize uma apuração interna contra os Batistas e processe os empresários na Justiça. É o que o BNDES irá propor.
Os delatores também serão chamados a dar explicações no Congresso. Na tarde de terça-feira, deputados e senadores instalaram uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar supostas irregularidades envolvendo o grupo J&Fsite de estatisticas esportivasoperações realizadas com o BNDES. "Não há a menor possibilidade deles não serem chamados", diz o vice-presidente do colegiado, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO).
"Eles montaram uma estratégia mostrando certos fatos que os beneficiavam e escondendo outros. Então, não têm direito aos benefícios [da delação]. Acho que isso é indiscutível", diz Caiado.
Finalmente, há cinco apuraçõessite de estatisticas esportivascurso contra a J&F na Comissão de Valores Mobiliários (CVM ), que é o órgão regulador e fiscalizador do mercado financeiro do Brasil. As investigações averiguam, entre outras coisas, se a J&F cometeu crime ao lucrar com a compra de dólares momentos antes do conteúdo da delação ser divulgado pela imprensa.
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Na conversa com Saud gravada por acidente, Joesley justifica a opção pela delação: "A verdade te liberta", diz ele. E completa: "Eu tô dormindo mais agora do que antes". Traído pela própria língua, talvez ele não repetisse mais essa frase agora.
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