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O sociólogo Brasílio Sallum Jr. vê a discussão sobre o impeachment como um ato fora do roteiro: as principais lideranças políticas do País já se planejam para uma eleiçãocasino online betsson2022 com o presidente Jair Bolsonaro na disputa. Autor do livro O impeachment de Fernando Collor, que analisa a queda do primeiro presidente eleito pelo voto direto na Nova República, ele diz que a oposição hoje está desunida contra o governo. Para Sallum Jr., a votação da proposta de emenda à constituição (PEC) do voto impresso fortaleceu o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), e mostrou que a chance de se alcançar dois terços de oposição a Bolsonaro na Casa já não é impossível - mas segue improvável.
"Tenho a impressão de que, para o impeachment, podem haver condições de se formar base parlamentar - o que no fundo depende do presidente da Câmara - mas as forças políticas não vão se articular imediatamente nessa direção", ele disse.
PublicidadeConfira os principais trechos da entrevista:
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O sr. acha que há condições de aprovação de um eventual pedido de impeachment?Motivos não faltam, mas do ponto de vista das condições políticas as coisas são mais complicadas. Isso porque estamos a um ano e poucos meses das eleições e as forças políticas estão todas posicionadas e fazendo seus cálculos com base na polarização. De um lado se imagina o (ex-presidente) Lula e, de outro, Bolsonaro. O próprio PT faz seus cálculos imaginando que do lado de lá está Bolsonaro. O problema deles é conquistar o centro, e Lula deve tentar se aproximar de forças ao centro e ainda recuperar parte da esquerda que perdeu. As forças de centro hoje se articulam e há uma competição muito grande entre as pré-candidaturas, mas o fato de haver Bolsonaro de um lado e Lula de outro dá um certo estímulo para que exista algum tipo de composição - embora ela seja muito difícil. Ou seja, os candidatos estão se posicionando para definir as alternativas mais ou menos até o fim do ano.
O placar da Câmara na discussão da PEC do voto impresso serve, de alguma forma, como indicativo para a probabilidade de impeachment?
O que ocorreu na Câmara foi importante. A votaçãocasino online betssonfavor da urna eletrônica foi de quase 220 deputados. Nesse total há a oposição, que não passa de cento e poucos deputados, mas há também mais gente. Se levarmoscasino online betssonconta que muita gente não apareceu para não se comprometer, chegar a dois terços da Câmara passa a não ser totalmente impossível - mas depende do tipo de mobilização que se quer fazer, claro. Na verdade, a votação valorizou enormemente a posição do presidente da Câmara. Temos uma situação na qual a possibilidade de (o apoio ao impeachment) chegar a dois terços da Casa não está descartada, a depender de como as coisas vão transcorrer a partir de agora.
O placar surpreendeu analistas que imaginavam uma derrota mais expressiva do voto impresso. Esse ambiente de animosidade, que o senhor vê, é mais importante do que o resultado da votação?
Veja, esses votos governistas estão sustentados por uma grande distribuição de recursos. E não só os (recursos) usuais mas, ainda, aqueles que vêm das emendas do relator. Há uma massa de recursos muito grande que é transferida às bases dos vários parlamentares. Essas transferências, no fundo, revelam a ausência de governo. Em vez de definir uma estratégia e um objetivo político, o governo joga a tarefa de distribuição de recursos para o Parlamento. Estamos há dois anos e meio praticamente sem governo, é uma situação dramática. Ele perdeu muito apoio no meio empresarial, e agora se esvaziou ainda mais o apoio parlamentar. A questão é que está tudo mais ou menos 'desenhado' sem o impeachment. Tenho a impressão de que, para o impeachment, podem haver condições de se formar base parlamentar - o que no fundo depende do presidente da Câmara - mas as forças políticas não vão se articular imediatamente nessa direção. A não ser, claro, que Bolsonaro ultrapasse um limite. Aqueles que estão se encaminhando para a oposição não têm um interesse tão claro no impeachment. Eles podem ganhar a eleição, e se ocorrer o impeachment a correlação de forças vai mudar completamente, os cálculos terão de ser refeitos. A situação depende muito do presidente, ele pode tentar se recompor ou não. De toda maneira, a posição do presidente da Câmara se tornou mais importante ainda do que é, porque a disposição oposicionista aumentou muito.
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