betâno apostas de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar
No autodenominado "Pequeno Paraíso Italiano", são bandeiras do Brasil que estão hasteadasbetâno apostasquintais, janelas e calçadas. Esta é a visão que se tem ao chegar no centro de Nova Pádua, município de 2,5 mil habitantes da serra gaúcha que,betâno apostas2018, recebeu o título de cidade mais bolsonarista do País. Naquele ano, a população local depositou 92,96% dos votosbetâno apostasJair Bolsonaro --na época do PSL.
Localizada a 160 km da capital Porto Alegre (RS), Nova Pádua era um distrito da vizinha Flores da Cunha antes de se emancipar,betâno apostas1992. A região ganhou forma por imigrantes italianos que deixaram Vêneto, na Itália, ainda no século 19.
É por isso que, no bar que serve como rodoviária para o município de um bairro só, os mais velhos sentam à porta e batem papobetâno apostasum idioma que, com certeza, não é o português. Eles falam talian, dialeto vêneto reconhecido por lei municipal como língua oficial da cidade.
As referências às raízes italianas continuam. As casas são coloridas e têm uma arquitetura própria, espaçosa, arborizada e sem grades,betâno apostasnada lembrando os grandes prédios cinzas que se amontoam na capital a algumas horas dali. No único restaurante da cidade, o Del Miro, vinho é tomado no almoço e uma sobremesa alcoólica é servida com naturalidade no buffet.
Apesar de tanto apoio e de resgatar o patriotismo brasileiro de um município que se reconhece italiano, Bolsonaro não prestigiou os moradores com uma visita sequer ao longo de seu mandato.
Publicidade
Bandeiras pela cidade
Destoando de todo o "paraíso italiano", uma bandeira verde e amarela tremula com o vento da serra no quintal de uma grande e luxuosa residência na Rua Professor Arcângelo Vazata, a principal da cidade. Símbolo de nossa nação, foi também adotada como marca da campanha do atual presidente. De dentro da casa, surge uma senhora elegante, com um lenço no pescoço.
É dona Laura Salvador, 77, que explica que a bandeira está ali por causa das comemorações do Bicentenário da Independência, mas, por ocasião das eleições presidenciais, ficará por mais algum tempo fincadabetâno apostasseu quintal.
"Setembro é o mês da Pátria. Como professora, eu sempre fiz isso [exibir a bandeira]. Agora, como é época de eleições, vou deixar até depois. Tem gente que esconde seu voto, né, mas é agora que o Brasil precisa", reflete.
1 de 8
Nova Pádua é um pequeno município na serra gaúcha com cerca de 2,5 mil habitantes, segundo o último Censo IBGE, realizadobetâno apostas2010
Foto: Juliana Steil
2 de 8
A cidade de um bairro se emancipou de Flores da Cunha (RS) há apenas 30 anos, após plesbicito dos moradores. Foi povoada por imigrantes italianos, que saíram da região de Vêneto
Foto: Juliana Steil
3 de 8
É por isso que os moradores deram o título à Nova Pádua de "pequeno paraíso italiano". As influências da cultura estrangeira vão desde a construção das casas até o idioma usado pelos mais velhos
Foto: Juliana Steil
4 de 8
Dona Laura Salvador, 77, é uma professora aposentada que vivebetâno apostasuma grande residência da avenida principal. Ela exibe com orgulho uma bandeira do Brasilbetâno apostasseu quintal e se diz patriota com orgulho
Foto: Juliana Steil
5 de 8
Ela não é a única a exibir as cores verde e amarelo com bandeiras. É possível ver o símbolo nacionalbetâno apostascomércios, casas e até carros
Foto: Juliana Steil
6 de 8
A razão do uso da bandeira é,betâno apostasgrande parte, por causa do apoio da cidade ao candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). Nas últimas eleições, Nova Pádua deu 92,96% de seus votos válidos para o presidente
Foto: Juliana Steil
7 de 8
Outras pautas próprias do governo de Bolsonaro são endossadas pelos moradores paduenses, como por exemplo a campanha pelo voto impresso
Foto: Juliana Steil
8 de 8
As bandeiras estão espalhadas pela cidade:betâno apostasjanelas, quintais, portas, adesivos e comércios
Foto: Juliana Steil
Ela, que revela ter votadobetâno apostasJair Bolsonaro nas últimas eleições, diz que ainda não está certa de seu voto para presidente, mas, provavelmente, deve seguir "esse caminho" nas urnasbetâno apostasoutubro. A outra opção seria "a moça de cabelo escuro", como tenta explicar durante uma falha de memória, se referindo à candidata Simone Tebet (MDB).
Publicidade
A atuação do presidente eleito não foi satisfatória para a professora aposentada, mas a culpa recai sobre seus apoiadores – ou a falta deles. "Tive muita pena do mandato, me coloquei no lugar dele. Ele foi um homem muito simples, mas não deixaram muito ele fazer o que precisava. O voto mais limpo que poderia ser, é nele", diz.
"Sinto uma coisa triste. Se ele [Bolsonaro] perder, vai entrar o comunismo, me perdoe ser sincera. Converso com minha neta, de 11 anos. Ela não vota, mas mando ela rezar pelo Brasil. Para que ganhe a pessoa que mantenha nosso Brasil verde e amarelo", diz dona Laura, séria.
Critérios de escolha
A professora aposentada não é a única a decorar a cidade com as cores da bandeira do Brasil. A poucos metros de distância, Odila Bisinella, 67, dona de uma loja que vende sapatos, roupas e acessórios, também deixou o estandarte patriota na porta do comércio.
Publicidade
Segundo a comerciante, foi a primeira coisa que fez ao acordar no primeiro dia de setembro, mas agora a bandeira está lá por outra razão. "Se meu Bolsonaro ganhar, vou deixarbetâno apostastodos os meses de outubro. Eu sou muito patriota", diz, com um forte sotaque.
Apesar de citar casos de corrupção no governo petista, o processo que levou Lula a prisão e também uma suposta "ditadura comunista", é uma característica específica que chama a atenção de Odila e se torna quase determinante para que ela opte por Bolsonaro: a idade.
"A idade de Lula é um pouco avançada para governar um país", opina.
O petista é, realmente, o candidato mais velho entre os primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto, com 76 anos. Já Bolsonaro tem 67. Mas a idade não é um fator impeditivo na política. O atual presidente da Itália, Sergio Mattarella, completou 81 anosbetâno apostasjulho, por exemplo.
Voto impresso
No único posto de gasolina paduense, um tímido adesivo na porta de vidro faz menção ao movimento bolsonarista pelo retorno do voto impresso, com uma bandeira brasileira ao fundo."Saneamento das instituições já. Queremos voto impresso", diz o colante.
Publicidade
Um automóvel estacionado no posto tem o mesmo adesivo. A dona de ambos é Angela Scariot, 44, que reproduz a fake news propagada e nunca provada por Bolsonaro e diz que as urnas eletrônicas são fraudadas, mas não aponta a fonte da informação.
"Urna elétrica rouba. Por que não querem deixar voto impresso, se no mercado o comprovante ébetâno apostaspapel?", exemplifica. A dona do posto foi eleitora de Bolsonaro nas últimas eleições e pretende repetir o feito.
"Eu voto nele, não tenho partido político, vou pela pessoa", explica Angela. "Acredito nele, porque não é só ele que manda, ele precisa de um apoio maior. Bolsonaro não conseguiu fazer muita coisa porque ele não tem um grupo que o ajude."
Ela se arrisca ao explicar o motivo do "pequeno paraíso italiano" ter tantas bandeiras espalhadas, mesmo depois das comemorações de 7 de Setembro. "O outro governo estava aí há muito tempo, né? Bolsonaro chegou e renovou tudo", diz.
Publicidade
Petistas ilhados
Apesar do alto índice a favor do presidente Jair Bolsonaro, na disputa do segundo turno de 2018, 134 paduenses votaram no candidato petista, Fernando Haddad. Estes eleitores não parecem declarar voto tão facilmente com bandeiras e símbolosbetâno apostassuas janelas e carros, mas Angela garante que,betâno apostasuma cidade pequena como aquela, todos sabem quem são.
"Nós sabemos quem são os petistas daqui, cada um deles", diz, mas sem revelar. "Cada um tem seu voto, mas a gente acaba se provocando, sem briga ou ofensa. Quando a gente sabe, a gente brinca provocando. Tem os que ficam bravos, mas religião, política ou futebol não se discute", assume.
-
Essa é uma das reportagens da série especial de eleições do Terra Votos pelo Brasil. Eleitores de nove cidades brasileiras, que se destacaram nas Eleições de 2018 e nos últimos quatro anos, contam suas percepções sobre o País e expectativas para 2 de outubro. Novas reportagens serão publicadas diariamente ao longo desta semana.