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A questão do 'lugar de fala' se torna cada vez mais delicada. Dias atrás, a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, que estuda e escreve sobre a população negra brasileira desde a década de 1980, foi 'cancelada' na internet e contestada por alguns pensadores negros após um artigo crítico ao filme musical Black is King, de Beyoncé, publicado na Folha de S. Paulo. Alegaram que ela, como branca, não teria o direito de analisar e contradizer o ativismo da diva pop negra.
Polêmica similar acontece nesse momento no TikTok, o app mais popular do momento. A maquiadora Karol Resende (@karolresendeoficial no Instagram) passou a sofrer ataques virtuais após uma gravação na qual indica os melhores tons de pó facial para negras. "Eu quero todas as mulheres pretas do TikTok presas nesse vídeo", diz a maquiadora.
Publicidade"Você escuta por aí que toda preta tem que usar pó banana, né? Mas aí tu comprou um pó banana que acinzentou a tua pele. 'Karol, me ajuda!'. Vamos para a aula de hoje", continua. Em outros trechos, ela dá dicas para "preta mais clara" e "preta retinta". O uso desses termos incomodou várias pessoas.
Houve quem enxergasse preconceito racial na linguagem de Karol Resende por achar o vocábulo "preto" uma ofensa. Na verdade, não há nada de erradoioio cassinose referir a uma pessoa como "preta". Esse é o termo oficial para designar o indivíduo de pele escura, com ascendência africana ou não.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aplica essa classificação desde o recenseamento de 1872. Naquele levantamento da população do País, as definições foram: branco, preto, pardo e caboclo. No último Censo,ioio cassino2010, o entrevistado declaravaioio cassinoraça como branca, preta, amarela, parda ou indígena.
No Brasil, o termo 'negro' se tornou politicamente correto, porém, muitos linguistas e sociólogos enxergam conotação pejorativa. Outros estudiosos defendem 'preto' para indicar a cor de alguém, e 'negro' como definição de raça. Igualmente discutível. Na prática, os dois termos são amplamente aplicados no dia a dia e no ambiente acadêmico. Nenhum deles deve ser interpretado como desrespeitoso. O racismo não está na palavra, e sim na intenção com a qual é dita. Percebe-se facilmente quando o objetivo é humilhar e segregar, seja dizendo "negro" ou "preto".
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