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Lembro-me ainda, muito jovem, e já exercendo minha atividade de vidente, do número de mulheres que me procuravam – como ainda hoje – no auge do desespero do amor, porque o ser amado não aparecia, não telefonava na hora combinada, não cumpria os tratos.
Era um tempopoker sao pauloque a mulher vivia escravizada, petrificada sentada ao lado do telefone, que custava a tocar, teimava a não dar sinal de vida. As queixas eram frequentes: esperei o dia inteiro e ele não ligou.
PublicidadeEra tempo dum romantismo apaixonado, retratado tão bem na letra de “Anos Dourados” do Jobim. Eram amores de “fotonovela” – um tipo de revista exagerada que os meus leitores mais jovens, provavelmente, não chegaram a conhecer.
Era um tempopoker sao pauloque mulheres permaneciam como estátuas, paralisadas ao lado do telefone fixo, feito de uma laca profunda como o mistério da noite.
Com o passar dos anos, a tecnologia veio nos oferecer novos recursos de comunicação, que varreram para sempre do nosso cotidiano não apenas as fotonovelas e suas fórmulas de paixão, mas, também, os pesados telefones fixos. Um alívio para todos aqueles que esperavam receber a comunicação prometida que não vinha nunca.
Escapar da angústia de ver o telefone ocupado, sem saber se alguém ligou ou não (visto que os telefones não eram individuais), poder sair de casa com a segurança de que não vai perder qualquer contato, acaba despontando como uma benção e libertaçãopoker sao paulotantos casos de flerte amoroso.
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