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Quem como eu não gostaria de encontrar um dicionário de palavras novas? Um dicionário com palavras criadas para nomear emoções que todos nós sentimos, mas não temos e não sabemos ainda como referir a elas.
Situação curiosa pela qual passei inúmeras vezes (assim como você, caro leitor, cara leitora), percebendo que a linguagem, ferramenta do racional, escorrega e se engana quando precisa descrever coisas que estão para além, nos domínios do espiritual: do éter e não do concreto, do invisível e não do palpável, do inefável e não do tangível.
PublicidadeSe a linguagem capta bastante bem a realidade comum do cotidiano – servindo maravilhosamente instruções e receitas –, qualquer poeta ou filósofo pode fazer o barco sacudir e balançar ao estender o interesse até as possibilidades mais complexas e abstratas, decompondo e recompondo, dissolvendo e resolvendo.
Vejamos alguns exemplos. Uma série de estados espirituais ainda não foram corretamente batizados. Anônimos, simplesmente não podem ser apontados por um termo único, uma expressão verbal simples e econômica. Aguardam uma unidade lexical que defina com precisão – criada exatamente para tal propósito.
Um exemplo (atrelado a um desafio): inventar uma palavra expressiva da percepção espiritualizada de que cada pessoa está vivendo uma vida tão complexa quanto a nossa, a percepção de que cada pessoa que cruza nossa jornada (tomando um café na mesa ao lado, sentada ouvindo música no banco da frente do vagão, etc.), vive uma vida complexa quanto a nossa. Você já sentiu essa emoção? Então, por que é tão desafiador explicá-la?
Que termo poderia soar suficientemente eloquente e sutil para tal definição, valorizando a riqueza comovente do compartilhamento de destinos, emoções, empatias, implicações psicológicas, existenciais, mágicas?
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