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Escravo da Paixão. Era o que ele dizia, triste, atormentado: “Sou um Escravo da Paixão, Marina, um Escravo da Paixão”. Claro, as letras maiúsculas eu estou colocando agora, para tentar destacar a entonação desesperada. Como qualquer SOS, não pode ser escritoslots que pagam muitominúsculas. E aquilo era um pedido de socorro, um grito de desvalimento à espera de resgate.
Ele contou tudo. O drama todo. Acontecidos, situações, momentos. Por fim, visivelmente abatido, meio se desculpando, emendou: “Sei que uma coisa dessas é exagerada. Sei que você nunca esteve perto de algo assim. Preciso de ajuda, mas acho que você não tem como auxiliar, né?”
PublicidadeQue ingenuidade. Como cada um de nós, mártires, achamos que somos os únicos que sofremos, acreditamos ser de exclusividade o padecimento, o tormento, a dor, a crueldade. Eu não conhecia aquela situação? Só rindo. Tomava contato com ela – tirando os detalhes que mudam apenas o aspecto exterior, a pele do bicho –, pelo menos, uma vez por semana, às vezes duas ou três.
Mas o importante não era isso. Era que eu tinha visto com clareza os laços cármicos, desequilibrados, doentios, maldosos e, justamente, fáceis de romper. Princesa Isabel daquela história triste, sabia que ele ia conseguir se desvincular do algoz.
Era dependência que vinha de vida anterior. Um desafeto, de outra vivência encarnatória, retornava como uma corda atada ao pescoço, prendendo pela desculpa de falso amor, bloqueando todas as possibilidades de crescimento existencial.
Por mais que se esforçasse, daquela relação recebia apenas conflitos, prejuízos e maus-tratos. Era um apego doentio, cheio de desequilíbrio e maldade. O núcleo gerador do problema estava no passado reencarnatório, uma pendência que, ao ser resolvida, desceria o machado no grilhão, zerando a conta da culpa, libertando.
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