super sic bo de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar
Dois dias depois de retornar ele me procurou. Estava cheio de questionamentos. Queria meu aconselhamento. O que tinha sido aquilo? Superatrasada paixão adolescente de verão? Hipertemporão namorico de praia?
A expectativa dele era apenas tirar umas merecidas férias, nada daquelas grandes procuras de verdades interiores ou coisa parecida. Ela também queria só um pouco de descanso. Então, embarcaram e se encontraram, como nas poesias de Dante e de Bilac, “no meio do caminho”.
PublicidadeEscolheram ambos, ao acaso, um daqueles destinos nordestinos paradisíacos, cheios de sol, mar, sal, areia, brisa, coqueiros, redes (de dormir, de pescar, de contato humano), velas (de chama, de barco) fogueiras e, entre crepúsculos e auroras, luares.
Na primeira noite, casualmente, se conheceram. Rosto ardendo e cigarras estridulando. Compartilharam lugares contíguos num restaurante: força inesperada de uma enovelada sequência de coincidências que bastariam, elas mesmas, definitivamente, para comprovar o conceito de sincronicidade formulado pelo espiritualizado psicoterapeuta Carl Gustav Jung.
Sentaram lado a lado. A conversa animada das pessoas ao redor, a boa música, a lagosta arretada de pimenta, o vinho branco geladíssimo, nada desviava os olhos de um e do outro. Cronometraram, cegos para tudo, os cinco minutos suficientes para compreenderem que eram almas gêmeas.
Ele, que apenas a avistara de relance na confusão da chegada de um grupo grande de pessoas, agora ao lado dela, ousou: “você estudou balé muitos anos?”. Surpresa, a resposta veio emoldurada por um sorriso, verdadeira flecha diamantada que só a paixão pode afiar: “como você sabe?”. Ele também sorriu: “ah, teu corpo, o desenho das pernas, postura, o jeito de sentar, de mover as mãos, tudo de bailarina”.
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