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Amorosa ela veio. Cheia de expectativas. Era bastante jovem, mas tinha decidido: queria se casar. Pretendentes não faltavam, o que gerava ansiedade e indecisão. Entrou, sentou, linda e radiante, ocupou meu consultório expondo suas angústias e direções.
“Sabe Marina”, falávamos com a desenvoltura característica de amigas de longa data, “preciso de alguém que me entenda, respeite minha inteligência e sensibilidade, confie que vou retribuir com tudo que eu puder”.
PublicidadeAh, então esse é o mapa do tesouro, pensei. A consulta se desdobrou. Ela falou-me de um e de outro, do terceiro e do quarto. Descreveu, narrou acontecimentos, relembrou situações vividas, pontos fortes e fracos. Tinha o dever de casa muito bem-feitinho: atenciosa, observadora e decidida.
Solução mesmo, objetiva, direta, não me era apresentada. A briga entre a quadra de ases era boa, verdadeiro empate técnico. Chegamos ao encerramento. Ela decepcionada. Eu, confiante por saber mais dos mistérios e reentrâncias do carma, fechei convicta. Pode ir,aposta sem depositomenos de três meses você vai ter a resposta, o sinal. Daí me procura para confirmarmos.
Pude notar um olhar meio decepcionado, meio desconfiado quando demos um beijinho na porta do elevador. Sabia que ela queria a resposta definitiva naquela tarde mesmo. Dois meses depois, ao voltar, o olhar era o oposto: alegre, chispante.
Dias antes, no aniversário, os presentes. De um uma bela bolsa (admirável), de outro uma blusa linda (cobiçável), do terceiro um sapato elegante (invejável) – até parecia, pelo sortido, que havia sido combinado. Surpresa era o velho livro de poemas, comprado na pechincha do sebo, versos que ela amava desde a adolescência.
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