"Os brinquedos [sexuais] ajudam e muito. Hoje, os vibradores são brinquedos com prescrição médica. Tenho 17 vibradoresbetano como jogarcasa e quando a Sofia fez 12 anos, eu dei um vibrador para ela e disse: 'Vá se investigar, vai saber do que você gosta'. Hoje é prescrição médica.", disse no programa Goucha, transmitido por um canal de TV de Portugal.
A fala da atriz causou polêmica, e gerou uma enxurrada de comentários negativos sobre a temática. Muitas pessoas questionaram se era certo apresentar um sex toy para uma adolescente nessa idade. Por isso, o Terra ouviu duas especialistas no assunto para saber se existe idade certa para descobrir sobre a própria sexualidade.
Psicóloga clínica e terapeuta sexual e de casal, Márcia Atik afirma que não há uma idade determinada para introduzir o assunto, mas que o tema deve ser tratado com leveza e de acordo com a demanda do jovem.
“Tem dois aspectos a falar: a relação mãe e filha e sexualidade. O momento de falar de sexualidade nunca é da mãe, é sempre é da filha, mas cabe à mãe deixar um espaço de leveza, tranquilidade, para que as dúvidas floresçam. Não pode ser um assunto temido, um assunto secreto, é uma coisa natural, desenvolvimento sexual é vida. Assim como a gente desenvolve de bebê que começa a andar, de adolescente que começa a perceber suas necessidades sexuais, para a velhice, a vida é feita de fases e essa é uma a mais que a filha tem que ter a liberdade e a tranquilidade de trazer a questão para mãe”, reforça.
Sem ‘atropelar’ as fases
Márcia aponta que os pais não podem ‘atropelar’ a fase de cada adolescente, e devem esperar que essas questões sejam trazidas por seus filhos. A psicóloga ressalta que conhecer o próprio corpo traz uma relação tranquila com a sexualidade, e que faz parte da educação sexual, mas que o processo não pode ser apressado.
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“É um processo natural do desenvolvimento sexual. É um processo natural que vem da criança, do adolescente, para o adulto de confiança. Porque antes, quando não se falava nada de sexo, era tudo descoberta com amiguinhos, com revistinhas secretas. Hoje, nós temos essa possibilidade dos pais participarem desse desenvolvimento, mas sempre respeitando o timing do filho, porque é o filho que está descobrindo”, afirma.
O vibrador que uso é parecido com este branco da imagem.
Foto: iStock
Ela usa de exemplo o mar: nenhuma onda chega por cima da outra, e assim é o aprendizado sexual. Por isso, é importante que os pais tenham uma consciência plena, tranquila e realista dabetano como jogarsexualidade. “Sexualidade é valorizar o prazer, desde o prazer sexual a partir do próprio corpo, como o prazer de admirar a beleza de qualquer outra coisa, é a pessoa aprender a ter prazer de estar viva”, salienta.
A psiquiatra, terapeuta de casais e embaixadora da empresa A Sós, Fernanda Araújo, destaca que a educação sexual está presente desde o nascimento, pois nela, os pais explicam para os filhos como o corpo funciona, quem pode ou não auxiliar nos cuidados com o corpo, como por exemplo, no banho.
“A educação sexual é durante toda a vida, e o que a gente orienta é que seja dada informação à medida que a criança e o adolescente vai demandando, dentro daquilo que ele consegue entender para a faixa etária dele”, diz.
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Segundo ela, a problemáticabetano como jogartorno da fala de Claudia Raia é se o vibrador era uma demanda da filha, se tinha uma mente mais adolescente ou infantil. “Isso varia muito para cada pessoa. Será que ela tinha uma demanda de exploração do corpo, uma demanda por vibradores, ou a Cláudia Raia meio que atropelou as coisas, fez ela adolescer mais rápido?”, questiona.
Apressar as fases pode prejudicar o desenvolvimento sexual de uma pessoa?
‘Atropelar’ essa demanda pode trazer diversas consequências para a vida de uma pessoa. Assim, como ter uma educação repressora, cheia de tabus, ser invasivo com esse adolescente ou criança pode fazê-lo se sentir violado e desrespeitado, que pode acarretar numa predisposição maior a transtornos sexuais.
“Como, por exemplo, a anorgasmia, que a pessoa não chega ao orgasmo, falta de libido, a própria, o que antigamente chamava de vaginismo [transtorno da dor genitopélvica/penetração (TDGPP)], que é a dificuldade gênito-pélvica de ter relações sexuais. Pode sim gerar um efeito reverso, ao invés de trazer saúde sexual, desencadear transtornos por estar sendo invasiva”, finaliza.