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jogo roleta brasileira-Covid: quanto tempo dura imunidade após infecção

jogo roleta brasileira

Com espalhamento das subvariantes da ômicron, episódios de reinfecção se tornaram ainda mais comuns. Entenda por que eles acontecem e como ficar mais protegido.
11 jul 2022 - 06h04
(atualizado às 07h44)
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Muitas pessoas estão pegando covid pela segunda ou até pela terceira vez, o que está relacionado à circulação das variantes do vírus e ao relaxamento total das medidas preventivas
Muitas pessoas estão pegando covid pela segunda ou até pela terceira vez, o que está relacionado à circulação das variantes do vírus e ao relaxamento total das medidas preventivas
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

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Foi-se o tempojogo roleta brasileiraque os cientistas pensavam que pegar covid era uma experiência que cada um de nós só teria uma vez na vida.

Com o espalhamento das novas variantes, especialmente as sublinhagens derivadas da ômicron, como a BA.2 e a BA.5, os casos de reinfecção se tornaram muito mais comuns —jogo roleta brasileiraalguns indivíduos, o segundo episódio da doença acontece num intervalo bem curto, de poucas semanas após o primeiro quadro.

E, embora a janela de imunidade possa variar entre poucas semanas a até alguns anos de pessoa para pessoa, as evidências científicas mais recentes permitem entender um pouco melhor como nossas células de defesa atuam, quanto tempo essa proteção costuma durar e quais são os fatores que facilitam o contato com o coronavírus seguidas vezes.

Contra-ataque coordenado

Mas, antes de mais nada, como funciona nosso sistema imunológico durante uma infecção viral?

Tudo começa quando um vírus invade o corpo e começa a usar nossas próprias células para criar novas cópias de si mesmo.

Uma hora ou outra, esse processo anormal chama a atenção das unidades de defesa, que iniciam um contra-ataque para conter a expansão do patógeno.

Esse trabalho envolve um verdadeiro batalhão de células, das quais é possível destacar duas entre as mais importantes: os linfócitos T e B.

Os linfócitos T têm a função de coordenar a resposta imune. Eles identificam as células infectadas e as matam.

Já os linfócitos B são os responsáveis por produzir os anticorpos específicos, uma espécie de "antídoto personalizado" que gruda e inativa os vírus.

"É como se o linfócito T disparasse um míssil que destrói a estrutura doente. Daí, os vírus que sobram são neutralizados pelos anticorpos dos linfócitos B", resume Antonio Condino Neto, professor sênior de imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP).

Os linfócitos T (em laranja na ilustração) coordenam parte da resposta imune e destroem as células doentes (em azul)
Os linfócitos T (em laranja na ilustração) coordenam parte da resposta imune e destroem as células doentes (em azul)
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Se todo esse trabalho for bem sucedido, eventualmente a infecção é controlada e os vírus são completamente eliminados do organismo.

Isso, porjogo roleta brasileiravez, gera um tipo de aprendizado ao sistema imunológico. Por um tempo, as células de defesajogo roleta brasileiracirculação sabem como agir caso o vírusjogo roleta brasileiraquestão resolva tentar uma nova invasão.

Um mecanismo de proteção parecido acontece durante a vacinação — com a vantagem de as unidades imunes serem "treinadas" sem que o corpo padeça pela ação de um patógeno de verdade.

Mas daí vem uma questão importante: por quanto tempo essa imunidade se mantém?

A resposta para essa pergunta varia consideravelmente de acordo com o vírus e as características de cada um.

"De um lado, há doenças como sarampo ou rubéola, que geralmente só temos no máximo uma vez na vida e acabou", diz Condino Neto.

"Do outro, temos gripe, covid e resfriados, que podemos pegar por diversas vezes", compara.

Mas o que diferencia um grupo do outro?

Um drible muito efetivo

Há diversos motivos que ajudam a entender por quejogo roleta brasileiraalguns casos a imunidade dura muitos anos (ou até para sempre) e,jogo roleta brasileiraoutros, ela vai embora rapidinho.

Um dos principais fatores tem a ver com as próprias características do vírus e a interação que ele tem com nosso organismo.

Vamos começar com a parcela desses patógenos que é estável e permanece praticamente igual ao longo de décadas ou séculos.

Essa característica representa uma boa notícia para o sistema imune, que consegue reconhecer o agente infeccioso e resgata as instruções de como combatê-lo, graças à infecção prévia ou à vacinação.

Agora, imagine o cenário oposto, que acontece quando os vírus circulam com muita rapidez e são uma verdadeira metamorfose ambulante?

Esse é o caso do Sars-CoV-2, o coronavírus responsável pela pandemia atual: ele sofre mutações genéticas a todo o momento conforme é transmitido de pessoa para pessoa.

Se essas alterações trouxerem vantagens ao patógeno — como uma maior facilidade para infectar as células ou a capacidade de driblar a resposta imune, por exemplo — elas vão prosperar.

É assim que surgem as variantes de preocupação. Essas novas versões do vírus ganham terreno e estão por trás de reedições nas ondas de casos, hospitalizações e mortes.

Ao longo dos últimos dois anos e meio, vimos esse fenômeno acontecer ao menos cinco vezes, com a chegada das variantes alfa, beta, gama, delta e ômicron.

Mais recentemente, o aparecimento de subvariantes derivadas da ômicron, como a BA.2 e a BA.5, acelerou e aprofundou ainda mais esse processo.

Em suma, todas essas linhagens carregam mudanças nos genes que apareciam no vírus "original", detectado pela primeira vezjogo roleta brasileirajaneiro de 2020jogo roleta brasileiraWuhan, na China.

Do ponto de vista das nossas defesas, esse fato representa uma péssima notícia. Isso porque a resposta imune obtida através de uma infecção prévia ou da vacinação se torna cada vez mais desatualizada.

Com o passar do tempo — e o surgimento de novas variantes com mutações genéticas mais diversas — o resultado do trabalho dos linfócitos B torna-se cada vez menos efetivo.

Isso porque os anticorpos que eles fabricam são montados especificamente para neutralizar o causador da primeira infecção — ou, de preferência, estão alinhados à formulação original da vacina, que carrega instruções para combater as versões mais antigas do vírus.

Ou seja: se uma variante que tenta invadir o corpo apresenta mudanças significativas na estrutura, os tais anticorpos não conseguem mais agir como se esperava.

Os linfócitos B (em laranja e amarelo na ilustração) fabricam anticorpos específicos (em verde) para neutralizar diferentes ameaças
Os linfócitos B (em laranja e amarelo na ilustração) fabricam anticorpos específicos (em verde) para neutralizar diferentes ameaças
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O que está acontecendo agora?

Esse processo de aprimoramento viral parece estar longe de terminar: desde o final de 2021 e o início de 2022, várias subvariantes da ômicron foram detectadas.

Linhagens como a BA.2 e a BA.5 apresentam uma capacidade ainda maior de infectar nossas células e de escapar da imunidade prévia.

E isso, porjogo roleta brasileiravez, torna os quadros de reinfecção cada vez mais frequentes e com janelas curtasjogo roleta brasileirarelação ao primeiro episódio de covid — afinal, há uma incompatibilidade entre o vírus que nosso sistema imune reconhece e as versões dele que estão circulando atualmente.

"O vírus dá um jeitinho de furar nossas defesas", observa Condino Neto.

Uma pesquisa feita pelo Instituto de Sorologia da Dinamarca, que não foi publicadajogo roleta brasileiranenhum jornal especializado, se tornou uma das primeiras a chamar a atenção para o fato que uma reinfecção com a variante BA.2 poderia acontecer pouco tempo depois de a pessoa ter sido afetada pela BA.1 (a ômicron "original").

No artigo, os pesquisadores descrevem casos raros de pessoas que tiveram um segundo quadro de covid pela BA.2 cerca de 20 dias depois de testarem positivo pela primeira vez com a BA.1.

Que fique claro: pelo que se sabe até o momento, casos como esses,jogo roleta brasileiraque a covid se repetejogo roleta brasileirapoucos dias, são atípicos e a tendência é que a imunidade dure ao menos alguns meses.

Uma pesquisa feita nas universidades Yale e Temple, ambas nos Estados Unidos, e publicadajogo roleta brasileiradezembro de 2021 no The Lancet estimou que, numa situação de endemia, a reinfecção pode ocorrer numa janela de tempo que varia de três meses a até cinco anos.

Vale destacar que o estudo foi feito antes do espalhamento da ômicron e suas subvariantes, que podem ter interferido nessa janela de imunidade.

"Além disso,jogo roleta brasileirasituações que a pessoa tem a mesma doença duas vezesjogo roleta brasileiramenos de 45 dias, precisamos avaliar se o vírus não ficou 'escondido' por um tempo e a infecção foi reativada depois", diferencia o imunologista Luiz Vicente Rizzo, diretor-superintendente de pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein,jogo roleta brasileiraSão Paulo.

"Temos evidências de que o coronavírus é capaz de se esconder no sistema nervoso central e nos testículos por um período, locaisjogo roleta brasileiraque a ação do sistema imune é limitada", complementa.

Enquanto a ciência ainda tenta encaixar todas as peças desse quebra-cabeças, há um consenso maior de que o coronavírus está sempre se modificando de modo a passar despercebido pelo sistema imunológico.

Um estudo divulgadojogo roleta brasileirajunho de 2022 pelo Imperial College de Londres, no Reino Unido, revelou que pessoas infectadas com a ômicron têm uma resposta imune mais fraca e com pouca capacidade de evitar novos quadros de covid, mesmo entre aquelas que já tinham pegado covid no passado e estavam vacinadas com três doses.

Os especialistas chegaram a classificar as subvariantes que estãojogo roleta brasileiracirculação como "furtivas", pela capacidade delas de agir às escondidas das células de defesa.

A investigação mostrou que essas novas versões virais não deixam uma "marca" nas células de defesa, de modo que elas não se lembram muito bem como combater o vírus dalijogo roleta brasileiradiante.

As subvariantes da ômicron estão se tornando cada vez mais 'furtivas', alertam pesquisadores
As subvariantes da ômicron estão se tornando cada vez mais 'furtivas', alertam pesquisadores
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

"Ser infectado com a ômicron não representa um reforço potente na imunidade contra reinfecções no futuro", explica a professora Rosemary Boyton, autora principal do trabalhojogo roleta brasileiracomunicado à imprensa.

Ótima notícia com prazo de validade?

Apesar de tantas mudanças nas relações entre o coronavírus e a nossa imunidade, ao menos uma coisa continua a funcionar relativamente bem na maioria das vezes: a proteção das vacinas contra complicações, hospitalizações e mortes relacionadas à covid.

Esse resguardo acontece por meio da ativação da memória do sistema imunológico e a ação de células como os linfócitos T.

Em termos práticos, o coronavírus até consegue entrar no organismo e driblar os anticorpos num primeiro estágio.

Mas logo entrajogo roleta brasileiracena o batalhão de células imunes comandadas pelos linfócitos T, que controlam a situação e impedem que o vírus ganhe terreno e cause sintomas mais graves.

"O vírus até entra e causa incômodo, mas, graças à memória imune, ele logo toma 'umas invertidas' e cai fora", conta Condino Neto.

É exatamente isso que testemunhamos ao longo dos últimos meses: ainda que a ômicron esteja por trás de recordes de casos de covid, as hospitalizações e as mortes não subiram na mesma proporção.

E mesmo naquelas pessoas que estão testando positivo pela segunda ou até pela terceira vez, a tendência é que o quadro seja bem mais leve, marcado por sintomas que costumam lembrar um resfriado comum, como coriza, tosse e dor de garganta.

"Por isso, é muito importante que as pessoas estejam com o esquema vacinaljogo roleta brasileiradia. Quem está com as doses atrasadas deve ir correndo tomar as suas", sugere Condino Neto.

Segundo o portal CoronavirusBra1, apenas 51% da população brasileira tomou a terceira dose de vacina, que é considerada primordial para ampliar a proteção contra as formas mais graves da covid.

Quase metade da população brasileira ainda não tomou a terceira dose da vacina que protege contra as formas mais graves da covid
Quase metade da população brasileira ainda não tomou a terceira dose da vacina que protege contra as formas mais graves da covid
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O pesquisador da USP reforça que o imunizante ajuda a "acordar" o sistema imune e "aumenta as chances de, se você pegar covid de novo, ter uma forma mais branda da doença".

Rizzo acrescenta que, além de estar com a vacinaçãojogo roleta brasileiradia, não podemos "baixar a guarda" com as outras medidas preventivas.

"O coronavírus não veio de outro planeta. É só a gente usar máscara e tomar alguns cuidados que ele não passa", esclarece.

"Não temos que esperar o governo dizer que precisamos nos cuidar. Cada um deveria pensar emjogo roleta brasileiraprópria responsabilidade nessa história."

O imunologista alerta que, dada a recente história de mutações e variantes, não está descartada a hipótese de que apareça uma versão agressiva do vírus, que consiga escapar completamente da proteção conferida pelos imunizantes disponíveis.

"Toda vez que alguém se infectar, entramos numa espécie de loteria. Será que dali vai sair um coronavírus cheio de mutações que escape das vacinas?", questiona.

De acordo com o painel de informações do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass), a média móvel diária de novos casos de covid-19 no Brasil supera os 57 mil.

"Nosso comportamento atual só está incentivando que esse cenário vire realidade", lamenta.

Boyton, do Imperial College, concorda com o ponto de vista do colega brasileiro. "A preocupação é que a ômicron pode potencialmente sofrer outras mutações e se tornar uma variante ainda mais patogênica, ou com capacidade de superar a proteção das vacinas."

"Nesse cenário, pessoas que pegaram essa variante anteriormente estariam menos protegidas contra a ômicron, a depender do perfil imunológico delas", conclui.

- O texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-62098817

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Fontes de referência

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