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betsul e ame-Divisão do átomo: quem foi o primeiro a conseguir e por que não é fácil saber?

betsul e ame

Para especialistas, a resposta mais completa sobre quem foi o primeiro a dividir o átomo é quase tão complexa quanto a ciência envolvida no processo.
19 fev 2025 - 11h28
(atualizado às 15h00)
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Ernest Rutherford é conhecido como o 'pai da física nuclear'
Ernest Rutherford é conhecido como o 'pai da física nuclear'
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

betsul e ame de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar

Quando o presidente americano Donald Trump declarou, no seu discurso de posse, que foram cientistas americanos que dividiram o átomo, nem ele poderia ter imaginado a reaçãobetsul e amecadeia quebetsul e amemanifestação de orgulho causaria nos debates online.

Muitos críticos indicaram que a honra, na verdade, é de um anglo-neozelandês - Ernest Rutherford (1871-1937), nascido na Nova Zelândia. Ele fez a descoberta científicabetsul e ame1919, na então chamada Universidade Victoria de Manchester, no Reino Unido.

Grosso modo, esta afirmação é correta. Mas, para os especialistas neste campo, a resposta mais completa sobre quem foi o primeiro a dividir o átomo é quase tão complexa quanto a ciência envolvida no processo.

Afinal, nas palavras do físico de partículas Harry Cliff, a própria expressão "dividir o átomo" é "problemática".

O que é um átomo?

Os átomos são blocos de construção de todos os tipos de matéria, compostos de um núcleo e uma série de elétronsbetsul e ameórbita dele.

Originalmente propostos por filósofos da Grécia Antiga, acreditava-se originalmente que eles fossem a menor partícula existente.

Seu nome se deriva do termobetsul e amegrego clássico para "indivisível".

Representação simplificada do átomo, com um núcleo e vários elétrons na órbita dele
Representação simplificada do átomo, com um núcleo e vários elétrons na órbita dele
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Em 1803, a teoria atômica de John Dalton (1766-1844) trouxe o átomo para a análise científica. Mas o cientista de Manchester deixou claro que concordava com os gregos antigos. Ele também acreditava que os átomos não poderiam ser decompostosbetsul e amepartículas menores e mais simples.

Quase um século depois,betsul e ame1897, Joseph John Thomson (1856-1940), também de Manchester, descobriu o elétron. Ele trabalhava na Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Com isso, Thomson comprovou que o átomo tem partes componentes menores.

Esta descoberta abriu as portas para as hipóteses e experimentações subatômicas.

O que fez Rutherford?

Rutherford fez uma série de descobertas sobre a natureza do átomo. Trabalhandobetsul e ameconjunto com seus colegas Hans Geiger (1882-1945) e Ernest Marsden (1889-1970), ele apresentou um modelo planetário do átomobetsul e ame1911.

O modelo mostrava que os átomos possuem um núcleo central, com carga positiva, e elétronsbetsul e ameórbita, como planetasbetsul e amevolta de uma estrela.

Posteriormente, ele ebetsul e ameequipe realizaram experimentosbetsul e ameManchester, entre 1914 e 1919. Estes experimentos foram descritos como sendo os primeiros a "dividir o átomo".

Rutherford lançou feixes de partículas radioativas sobre gás nitrogênio, que se transformoubetsul e ameoxigênio ao "cuspir para fora" um núcleo de hidrogênio.

Rutherford (dir.) conciliava seus experimentosbetsul e ameManchester com pesquisas sobre a detecção de submarinos e outros trabalhos com fins militares
Rutherford (dir.) conciliava seus experimentosbetsul e ameManchester com pesquisas sobre a detecção de submarinos e outros trabalhos com fins militares
Foto: University of Manchester / BBC News Brasil

Cliff afirma que os cientistas encontraram "o que, hoje, chamamos de próton", uma partícula de construção presentebetsul e ametodos os átomos.

Ele explica que Rutherford mostrou pela primeira vez "que é possível realizar este tipo de reações nucleares, fazendo uma coisa colidir na outra e produzindo algo novo. Isso nunca havia sido feito antes."

Rutherford não usou o termo divisão. Ele chamou o processo de "desintegração".

Ele escreveu,betsul e amedezembro de 1917, que acreditava que seus experimentos "em última análise, seriam de grande importância" e "ajudariam muito a desvendar o caráter e a distribuição das forças próximas ao núcleo".

"Também estou tentando romper o átomo com este método", acrescentou ele. "Em um caso, os resultados pareceram promissores, mas será necessário muito trabalho para ter certeza."

O que aconteceubetsul e ameseguida?

O professor de história James Sumner afirmou que o trabalho de Rutherford certamente foi "um desenvolvimento conceitual fundamental", mas foi menos sobre "divisão" e mais sobre como "transformar um elementobetsul e ameoutro".

Mas Rutherford estava longe de encerrar seus experimentos com o átomo. Ele retornou à Universidade de Cambridgebetsul e ame1919 como diretor do Laboratório de Cavendish, mantido pela instituição. E supervisionou as primeiras tentativas deliberadas de "dividir" o núcleo do átomo.

Ernest Walton, Ernest Rutherford e James Cockcroft trabalharam juntos na Universidade de Cambridge, no Reino Unido
Ernest Walton, Ernest Rutherford e James Cockcroft trabalharam juntos na Universidade de Cambridge, no Reino Unido
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Cliff conta que, sob a liderança de Rutherford, os alunos John Cockcroft (1897-1967) e Ernest Walton (1903-1995) construíram,betsul e ame1932, um dos primeiros aceleradores de partículas do mundo - uma máquina poderosa que "literalmente dividiu o átomo ao meio".

Ele declarou, para compreensão geral, que "um ser humano como Prometeu esmagou o átomobetsul e amepedaços, foi o que aconteceu".

Mas Sumner afirma que aquele "não foi o tipo de divisão do átomo que levou à energia nuclear e às bombas atômicas". Isso, segundo ele, "viria ainda um pouco mais tarde".

Por que os cientistas americanos talvez tenham razão?

O conhecimento de muitas pessoas sobre a ciência atômica passa pela lente do ultrassecreto Projeto Manhattan, principalmente depois do filme vencedor do Oscar que tratava do projeto e de uma das suas figuras mais proeminentes, J. Robert Oppenheimer (1904-1967).

O projeto de pesquisa e desenvolvimento americano foi criadobetsul e ame1942. Seu objetivo era produzir as primeiras armas nucleares a utilizar a potência atômica.

Sumner explica que, embora fosse sediado e financiado nos Estados Unidos, o projeto era composto por cientistas de todo o mundo, que "atravessaram as fronteiras nacionais para colaborar".

Entre os recrutados por Oppenheimer para a equipe, estava o físico italiano Enrico Fermi (1901-1954). Afirmava-se que ele teria sido o primeiro a dividir o átomo durante seus experimentosbetsul e ameRoma, na Itália. Ele partiu um núcleobetsul e ameduas ou mais partes menoresbetsul e ame1934.

Fermi construiu o primeiro reator nuclearbetsul e ameChicago, nos Estados Unidos, depois de fugir da Itália no início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Fermi construiu o primeiro reator nuclearbetsul e ameChicago, nos Estados Unidos, depois de fugir da Itália no início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Os químicos alemães Otto Hahn (1879-1968), ex-aluno de Rutherford, e Fritz Strassmann (1902-1980), repetiram seus experimentos pelos quatro anos seguintes. E,betsul e ame1938, perceberam que Fermi havia descoberto a fissão nuclear.

A fissão ocorre quando o núcleo de elementos instáveis, como urânio e plutônio, se divide, liberando grandes quantidades de energia.

Fermi fugiu da Itáliabetsul e ame1939. Ao chegar a Chicago, nos Estados Unidos, ele construiu o primeiro reator nuclear. O aparelho induziu e controlou uma reação nuclearbetsul e amecadeia, fazendo com que átomos de urânio se dividissem continuamente.

Este trabalho e os anteriores de Rutherford formaram a base para a criação de armas atômicas, que aproveitariam o processo de fissão nuclear com efeitos devastadores.

Para Cliff, o Projeto Manhattan foi "uma espécie de industrialização daquela ciência para produzir algo que realmente trouxe enorme impacto para o planeta".

Qual foi o resultado?

Independentemente de quem dividiu o átomo primeiro, o trabalho de Rutherford, Walton, Cockcroft, Oppenheimer, Fermi, Geiger, Marsden e uma série de outros cientistas pioneiros abriu o caminho para a era nuclear e o maior experimento científico da história da humanidade.

O Grande Colisor de Hádrons (LHC, na siglabetsul e ameinglês), um enorme acelerador de partículas, foi construído sob os Alpes entre 1998 e 2008, para esmagar átomos e estudar os resultados.

Ele trouxe descobertas como o bóson de Higgs, a chamada "partícula de Deus". E continua a permitir que os cientistas investiguem cada vez mais o mundo subatômico.

O trabalho de Rutherford gerou a ciência que, hoje, é utilizada no LHC, na fronteira entre a França e a Suíça
O trabalho de Rutherford gerou a ciência que, hoje, é utilizada no LHC, na fronteira entre a França e a Suíça
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Cliff trabalha na sede do Cern (siglabetsul e amefrancês que designa a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear) no LHC. Ele afirma que o trabalho se dedica a descobrir as "partículas fundamentais que compõem o universo e que ainda não descobrimos".

Um exemplo é a matéria escura, uma substância invisível que representa 80% de toda a matéria e "para a qual todos adorariam encontrar uma explicação".

Para ele, estes esforços "são herança direta" dos primeiros experimentos de Rutherford, agora "em uma escala que ele nunca poderia ter imaginado".

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