baixar esporte da sorte-Cena de masturbação de alunos de medicina: nojo padrão elite
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O horror foi protagonizado por estudantes durante jogo de vôlei feminino. Em grupo, eles abaixaram as calças e expuseram seus pênisbaixar esporte da sorte de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar
A cena parece vinda de um filme que mostra os horrores protagonizados por estudantes que pertenciam a uma fraternidadebaixar esporte da sorteuniversidades americanas, lá pelos anos 80. Mas aconteceu no Brasil de 2023 mesmo.
O vídeo, que viralizou neste domingo (17/09), mostra estudantes de medicina da Universidade de Santo Amaro (Unisa) de calças abaixadas, simulando uma masturbação coletiva na quadra onde o time de vôlei feminino da Universidade São Camilo jogava. A partida aconteceubaixar esporte da sortejogos universitários organizadosbaixar esporte da sorteabril no interior do estado de São Paulo.
É possível ver as imagens lamentáveis na internet. Nelas, cerca de 20 homens aparecem correndo na quadra com as calças abaixadas, tocando suas partes íntimas, enquanto as estudantes mulheres jogavam vôlei, no maior estilo homens das cavernas.
A bizarrice parece ser banalizada, já que o jogo continuou. Sim, as moças jogaram depois dessa agressão.
E só ficamos sabendo desse absurdo, de fato porque um vídeo denunciando o caso começou a circular nas redes sociais. Na segunda-feira, a imagem causou justa indignação. O Ministério das Mulheres se pronunciou: "Atitudes como a dos alunos de Medicina, da Unisa, jamais podem ser normalizadas — elas devem ser combatidas com o rigor da lei".
Depois de muita reclamação, a universidade informou que teria expulsado os alunos que foram identificados no vídeo, mas não informou quantos foram. Se todos que aparecem no vídeo forem punidos, serão muitos. A Polícia Civil de São Paulo também informou que passou a investigar o caso.
Abuso recreativo
O que teria acontecido se o vídeo não tivesse viralizado? Nada, já que a ogrice sem limites, ou o abuso recreativo contra mulheres, é uma espécie de "tradição" de muitas universidades de medicina do Brasil.
E, segundo denúncias de alunos, os trotes, por exemplo, costumam ser terríveis. Na Unisa, conhecida por ser uma das mais tradicionais escolas de medicina de São Paulo, o "ritual" parece ser especialmente terrível.
Segundo reportagem publicada no UOLbaixar esporte da sorte2022, calouros seriam expostos a constrangimentos. Um dos abusos seria justamente ter que correr nu. A reportagem informa também que todos os estudantes tinham que aprender um hino sexista, que falavabaixar esporte da sorte"pegar as caipiras e comerbaixar esporte da sorteum canto". Horrível.
Expulsão?
Alguns deles serem expulsos é uma boa notícia. Mas o certo mesmo,baixar esporte da sorteminha opinião, seria que eles fossem impedidos de ser médicos.
Afinal, que mulher se sentiria segura ao ser atendida por um médico que importunou colegas desfilando com os pênis na mão durante um campeonato esportivo,baixar esporte da sortefrente a uma quadra lotada? Que respeito esses sujeitos teriam por pacientesbaixar esporte da sortemomento de vulnerabilidade?
"Ah, mas eles são só meninos", dizem aqueles que insistembaixar esporte da sortechamar os jovens brasileiros (e também os adultos) de "meninos" e assim desculpar todas as suas "peraltices" (que muitas vezes não tem nada de brincadeira, ao contrário, são crimes mesmo).
Esse tipo de comportamento é ainda mais tolerado quando ele vem de filhos da elite, daqueles meninos brancos, filhos de rico, o "futuro do país" (contém ironia).
Os estudantes sabem disso muito bem, tanto que desfilaram pelados tocandobaixar esporte da sorteseus órgãos sexuais, na frente das colegas, totalmente à vontade, com a certeza de que ficariam impunes. Afinal, eles são ricos, de elite e geralmente nada acontece com eles.
E quem representa melhor esses filhos da elite do que os estudantes de medicina?
Elite econômica
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisa Educacional (Inep)baixar esporte da sorte2020 mostrou que 80% dos estudantes de medicinabaixar esporte da sorte2019 eram bancados pelas suas famílias.
Nos últimos anos, graças a programas de inclusão como as cotas e o Prouni, negros e filhos de famílias pobres passaram a ter mais acesso à universidade. Mas, mesmo assim, a medicina ainda é ocupada principalmente por brancos e ricos. Afinal, uma mensalidade de um curso custa cerca de R$ 10 mil.
Em geral, estudantes de medicina vieram de "bons" colégios (daqueles que custam quase o mesmo que a universidade), muitos, sabem outras línguas, ou seja, teoricamente, eles deveriam ser pessoas educadas, inclusive porque passarbaixar esporte da sortemedicina é difícil mesmo, exige estudo. Mas, claro, não podemos chamar pessoas como as que fizeram o número da "masturbação coletiva" de "bem-educadas". Elas são o contrário disso. Parecem não saber os princípios básicos de civilidade.
Livros e escolas "excelentes"(sic), assim como boas notas, parecem realmente não garantir muita coisa, já que esses sujeitos parecem não ter recebido educação básica, aquela que diz que devemos respeitar nossos colegas, e, claro, respeitar as mulheres. Será que eles recebem parabéns dos pais depois de tal demonstração de "macheza"?
Esse não é o primeiro, e provavelmente não será o último escândalo protagonizado por estudantes de medicina. Pelo contrário, os casos se multiplicam.
Obviamente não estou falando que todos os estudantes de medicina são abusadores. Não é o caso. Mas é preocupante como os casos de abuso e sexismo acontecem entre essa categoria, que deveria ser formada para nos dar segurança e ter sensibilidade. E não manifestação de ignorância. E muito menos, medo. Sim, o que uma mulher sente ao pensar que esses tipos podem se tornar médicos é… medo.
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Nina Lemos é jornalista e escritora. Escreve sobre feminismo e comportamento desde os anos 2000, quando lançou com duas amigas o grupo "02 Neurônio". Já foi colunista da Folha de S.Paulo e do UOL. É uma das criadoras da revista TPM. Em 2015, mudou para Berlim, cidade pela qual é loucamente apaixonada. Desde então, vive entre as notícias do Brasil e as aulas de alemão.
O texto reflete a opinião da autora, não necessariamente a da DW.