esportes e sorte-De Antonieta a Malunguinho: as mulheres negras pioneiras na política brasileira
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A primeira parlamentar negra, Antonieta de Barros, foi eleita há 88 anos,esportes e sorte1934; para a co-vereadora Carolina Iara (PSOL-SP), "as mulheres negras são a síntese do programa de transformação social"esportes e sorte de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar
Historicamente, diversas mulheres negras estiveram na linha de frente da luta por direitos igualitários, que incluíssem não apenas o gênero, mas também levassemesportes e sorteconsideração a racialidade. O voto histórico de Almerinda Farias, única mulher negra a depositar seu voto na urna durante a Assembleia Constituinte de 1933, marca a inserção das mulheres negras na política. Na ocasião, como representante classista, ela foi a única mulher a votar e a ser votada.
A conquista, entretanto, pode ser considerada como mais um exemplo do racismo institucional: mesmo sem explicitar, as exigências fizeram com que as negras tivessem dificuldades de acessar o direito, fato que levanta discussões até hoje. Para a pré-candidata a co-deputada estadual e co-vereadora pelo PSOL, Carolina Iara, é portanto necessário honrar essas mulheres negras que abriram o caminho na política.
"O 25 de julho marca o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, honrando todas as nossas ancestrais e contemporâneas que tornam possível a existência e a luta pela liberdade plena das mulheres negras", destaca.
"E como mulher intersexo e travesti, vejo como um dia de relembrar a pluralidade e diversidade do que é ser mulher negra, trans e cisgênero, LGBTQIAP+ ou hétero, do campo e da cidade, da periferia ou do centro, todas atravessadas pelo racismo e o patriarcado que torna nossas existências permeadas por injustiças sociais, econômicas e subjetivas. O dia 25, portanto, é um marco de nossas lutas e da importância de nossas vidas", completa a co-vereadora.
Neste Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, a Alma Preta Jornalismo reúne uma lista de mulheres que fizeram história na política nacional e foram essenciais para levar a luta da população negra para o campo institucional.
Antonieta de Barros, a primeira deputada estadual negra (1934)
Antonieta foi a primeira deputada mulher e negra a ocupar um cargo políticoesportes e sortetodo o país,esportes e sorte1934,esportes e sorteSanta Catarina. Na foto que registra o dia deesportes e sorteposse, havia dezenove pessoas: apenas ela enquanto mulher, apenas ela enquanto negra.
Vale lembrar que Antonieta foi eleita menos de meio século após a abolição do regime escravagista e apenas dois do sufrágio feminino — que deu às mulheres direito ao voto facultativo, há 90 anos,esportes e sorte1932. Num país fortemente preconceituoso quanto à classe, cor e gênero, a parlamentar tinha orgulho deesportes e sortehistória.
Ela foi a autora da Lei 145/48 que instituiu o 15 de outubro como o Dia do Professor,esportes e sorteSanta Catarina. Foi a primeira vez que a data foi oficialmente atribuída.
Theodosina Rosário Ribeiro, a primeira vereadora negra de São Paulo (1974)
Eleita a primeira vereadora negra da Câmara Municipal de São Paulo (CMSP), Theodosina também foi professora, diretora de escola, advogada e deputada estadual. Sempre lutou por mais liberdade para as mulheres e todas as pessoas negras.
Sua paixão pela política teve uma forte influência do pai, o capitão da Força Pública (atual Polícia Militar) José Ignácio do Rosário, que era admirador do presidente Getúlio Vargas e do ex-governador de São Paulo Ademar de Barros.
Laélia Alcântara, a primeira senadora negra (1982)
Laélia Contreiras Agra de Alcântara, conhecida como Laélia de Alcântara, foi a primeira negra a ocupar uma cadeira de senadora da República no Congresso Nacional. Ela representava o estado do Acre pelo PMDB.
Sua carreira política, no entanto, começouesportes e sorte1962, quando foi eleita suplente de um deputado federal. Com a volta do pluripartidarismoesportes e sorte1980, Laélia mudou para o PMDB - atual MDB - e, com o afastamento do senador Adalberto Sena, por razões de saúde, assumiu o mandato interinamente entre 3 de abril e 29 de julho de 1981. No início do ano seguinte,esportes e sortejaneiro de 1982, assumiu a cadeira definitivamente, devido ao falecimento de Sena. Ao ser efetivada, Laélia tornou-se a terceira senadora da História do Brasil.
Benedita da Silva, a primeira vereadora negra (1982) e governadora (2002) do Rio de Janeiro
Em 1982, Benedita da Silva tornou-se vereadora do Rio de Janeiro, com uma campanha que fez história, já que ela se colocava como mulher, preta e favelada. Mais tarde,esportes e sorte1987, dos 559 deputados que compunham o processo constituinte, ela era a única mulher negra.
Benedita da Silva construiuesportes e sortevida pública envolvida nas lutasesportes e sortefavor das comunidades empobrecidas do Rio de Janeiro,esportes e sortecidade natal. Moradora do Morro Chapéu Mangueira durante 57 anos, iniciouesportes e sortetrajetória na Associação de Favelas do Estado do Rio de Janeiro.
A eleição para deputada federalesportes e sorte1986 foi o reconhecimento do trabalhoesportes e sortedefesa da mulher, da igualdade racial, da trabalhadora doméstica, das minorias, dos direitos humanos e das comunidades faveladas. Assumiu o mandato, que também era constituinte, com a determinação de incluir na nova Constituição democrática os direitos desses segmentos discriminados.
Em 2002, quando governou o estado do Rio de Janeiro, numa decisão inédita, nomeou 20% de negros para o primeiro escalão. Implantou a lei cotas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Ao ser eleita novamente deputada federal,esportes e sorte2010, foi escolhida para ser a relatora da Proposta de Emenda Constitucional, que ampliou os direitos trabalhistas das trabalhadoras domésticas, uma categoria com cerca de 7 milhões de pessoas.
Kátia Tapety, a primeira vereadora trans negra do Brasil (1992)
Em 1992, o Brasil elegia a primeira travesti para um cargo político deesportes e sortehistória. Kátia Tapety, travesti, negra, residente no município de Colônia do Piauí, a 388 quilômetros ao sul da capital Teresina, ingressou no Partido da Frente Liberal (PFL), atual Democratas (DEM), pelo qual foi eleita vereadoraesportes e sorte1992, 1996 e 2000, sempre como a mais votada.
Foi também presidenta da Câmara Municipal no biênio 2001-2002. Em 2004, Tapety foi eleita vice-prefeita na chapa com Lúcia de Moura Sá. A candidatura de ambas contou com 62,13% dos votos dos 5.417 eleitores da pequena cidade.
Olívia Santana, a primeira deputada negra da Bahia (2018)
A eleição da professora Olívia Santana (PCdoB) para ocupar uma das 63 cadeiras da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), com sede no Centro Administrativo (CAB),esportes e sorteSalvador, representou bem mais do que uma simples vitória política nas urnas, foi um marco histórico, porque ela se tornou a primeira mulher declarada negra a ser eleita para o posto na Bahia.
Olívia teve 57.755 votos e comemorou nas redes sociais. Foi a quarta vez que ela se candidatou para o cargo de deputada estadual: teve três tentativas frustradasesportes e sorte2002, 2010 e 2014.
Érica Malunguinho, a primeira deputada trans negra (2018)
Antes de ser eleita deputada estadualesportes e sorteSão Paulo, Érica Malunguinho da Silva já atuava no campo político, por direitos sociais. Primeira mulher trans a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa, criou o Aparelha Luzia, quilombo urbano responsável por fomentar debates e disseminação da cultura entre artistas e intelectuais negros e a sociedade civil.
Desde a fundação, o Aparelha Luzia - localizado no centro da capital paulista - virou ponto de encontro de pessoas negras de todas as idades e regiões. Educação, artes cênicas e visuais, política, racismo, machismo,são alguns dos assuntos debatidos.
A pernambucana Erica Malunguinho é formadaesportes e sortehistória da arte pela Universidade de São Paulo. Sua luta política sempre foi contra homofobia, transfobia, machismo e racismo.
Carolina Iara, a primeira co-vereadora negra, travesti e intersexo (2020)
Carolina Iara de Oliveira foi eleita a primeira travesti e a primeira intersexo a ocupar um vaga legislativa no Brasil. Servidora pública da saúde e ativistaesportes e sortedireitos sociais e humanos, Carol é pré-candidata ao cargo de co-deputada estadual.
Para ela, a próxima eleição será um momento de transição para o Brasil.
"Oxalá faça que seja uma transição rápida no primeiro turno e que consigamos colocar os movimentos sociais e as pessoas nas ruas para impedir intentos golpistas de [Jair] Bolsonaro [PL]. Mas, nós não queremos reconstruir o Brasil, queremos refundar, e tirar as entranhas do racismo como estruturante da sociedade brasileira, e do sexismo e patriarcado como estruturante da reprodução social do capital e do trabalho", destaca.
Eliana Gonzaga, a primeira prefeita negra de Cachoeira, na Bahia (2020)
A cidade de Cachoeira elegeuesportes e sorteprimeira prefeita negraesportes e sorte2020, 490 anos depois daesportes e sortefundação. Eliana Gonzaga (Republicanos-BA), foi eleita na cidade histórica do Recôncavo Baiano, derrotando grupos políticos tradicionais da região. Na campanha eleitoral, ela foi alvo de ataques racistasesportes e sorteredes sociais.
Filha de feirantes, Eliana começou a trabalhar cedo, ajudando os pais no mercado municipal de Cachoeira. Na juventude, aproximou-se da política por meio do Sindicato de Trabalhadores da Agricultura Familiar.
Disputou seu primeiro mandato eletivoesportes e sorte2008, quando foi eleita vereadora. Reelegeu-seesportes e sorte2012 e quatro anos depois foi candidata à vice-prefeita, sendo derrotada. Em 2020, decidiu concorrer à prefeituraesportes e sorteuma ampla coligação de partidos de oposição ao prefeito Tato Pereira (PSD-BA), que disputava a reeleição.
A campanha foi agressiva e marcada por ataques racistasesportes e sortetextos que circulavamesportes e sortegrupos locais. Mesmo assim, venceu as eleições para prefeitura de forma surpreendente, colocando fim a um ciclo de 16 anos de governos da família Pereira.
A importância de eleger mulheres negras
Para Carolina Iara, as mulheres negras são a síntese do programa de transformação social, desde que de forma coletiva e comprometida com a agenda histórica de lutas do movimento de mulheres negras.
"Como diz Angela Davis, quando mulheres negras se movem, o mundo se move. E o projeto de bem viver das mulheres negras é solidário, é generoso e é o contrário da injustiça do capitalismo que temos hoje. Por isso é importante toda a esquerda valorizar e incentivar o voto antirracista e feministaesportes e sortemulheres negras nesse ano", finaliza a co-vereadora.
"90 anos do sufrágio feminino no Brasil: onde estavam as mulheres negras?"