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patrocinio esportes da sorte-“Fui muito ameaçado quando meu pai me tirou do armário para o Brasil”, diz filho de Mauricio de Sousa

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Mauro Sousa foi vítima de homofobia quando o pai publicou uma foto dele com o marido no Instagram, mas desafio o fortaleceu
29 jun 2023 - 05h00
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Mauro Sousa: acolhimento da família foi essencial, mas não impediu que ele fosse alvo de homofobia
Mauro Sousa: acolhimento da família foi essencial, mas não impediu que ele fosse alvo de homofobia
Foto: Divulgação

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Mauro e Rafael estavam juntos há 12 anos quando Mauricio de Sousa publicou uma foto junto do casalpatrocinio esportes da sortesuas redes sociais. A legenda não tinha qualquer firula, era prática e descritiva: “Eu, meu filho e meu genro”. Mauro se surpreendeu com a publicação. Sua homossexualidade nunca havia sido questionada pela família, ele sequer precisou anunciar aos seus sobrepatrocinio esportes da sorteforma de amar. A própria mãe o fez, depois de uma conversa acolhedora. 

Logo Mauro conheceu Rafa, e o acolhimento se estendeu a ele de uma forma tão bonita que Mauro achou que estava a salvo. Mas a guarida ficou restrita à casa. Quando Mauricio publicou a foto, seguidores do maior cartunista do país ostensivamente decidiram atacar Mauro, pura e simplesmente porpatrocinio esportes da sortesexualidade.

Mauro detalhou com exclusividade ao Terra NÓS o doloroso processo de sair do armário publicamente, para pessoas desconhecidas (muitas delas, criminosas). 

“Quando meu pai postou aquela foto,patrocinio esportes da sorte2019, recebi uma enxurrada de comentários – dos mais bonitos aos mais feios aos mais horrorosos. Fiquei apavorado porque não tinha passado por issopatrocinio esportes da sortecasa. A sensação era de que todas aquelas pessoas queriam que eu voltasse para o armário.”

Mauro teve crises de pânico. Sair na rua era aterrorizante; dormir, um tormento. Ele se encolhia na cama, com os braços apertando as pernas contra o tronco fortemente, numa tentativa de abrigar a si mesmo. “Tinha medo o tempo todo. Medo de ser quem eu era, de ser reconhecido na rua. Recebi tudo quanto é tipo de ameaça. Acho importante ressaltar que vivi tudo isso mesmo sendo um cara privilegiado, que tem apoio da família. Foi um processo muito denso, precisei de bastante terapia até chegar onde estou hoje. Sou bem resolvido com tudo que aconteceu, me fortaleceu, sim, mas não desejo isso para ninguém.”

Mauro com o marido, Rafa, e o pai, Mauricio de Sousa, na fatídica imagem postada pelo cartunista no Instagram: "recebi uma enxurrada de comentários – dos mais bonitos aos mais horrorosos"
Mauro com o marido, Rafa, e o pai, Mauricio de Sousa, na fatídica imagem postada pelo cartunista no Instagram: "recebi uma enxurrada de comentários – dos mais bonitos aos mais horrorosos"
Foto: Instagram/@mauricioaraujosousa

“Me fortaleceu como pessoa, profissional, como gay e ativista. Hoje, sou alguém que tem muita consciência do que fala, alguém cujos principais pilares de vida são abraçar a causa LGBTQIA+ e lutar por ela.”

Mauro é diretor da Mauricio de Sousa produções e está à frente do mais novo espetáculo de 60 anos da Turma da Mônica, que estreiapatrocinio esportes da sorte1º de julhopatrocinio esportes da sorteSão Paulo e no Rio de Janeiro. Vive, atualmente,patrocinio esportes da sortemelhor fase profissional e pessoal, que leva como herança a terapia. Não parou a análise. Faz terapia individual e familiar, junto de Rafael, que, segundo ele, segurou a onda e o fortaleceu quando tudo desabou.

O ser gay

Mauro começa a entrevista dizendo que nasceu gay; reitera que não escolheu ser gay nem se transformoupatrocinio esportes da sorteum homem gay durante a vida. “Orientação sexual não é escolha”, ressalta. Ele compreendeupatrocinio esportes da sorteorientação sexual aos dez anos, e ele se lembra com clareza desse momento. 

Mas desde antes desse momento, Mauro sentia coisas diferentes pelos meninos – sentimentos que ganharam nome quando os hormônios foram ganhando forma. “Lembro de escrever na escrivaninha do meu quarto ‘gay’. Foi a primeira vez que encarei aquela palavra. Mas entrei numa questão que não é biológica, é psicológica: a tentativa de negar minha sexualidade”.

“Era uma confusão que ninguém merece viver. Nenhuma criança deveria passar por isso. O processo de me compreender gay foi muito solitário e doloroso porque, nos anos 1990, as referências de pessoas LGBTQIA+ eram muito estereotipadas. Os gays na tevê eram motivo de chacota, e era assim que eu me sentia: uma piada. Me julgava como algo ruim, tinha vergonha de quem era, vergonha de sentir o que sentia. Se eu tivesse referências melhores, tratadas com respeito, certamente teria sido menos traumático para mim”.

Mauro Sousa sobre o longo caminho de entender e aceitar a própria sexualidade: "Lembro de escrever na escrivaninha do meu quarto ‘gay’. Foi a primeira vez que encarei aquela palavra"
Mauro Sousa sobre o longo caminho de entender e aceitar a própria sexualidade: "Lembro de escrever na escrivaninha do meu quarto ‘gay’. Foi a primeira vez que encarei aquela palavra"
Foto: Divulgação

Dos dez aos dezoito anos, Mauro viveu seu processo de descoberta de forma solitária, preenchido por medo, vergonha e conflitos. Beijou um garoto pela primeira vez aos 14 anos, que conheceupatrocinio esportes da sorteum bate-papo na internet. O encontro dos dois precisava ser num lugar público por questões de segurança, mas estarpatrocinio esportes da sortelugar público para Mauro era assustador. Ele temia, o tempo todo, ser reconhecido. 

Mauricio de Sousa epatrocinio esportes da sorteTurma da Mônica são sucesso absoluto. Seus filhos, por osmose, desde pequenos eram sucesso também. Mauro inspirou o personagem Nimbus, o menino tímido que, hoje, zero se assemelha ao homem que Mauro se tornou. A timidez era uma tentativa de esconder quem era, de ser invisível. Ele era um menino afeminado, e sempre que abria a boca perto de outras crianças, era vítima de homofobia – antes mesmo de saber o significado dessa palavra. 

“Peguei um táxi e fui até o garoto. Combinamos de nos encontrar na Avenida Paulista, e eu tremia, suava frio. Não tinha medo de ele não ser quem eu pensava, meu medo era que alguém me reconhecesse. A gente ficou. Fui para a casa dele. Foi a primeira vez que beijei outro homem. Na hora, foi bom. Mas quando chegueipatrocinio esportes da sortecasa e me olhei no espelho, senti nojo de mim mesmo. Lembro de lavar minha boca com sabonete, pensava ‘o que eu fiz, meu Deus?’. Dois homens se beijando, naquela época, era uma monstruosidade. Só que no dia seguinte já quis beijar de novo.”

Quando acordou e sentiu vontade de repetir o beijo, Mauro compreendeu com clarezapatrocinio esportes da sortesexualidade, apesar de achar que não poderia compartilhá-la com ninguém. Guardar o segredo sobre si mesmo, entretanto, era denso demais para ele. Decidiu, então, se abrir com seu melhor amigo à época, Leandro. “Quando contei que era gay, ele disse que também era. Isso salvou minha vida. Tive um aliado, e esse aliado era, por sorte, uma pessoa com quem eu já era grudado”, diz.

Leandro e Mauro se firmaram uma dupla inseparável. Começaram a descobrir os espaços destinados ao público LGBTQIA+patrocinio esportes da sorteSão Paulo – que eram bem mais escassos que hoje. Faziam tudo isso escondido. O primeiro lugarpatrocinio esportes da sorteque Leandro e Mauro foram juntos foi a antiga danceteria Túnel, no centro de São Paulo. “A primeira coisa que vi quando cheguei foi um casal de homens se beijando. Fiquei muito intimidado, apesar de achar lindo. Até então, aquilo, para mim, era proibido. Tinha show de drag queens; pessoas livres circulando ali. Senti que aquele lugar era um espaço seguro para mim”.

Estratégia bem pensada

A danceteria se firmou como refúgio dos amigos. Mas Mauro, ainda adolescente, ainda precisava justificar aos pais aonde ia. Ele criou, então, uma estratégia junto de Leandro. Inventaram que iriam para uma balada hetero na zona sul de São Paulo. Iam até lá, mas não entravam. Pegavam um táxi na porta da balada e voltavam para o centro, para a Túnel. Para voltar, a mesma coisa: viajavam até a Vila Olímpia para, de lá, pegar o táxi atépatrocinio esportes da sortecasa. 

Esse procedimento durou três anos. Mauro e Leandro tinham códigos, que usavam quando estavam na frente de outras pessoas e decidiam mudar o rumo do rolê. “Até que uma vez estava na Túnel e um garoto chegou até mim e disse: ‘Acho que conheço seu pai’. Pronto, o mundo acabou para mim ali. Era a pior frase que eu poderia ouvir naquele momento. Fiquei branco, fui embora na hora. Parecia que havia aberto um buraco no chão”, relembra Mauro.

“Só conseguia pensar que iriam contar para o meu pai que eu estavapatrocinio esportes da sorteuma balada gay. Passei três semanaspatrocinio esportes da sortepleno desespero, achando que a qualquer momento meu pai iria falar comigo sobre isso. Passei essas três semanas sem voltar lá. Quando percebi que ele não tinha falado nada, senti que o perigo havia passado e voltei a ir”, ri. 

Confiança inabalável

Mauro com Mauricio de Sousa: acolhimento incondicional da família fortaleceu filho do cartunista
Mauro com Mauricio de Sousa: acolhimento incondicional da família fortaleceu filho do cartunista
Foto: Andy Santana

A relação de confiança entre Mauro e os pais parecia inabalável. Era algo pelo qual Mauricio e a mãe de Mauro, Alice, sempre prezaram, e esse histórico fazia com que o garoto se sentisse culpado por ter que se esconder. Era doloroso, e fingir ser alguém que não era se tornou cansativo demais para aguentar. 

Aos dezoito anos, ele decidiu contar à mãe sobrepatrocinio esportes da sortesexualidade, momento que idealizou e imaginou por muitos anos. Na imaginação, esse dia chegaria com a mãe aos prantos e ele tentando ser forte. A prática rolou ao contrário. Ele nem precisou dizer nada. Alice disse a frase de alento com que Mauro sempre sonhou: ‘Meu filho, eu sei que você é gay. E eu te amo do mesmo jeito. Quero te ver bem, quero conhecer seu namorado’.

Quem caiu aos prantos foi Mauro ao ouvir o afago da mãe. Nempatrocinio esportes da sorteseus sonhos mais subjetivos essa reação era possível. Foi ela quem se manteve firme, acolhendo-o. “Depois desse dia, ninguém mais importava. Sabia que, com minha mãe me acolhendo, estava pronto para ser quem eu era sem medo de ser feliz. Minha vida começou a mudar para melhor. Quem falou com meu pai foi ela, e até hoje não sei qual foi a reação dele na hora. Mas ele nunca me desrespeitou, nunca me tratou com preconceito. Nunca senti nada de ruim vindo da minha família. Foi um acalanto”.

Meu primeiro amor

Não demorou muito até que Rafael surgisse na vida de Mauro, como paquera de um paquera. Mauro combinou com o crush de encontrá-lo no aniversário de Tiago Abravanel,patrocinio esportes da sorteoutra balada LGBTQIA+. O paquera, entretanto, foi acompanhado ao aniversário. Mauro ficou frustrado, mas não deixou de notar o boy do boy. “Era o Rafa. E ele era muito gato”, ri.

Os dois se encontraram ocasionalmentepatrocinio esportes da sorteoutro bar duas semanas depois. Rafa deu uma piscadinha cafonérrima, e Mauro se derreteu todinho. O match veio, e já se passaram 16 anos. Rafael também trabalha na Mauricio de Sousa produções.

O apoio do marido enquanto o mundo desabava foi imprescindível para que Mauro superasse a homofobia. “Só nos afetou positivamente, nos uniu como casal. Hoje, num relacionamento forte pautado por muita terapia e conversa, o amor se refaz todos os dias".

Fonte: Redação Nós
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