betboo 940-“Não sou pedra, sou cristal”: aos 15 anos, atriz trans Milena Gerassi relembra autodescoberta e apoio da família
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No filme “Avenida Beira-Mar”, Milena interpreta a jovem Mika, uma menina trans que luta contra preconceitos dentro de casabetboo 940 de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar
Aos 15 anos, Milena Gerassi já conhece a responsabilidade de fazer parte da representatividade de pessoas trans e LGBTQIA+ no cinema brasileiro. Natural de São Paulo, Milena traz na bagagem uma história de autodescoberta, acolhimento familiar e o desejo de transformar as telas combetboo 940atuação.
Sobrebetboo 940identidade e o processo de se descobrir como uma menina trans, Milena afirma que sempre soube quem era. “Sempre soube quem eu queria ser por fora, como eu gostaria que minha imagem fosse, já que por dentro sempre fui Milena, só não sabia como ‘mudar’ esteticamente”, diz a atrizbetboo 940entrevista ao Terra NÓS.
A revelação completa veiobetboo 940uma conversa com a família, onde ela verbalizou pela primeira vez a maneira como se via. “Eu falei: ‘eu não sou pedra, sou um cristal’, querendo dizer que eu não era essa masculinidade bruta, e, sim, algo feminino, brilhante e delicado”.
Para Milena, esse momento foi marcante e transformador. “Na mesma hora, uma rede de apoio se formou por mim”, compartilha, lembrando que foi acolhida porbetboo 940irmã ebetboo 940família. Todos estavam dispostos a iniciar esse novo capítulo ao lado dela.
“No outro dia, fui questionada pela minha mãe: ‘Como você quer que eu te chame?’. E assim minha família começou a se acostumar com o novo nome e com os pronomes, a nova seção da loja de roupas, as maquiagens exageradas para reforçar feminilidade. Tudo no meu tempo, recebendo o máximo de apoio deles”, conta a atriz.
Interpretando Mika
Ao interpretar Mika no filme “Avenida Beira-Mar”, uma menina trans que vivebetboo 940identidade de forma escondidabetboo 940casa, Milena se deparou com um desafio ainda maior. Diferente debetboo 940própria aceitação familiar, a personagem enfrenta um ambiente de preconceito e falta de compreensão.
“Interpretar a realidade de uma trans no Brasil pode ser definido como algo complexo porque eu sou uma das pouquíssimas que teve o privilégio de ser aceita e acolhida pelos pais e pela família. A Mika é uma criança que quer brincar, andar de patins, dançar e, quando vai para casa, tem que armar o escudo, enfrentar o preconceito dos pais sem abaixar a cabeça”, explica.
“Eram muitos sentimentos que tinham que ser vivenciados e sentidos, então eu me preparava emocionalmente para passar pelas situações, mas também fechava os olhos e ia, pois penso que quanto mais a gente fica preocupada sobre algo, fica mais difícil vivenciarmos”, acrescenta Milena.
“Para me conectar com ela, tive que entender o que fazia a Mika ser a Mika, e foi aí que eu comecei a prestar atenção no tom de voz dela, na feminilidade dela e me abrindo para ter aquela vibe de criança que quer brincar de boneca e andar de patins rosa na beira da praia”.
“Depois eu fui entrando na parte dos traumas dela, que a fizeram criar esse escudo com os outros por medo de machucarem ela e transformando isso até mesmobetboo 940deboche. Foi bastante coisa para me conectar e me relacionar", relata a atriz de 15 anos ao Terra NÓS.
Outro aspecto essencial abordado no filme “Avenida Beira-Mar” é a amizade entre Mika e Rebeca, personagens que vêm de realidades diferentes, mas encontram uma conexão genuína e um apoio verdadeiro. Para Milena, essa relação simboliza a força das amizades como uma forma de resistência e acolhimento.
“O amor de uma amizade pode conectar seres de diferentes lugares e realidades, então é de extrema importância isso ser retratado nas telas. Rebeca, que é interpretada pela atriz Milena Pinheiro, é vista como uma família para a Mika, e isso mostra para nós que é importante termos nossas amizades e apoios ao longo da nossa vida. A Mika não tem apoio dentro de casa, então consegue encontrar na rua o apoio de uma menina que nem imagina o que ela passa ou já passou, mas que escolhe estar ao lado dela”.
O peso emocional das cenas
As cenas mais intensas do filme trouxeram uma carga emocional importante para Milena, que, embora soubesse estarbetboo 940um ambiente de ficção, sentiu opeso do preconceito representado ali.
“As cenas eram bem pesadas de certa maneira. Sentíamos a energia do set pesar um pouco e todo mundo ficavabetboo 940silêncio, porque eram momentos que tínhamos que gritar, ter a respiração mais pesada e acabava refletindo muito no humor, mas depois voltava ao normal e começávamos a rir e nos abraçar”, conta Milena.
A representatividade trans
Como atriz trans, Milena entende a importância da representatividade que oferece para o público jovem, especialmente para quem compartilha vivências semelhantes. “É uma oportunidade de me colocar nos sentimentos de todas as outras [pessoas trans] que estão por aí e entender o que elas passam”.
“Acho que a bandeira que eu carrego é muito grande e espero que essa representatividade possa um dia se tornar algo normal para o Brasil: ter uma atriz trans protagonizando um filme, uma novela e estandobetboo 940algum espaço da mídia e da artebetboo 940que não seja vista como diferente”, declara.
Moda e identidade
Milena também revela uma identificação profunda com a relação de Mika com a moda, especialmente com o uso das roupas debetboo 940irmã como forma de expressarbetboo 940feminilidade.
“Foi igual ao meu processo de transição,betboo 940que eu fazia a mesma coisa enquanto eu não tinha as roupas que eu queria. Usava as da minha irmã mais velha e pedia alguns produtos de maquiagem”.
Essa conexão ajudou Milena a se entregar à personagem. “As cenas dela se admirando no espelho com seu brinco ou passando perfume foram muito fáceis já que eu sabia exatamente como ela se sentia”.
Para a atriz, participar do filme representa uma conquista pessoal e profissional. “É um símbolo de vitória, de uma luta tão longa e dura que é a vida de uma mulher trans no Brasil”, ressalta Milena.