dicas de aposta sportingbet-Que diferenças cientistas negros podem fazer?
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Inexpressividade de cientistas negros no seleto grupo de bolsistas do CNPq é espelho da nossa ordenação racistadicas de aposta sportingbet de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar
Na semana passada, a organização Parent in Science - que tem a missão de apoiar mães na ciência - divulgou dados sobre os cientistas brasileiros que são contemplados pelas bolsas de produtividade do CNPq. Tais bolsas são um importante mecanismo de apoio e fomento à ciência brasileira.
Pois bem, dentre os cientistas contemplados no primeiro escalão da produtividade brasileira, temos um total de 0,7% de homens negros e 0% de mulheres negras. Exatamente isso: nenhuma cientista negra está dentro do seleto grupo de bolsistas PQ 1 do CNPq, e o percentual de homens negros é irrisório.
O número não é só estarrecedor, como vergonhoso - já que o baixo percentual se estende para cientistas indígenas e os autodeclarados pardos. Isso porque, a despeito de uma série de dificuldades impostas pelo racismo, nós temos importantes cientistas negros e negras atuando agoradicas de aposta sportingbetuniversidades brasileiras.
Mas, fazendo uma breve retrospectiva do Brasil, não restam dúvidas que esse número é um espelho da nossa ordenação racista.
Ao ver o percentual foi impossível não lembrar do projeto de branqueamento engendrado por parte da elite brasileiradicas de aposta sportingbetconjunção com os representantes máximos do Estado nacional brasileiro no início da nossa experiência republicana. Em 1911, João Baptista Lacerda, importante antropólogo brasileiro, foi escalado pelo então presidente Hermes da Fonseca para representar o Brasil no Congresso Mundial das Raçasdicas de aposta sportingbetLondres. Ali, ele apresentou um projeto de embranquecimento da população brasileira que fazia da imigração europeia (subvencionada pelo Estado) uma espécie de mola propulsora do embranquecimento almejado. A ideia era que esses imigrantes brancos, europeus (e preferencialmente católicos) tivesse relações com as mulheres negras e mestiças do Brasil, para que num intervalo de 100 anos o país se livrasse dadicas de aposta sportingbetmancha negra. Segundo os cálculos e infográficos apresentados por Lacerda, caso a política de imigração fosse mantida por algumas décadas, no ano de 2012 o Brasil teria 0% de negros emdicas de aposta sportingbetpopulação.
Como bem sabemos esse projeto não deu certo,dicas de aposta sportingbetparte porquedicas de aposta sportingbetpremissa estava equivocada: do ponto de vista biológico, as raças humanas não existem, e não há desigualdades inatas entre os diferentes grupos humanos.
Mas há uma dimensão dessa política que venceu e continua vencendo: a ausência ou inexpressividade de homens e mulheres negros nos postos de mando, poder e prestígio. Algo que se expressa na ausência acachapante de cientistas negros no mais alto escalão da pesquisa brasileira, mas que também se faz sentir na direção de empresas, no parlamento brasileiros e no sistema de justiça do país.
Diversidade é benéfica para a ciência
Pois bem, para além da representatividade, que por si só já seria um motivo para que houvesse um número maior de cientistas negrosdicas de aposta sportingbetposições de prestígio e destaque, há outra dimensão que deve ser levadadicas de aposta sportingbetconta: numa sociedade estruturada pelo racismo, ser negro faz diferença na produção da ciência. Uma diferença que costuma ser profundamente benéfica para o desenvolvimento das pesquisas e do conhecimento científico.
E aqui trago o exemplo ilustrativo de Juliano Moreira. Ele nasceu na Bahiadicas de aposta sportingbet1872 e aos 18 anos já havia se formadodicas de aposta sportingbetmedicina, uma proeza e tanto para qualquer rapaz, mas que no seu caso era ainda mais significativa: Juliano Moreira era um menino negro, filho de uma mulher que trabalhou como doméstica na casa de um médico renomado na cidade de Salvador. Ao contrário da maioria dos meninos negros de seu tempo, Juliano pode estudar edicas de aposta sportingbetgenialidade rapidamente foi reconhecida. Não bastasse entrar para a Faculdade de Medicina da Bahia aos 14 anos, nadicas de aposta sportingbettese de conclusão de curso ele apresentou um estudo sobre a sífilis (uma das doenças mais frequentes na época), que questionava a existência de raças humanas na perspectiva biológica. Essa constatação feita por um jovem médico só foi comprovada por estudos genéticosdicas de aposta sportingbet1905.
Mas Juliano Moreira não parou por aí. Se tornou uma das mais importantes vozes no combate à ideia de que negros e mestiços eram biologicamente inferiores, e fez com que essadicas de aposta sportingbetposição se transformassedicas de aposta sportingbetpolítica pública enquanto esteve à frente do Hospício Nacional por quase 30 anos: é dele a autoria da primeira reforma psiquiátrica brasileira, que aboliu o uso de camisas de força e as grades, propondo uma outra percepção do que seriam as doenças mentais e suas possíveis causas.
Juliano Moreira não fez tudo isso apenas por ser um homem genial. Ele o fez por ser um homem negro, filho de uma mulher negra descendente de pessoas escravizadas. Esse seu lugar, fez com que as perguntas que ele lançasse para o mundo dialogassem com uma realidade que muitas vezes parecia invisível para a maior parte dos cientistas do Brasil de então. Juliano Moreira sabia que não existia o universalismo pregado pelo racismo científico de final do século 19 e começo do século 20. O mesmo universalismo que muita gente ainda defende.
E hoje,dicas de aposta sportingbetpleno ano de 2023, ainda é fundamental pontuarmos isso: o universalismo não é sinônimo das experiências brancas. As perguntas feitas pelos cientistas das mais variadas áreas são informadas pelo seu lugar no mundo. Quanto maior a variedade de pertenças e experiências de cientistas brasileiros (seja racial, de gênero, sexual e de classe social), maior será a gama de perguntas que a ciência poderá fazer e responder.
Quem perde com a ausência de cientistas negros no Brasil, é o país inteiro.
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Mestre e doutoradicas de aposta sportingbetHistória Social pela USP, Ynaê Lopes dos Santos é professora de História das Américas na UFF. É autora dos livros Além da Senzala. Arranjos Escravos de Moradia no Rio de Janeiro (Hucitec 2010), História da África e do Brasil Afrodescendente (Pallas, 2017), Juliano Moreira: médico negro na fundação da psiquiatria do Brasil (EDUFF, 2020) e Racismo brasileiro: Uma história da formação do país (Todavia, 2022), e também responsável pelo perfil do Instagram @nossos_passos_vem_de_longe.
O texto reflete a opinião da autora, não necessariamente a da DW.