cef lotofacil-Uma breve história das LGBTs com o Carnaval brasileiro
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Sabemos que para a cis-heterossexualidade, este é um momento para brincar com gênero. Para nós, por outro lado, a brincadeira também é sériacef lotofacil de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar
Colocar a peruca, botar um look babadeiro, passar maquiagem e ir para a festa. O processo de vestimenta de uma drag queen se aplica também para a prática de milhões de foliões que vão sair nos blocos do Brasil no Carnaval deste ano. Sabemos que para a cis-heterossexualidade, este é um momento para brincar com gênero. Para nós, por outro lado, a brincadeira também é séria.
Grosso modo, ao longo do século XX, o Carnaval no Brasil serviu como uma espécie de suspensão da moralidade. Os anos após a abolição da escravidão são marcados pela dura aplicação da lei da vadiagem que perseguia durante 360 dias aquilo que hoje consideramos natural ao carnaval: o samba preto e as vivências homoeróticas.
Tais práticas culturais eram relativamente permitidas apenas durante a folia – para os homossexuais – este era o momento no qual os desejos que ficavam resguardados o ano todo no âmbito da vida privada, poderiam se expressar publicamente pelo menos nestes cinco dias.
A presença de homens travestidoscef lotofacilroupas femininas é uma tradição carnavalesca que remonta a pelo menos desde 1913 com acervos do Museu da Imagem e do som do Rio de Janeiro.
Em 1937, o embaixador Hugh Gibson veio ao Brasil e capturou novamente a presença dessa prática, mas com figuras já com corpos mais amostra que propositalmente tendem a esconder traços masculinoscef lotofacilprol de compor uma figura mais feminilizada com o uso de maquiagem e plumas pomposas.
A visita de Gibson se aproxima do batizado de João Francisco dos Santos na mitológica figura de Madame Satã. Ao ser entrevistado pelo jornal alternativo Pasquimcef lotofacil1971, Satã conta como ganhou o codinomecef lotofacil1938 ecef lotofacilexperiência no carnaval carioca:
“Esse apelido de Madame Satã ganheicef lotofacil1938, no Bloco Caçador de Veados (…) Havia o baile de carnaval e o concurso. Então eu me exibi com a fantasia de Madame Satã no Teatro República e ganhei o primeiro lugar (…). O último ano que desfilei foi 1941. Eu estava preso, mas anulei um processo e vim passar o carnaval na rua. Desfilei com a Dama de vermelho”
Pulando um pouco no tempo, a permanência no imaginário nacional das marchinhas de João Roberto Kelly “Cabeleira do Zezé” de 1961 e “Maria Sapatão”, eternizada por Chacrinhacef lotofacil1981, mostram como a participação dos dissidentes sexuais e de gênero na folia sempre foi expressiva, tolerada, mas percebida negativamente a época pelo público geral.
Muita coisa mudoucef lotofacilmais de 40 anos de Carnaval, felizmente este não é mais o único espaço que temos para ter nossas vivências no quotidiano. Uma coisa, contudo, voltará aos desfiles desse ano: a presença de Madame Satã eternizada no samba-enredo da Escola Lins Imperial, recém-chegada ao Grupo Ouro do sambódromo carioca.
*Rodrigo Cruz Lopes é doutorandocef lotofacilCiência pela Unicamp