banca de aposta futebol-Campo de concentração na Amazônia aprisionou centenas de famílias japonesas durante 2ª Guerra
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Imigrantes ficaram internados na cidade de Tomé-Açu, interior do Pará, durante mais de três anos como 'inimigos de guerra' vivendo uma rotina de privações.banca de aposta futebol de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar
Quando o Brasil decidiu de que lado estava na 2ª Guerra Mundial e rompeu relações diplomáticas com os países do Eixo,banca de aposta futebol1942, uma parcela da população brasileira repentinamente passou a ser perseguida: imigrantes alemães, japoneses e italianos, e seus descendentes.
Em pouco tempo, grande parte deles foi enclausuradabanca de aposta futebol11 campos de concentração espalhados pelo país, cujo objetivo era, entre outros, evitar que os imigrantes agissem como agentes infiltrados para seus países de origem.
Um desses campos, o de Tomé-Açu, único localizado na região amazônica, se diferenciou dos demais por aprisionar sobretudo imigrantes japoneses. Lá eles viviam sob regras rígidas, com racionamento de energia e toque de recolher, além de censura de correspondências e proibição de se agrupar.
Conheça mais sobre esse episódio pouco explorado da 2ª Guerra no Brasil.
A criação do campo de Tomé-Açu
Até o ano de 1942, a colônia japonesa que existia à beira do rio Acará, a 200 km de Belém, hoje município de Tomé-Açu, vivia basicamente do cultivo de hortaliças e arroz.
Os primeiros imigrantes chegarambanca de aposta futebol1929, por meio da Companhia Nipônica de Plantação (Nantaku), que dispunha de terras na região. Outro importante impulso para consolidação da comunidade foi a fundação,banca de aposta futebol1935, da Cooperativa Agrícola do Acará.
Porém, o desenvolvimento da comunidade foi interrompido com a entrada do Brasil na guerra.
"O Brasil, muito pressionado pelas relações externas, fez ações de contenção dos 'inimigos de guerra', que eram os estrangeiros do Eixo - os alemães, italianos e japoneses", explica Priscila Perazzo, professora e pesquisadora da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) e autora de Prisioneiros da guerra: os "súditos do Eixo" nos campos de concentração brasileiros.
"Então, o governo decide montar campos onde pudesse internar pessoas desses países".
Rodeada pela floresta amazônica e acessível somente por via fluvial, a comunidade japonesa que se formoubanca de aposta futeboltorno da Nantaku e da Cooperativa era uma candidata ideal para sediar um desses campos.
Em 17 de abril de 1942, os japoneses perderam o direito aos seus bens, por meio de uma declaração de caducidade, e a vila às margens do rio Acará foi isolada. Nascia o Campo de Concentração de Tomé-Açu.
Boa parte das 49 famílias que viviam na região, à época, eram de agricultores, e tinham pouco conhecimento sobre os combates que ocorriam embanca de aposta futebolterra natal. Mesmo assim, foram considerados "prisioneiros de guerra", termo geralmente usado para militares apreendidosbanca de aposta futebolcombate, mas que, naquele momento, também foi usado para civis.
Os números são imprecisos, porém estima-se que, durante os seus três anos de existência do campo, cerca de 480 famílias de japoneses, 32 de alemães e alguns italianos foram parar ali.
Uma grande parte veio da capital Belém. É o caso da família de Elson Eguchi, de 79 anos. Seu pai, Yasuji, foi do Japão para o Peru, país com expressiva imigração japonesa. Mas foi no Brasil que ele se estabeleceu.
Com a guerra, Yasuji foi deslocado à força de Belém para Tomé-Açu. "Meu pai trabalhou como cozinheirobanca de aposta futebolBelém. O governo tirou ele de lá e o jogou aqui,banca de aposta futebolTomé-Açu, como campo de concentração", relata Elson.
Na capital paraense, a vida dos japoneses tampouco era fácil. "Em Belém, brasileiros saqueavam, queimavam as lojas, as casas dos japoneses. Muitos ficaram sem ter onde morar", conta Hajime Yamada, de 94 anos.
Ela chegou à região do Acarábanca de aposta futebol1929, na primeira leva de imigrantes, quando tinha 2 anos. Desde então, vivebanca de aposta futebolTomé-Açu, e presenciou os anos de dificuldades.
Muitos japoneses também foram trazidos do Amazonas, inclusive de Manaus, a 1.317 km de Tomé-Açu. Os dirigentes da Companhia Industrial Amazonense foram levados ao campo, e a imprensa local passou a denominá-los de "quinta coluna", termo utilizado,banca de aposta futebolcontexto de guerra, para designar espiões, sabotadores e traidores a serviço de outro país.
Em 2011, a Assembleia Legislativa do Amazonas fez um pedido oficial de desculpas a imigrantes japoneses pelos abusos cometidos durante a Segunda Guerra .
Como era o campo
Ao longo da história, campos de concentração assumiram diversas formas. No caso de Tomé-Açu, a colônia de imigrantes foi isolada dentro do perímetro do campo. As casas, o hospital e outras construções comunitárias foram, do dia para noite, subordinados ao poder do Estado.
"Como era um vilarejo praticamente perdido na Amazônia, cujo único acesso era feito por barco, no momentobanca de aposta futebolque o Estado controlou a embarcação, a comunidade acabou ficando isolada", explica Perazzo.
Muitos dos imigrantes forçados a se deslocar não eram obrigados a ficar reclusosbanca de aposta futebolcelas, porém também não tinham onde se alojar ou se alimentar. Yamada relata que, pelo menos, duas famílias ficaram embanca de aposta futebolpropriedade até o fim da guerra.
"Aquibanca de aposta futebolcasa ficaram as famílias Takashima e Watabi. Passaram um ano e pouco, até terminar a guerra. Nós conseguimos armar uma barraca rapidamente, porque vieram lá de Belém sem casa, sem nada, só com a roupa do corpo. Todo mundo deu apoio", relata.
Assim, o campo se estruturou como uma verdadeira cidade. A vigilância e a segurança eram garantidas por um destacamento militar, sob a administração do capitão João Evangelista Filho.
Rotina no campo de concentração
A rotina no campo de Tomé-Açu era de privações, apesar de não se comparar à dos campos de extermínio da Alemanha nazista.
A começar pelo confisco de bens dos imigrantes. Livros, aparelhos de rádio, armas e embarcações foram levados por autoridades brasileiras, que, por vezes, usufruiam desses bensbanca de aposta futebolbenefício próprio.
Cortar a comunicação dos imigrantes com o mundo exterior era uma prioridade do governo brasileiro. Correspondências eram censuradas nas agências de correio de Belém e, "se havia denúncia de que alguém estava ouvindo a rádio do Japão, por exemplo, certamente a polícia bateria na porta daquelas pessoas e elas teriam sérios problemas", diz Perazzo.
Tampouco era permitido se reunir com os outros habitantes do campo. "As pessoas eram vigiadas diariamente pelas forças policiais locais para não se comunicarem umas com as outras. Caso fossem pegas com tal prática, seriam penalizadas", explica Elton Sousa, professor e pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coautor do livro e documentário Por terra, céu e mar: histórias e memórias da Segunda Guerra Mundial na Amazônia.
"Se houvesse três ou quatro japoneses juntos, conversando, a polícia levava embora, presos. Não tinha liberdade", conta Yamada. "Eles pensavam que nós estivéssemos planejando negócios de guerra, mas não tinha nada disso".
Além das restrições de locomoção e de comunicação, os imigrantes se dedicavam à subsistência do campo, de acordo com normas de trabalhos braçais estipuladas pelo governo, explica Perazzo: "Tinha quem trabalhasse na marcenaria, na carpintaria, na agricultura. Assim variava".
O campo também sofria com o racionamento de energia e, às 21h, soava o toque de recolher.
O fim da guerra
A clausura durou até 1945, quando os campos foram extintos após a decretação do fim da guerra. Mas as consequências do período de perseguição perduraram por décadas.
Estigmatizados e empobrecidos, muitos imigrantes tiveram dificuldade para conseguir empregos ou tocar negócios próprios.
"Depois que acabou a guerra, o governo liberou essas pessoas como se não tivesse tido responsabilidade nenhuma pela desmontagem da vida delas", explica Perazzo.
"Elas não voltaram para seus países de origem. Ou eram imigrantes já estabelecidos no Brasil ou pessoas que não tiveram condição de retorno, então, buscaram a vida de outra maneira".
Combalida pelo período de reclusão, a Tomé-Açu do pós-guerra oferecia poucas perspectivas para os colonos, razão pela qual muitos deles deixaram a região. "Eles foram para Belém, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná", relembra Yamada.
"Todo mundo ajudou com um pouco de dinheiro, dentro das suas possibilidades, para eles conseguirem sobreviver".
Alguns anos mais tarde, entretanto, a cidade decolou economicamente com o boom da pimenta-do-reino, chegando a ser a maior produtora mundial da commodity.
O período áureo da pimenta acabou no final da década de 1960, quando uma doença, a fusariose, dizimou as plantações, ao mesmo tempobanca de aposta futebolque o valor da especiaria sofreu uma queda brusca no mercado internacional.
Cerca de mil descendentes de japoneses vivem hojebanca de aposta futebolTomé-Açu. "É uma sociedade cuja cultura local permeia-se por traços fortemente marcados pela cultura japonesa", diz Sousa.
Nas últimas décadas, a cidade se desenvolveu graças à adoção de um sistema agroflorestal de produção sustentável.
As construções da época da 2ª Guerra foram quase totalmente destruídas na região, e há poucos registros fotográficos do período.
Mas o campo de concentração permanece na memória dos que lá viveram e dos que preservam as histórias de seus ascendentes.