pixbets gratis-'Comi cascas de batata do lixo e me cobri com cadáveres para não morrer', diz sobrevivente do Holocausto
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O uruguaio Francisco Balkanyi, de 88 anos, dos quais 50 vividospixbets gratisSão Paulo, leva no corpo a marca de uma maiores tragédias da humanidade.
Em seu antebraço esquerdo, estão gravados os dígitos 186550, a identificação que lhe fora designada pelos nazistas.
O tempo apagou parte da tatuagem, mas os horrores do Holocausto - o genocídio de 6 milhões de judeus durante a 2ª Guerra Mundial pela Alemanha nazista - permanecem vivos na memória de Balkanyi.
"Éramos apenas um número. Tive de comer cascas de batata do lixo e me cobrir com cadáveres para não morrer", conta ele por telefone à BBC Brasil.
Balkanyi é um dos poucos sobreviventes ainda vivos do massacre. Nesta sexta-feira, comemora-se o Dia Internacionalpixbets gratisMemória das Vítimas do Holocausto, solenidade instituída pela ONUpixbets gratis2005.
Em um misto de português e espanhol, ele relembra as privações e torturas pelas quais passou com uma memória invejável, apesar da idade avançada.
Filho único de judeus húngaros, Balkanyi nasceu no Uruguaipixbets gratis3 de outubro de 1928, mas se mudou para a Europa com os pais, quando tinha apenas um ano.
"Meus avós paternos estavam com saudades do meu pai e insistiam que ele voltasse para a Europa", diz.
De volta ao Velho Continente, os Bakanyis se instalarampixbets gratisCakovec, uma cidade da antiga Iugoslávia, hoje Croácia. Ali montaram uma livraria e uma gráfica - e o negócio logo prosperou.
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PrisãoMas a ascensão de regimes totalitários na Europa começou a preocupar a família, que tentou revalidar a nacionalidade uruguaia, sem êxito - foram impedidos pela ditadura de Gabriel Terra (1931-1938), que então comandava o Uruguai.
Em 1940, a Hungria se aliou ao Eixo e,pixbets gratismenos de um ano, invadiu o norte da Iuguslóvia com o respaldo dos alemães. Os bens dos Balkanyis acabaram confiscados, conta ele.
A perseguição aumentou gradativamente e,pixbets gratis1944, com a Hungria dominada por completo pelas forças nazistas, o destino dos Balkanyis foi fatalmente selado.
"Fomos feitos prisioneiros e colocadospixbets gratistrens rumo aos campos de concentração", recorda ele.
A família acabou separada: pai e filho foram enviados para o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, enquanto que a mãe foi mantidapixbets gratisoutro,pixbets gratisuma cidade próxima.
"Só soubemos do paradeiro de minha mãe e que ela estava viva quando recebemos uma correspondência dela", conta ele.
"Ela havia conseguido subornar um guarda nazista dando-lhe as roupas de judeus que haviam sido enviados às câmaras de gás", acrescenta.
As câmaras de gás, aliás, foram o trágico destino de seus avós maternos. O vigor físico de Balkanyi, então com 15 anos, lhe poupou do extermínio.
Mas emborapixbets gratissaúde o tenha inicialmente salvado da morte, os cerca de 11 mesespixbets gratisque ficou presopixbets gratiscampos de concentração - inicialmentepixbets gratisAuschwitz, na Polônia, e posteriormentepixbets gratisBuchenwald, na Alemanha, cobraram seu preço.
Inicialmente forçado pelos alemães a trabalhar na construção de uma fábrica de produtos químicos, chegou a carregar sacos de cimento de até 50 quilos. Até hoje, por causa disso,pixbets gratismobilidade é reduzida.
"Não tinha o que comer. À noite, quando os guardas nazistas iam dormir, eu e outros companheiros íamos roubar as cascas de batata jogadas no lixo. Era delas que nos alimentávamos", recorda.
Libertação
Em 1945, com o avanço dos soviéticos e o prenúncio do fim da guerra, os nazistas começaram a deixar as áreas ocupadas no leste europeu e retornar à Alemanha. Levaram consigo os prisioneiros, no que ficou conhecido como a "Marcha da Morte" - muitos deles não resistiram às jornadas quilômétricas feitas a pépixbets gratismeio ao inverno intenso, debaixo de temperaturas negativas.
Enquanto seu pai permaneceupixbets gratisAuschwitz, por causa da saúde debilitada ("Eles diziam que iam matá-lo"), Balkanyi foi colocadopixbets gratisum trem de transporte de carvão com destino ao campo de concentração de Buchenwald, na Alemanha.
Os vagões eram abertos e, sem proteção, teve de desafiar a morte mais uma vez.
"Tive de me cobrir com cadáveres de outros prisioneiros para aguentar o frio. Das 200 pessoas que estavam a bordo, acho que só 20 sobreviveram", estima.
Em 11 de abril de 1945, Balkanyi foi finalmente libertado pelos americanos.
"Durante o tempopixbets gratisque estive preso, passei de 80 para 42 quilos. Era só pele e osso. Se os americanos tivessem demorado mais 15 dias, teria morrido", diz.
Livre, ele voltou a Cakovec, onde, miraculosamente, reencontrou o pai e a mãe - a família, uma das poucas a ter sobrevivido ao Holocausto, havia combinado de voltar à cidade se escapasse com vida do genocídio.
Sem dinheiro e com a Europa devastada pelo conflito, os três conseguiram voltar ao Uruguaipixbets gratis1948 com a ajuda de um parente.
Em Montevidéu, Balkanyi conheceria a futura mulher, Rita, com quem teve três filhos. Ali dedicou-se ao comércio e teve duas fábricas de roupas.
Mudança para o Brasil
Tudo corria bem, quandopixbets gratismeados dos anos 60, decidiu se mudar com toda a família para o Brasil, preocupado com o totalitarismo que avançava no Uruguai.
"Tinha um amigo que morava aqui (São Paulo) e me convidou para vir. Não queria passar novamente pelo que passei", recorda.
Hoje com seis netos e quatro bisnetos, Balkanyi diz estar preocupado com a ascensão do neonazismo no Brasil.
Uma reportagem recente da BBC Brasil mostrou que a polícia civil vem detectando uma maior movimentação de grupos de caráter neonazistapixbets gratisSão Paulo nos últimos meses.
Segundo especialistas e policiais, entre as possíveis causas para essa tendência estão o cenário político no Brasil, o fortalecimento de partidos conservadores e de extrema-direita no exterior e a situação de desemprego e instabilidade econômica.
"Tenho 88 anos e não vou viver para sempre. Por isso, é muito importante continuarmos a contar essa história para que o mundo nunca se esqueça do que aconteceu", diz Balkanyi, que tem material suficiente, entre memórias e anotações, para escrever "um ou dois livros, mas me falta a habilidade dos grandes escritores".
Ato solene
Por ocasião do Dia Internacionalpixbets gratisMemória das Vítimas do Holocausto, entidades judaicas vão promover um ato solenepixbets gratisSão Paulo no domingo.
A cerimônia, cujo tema será o "Holocausto e Intolerância no Mundo", vai homenagear os 6 milhões de judeus mortos, com o acendimento de seis velas por sobreviventes do Holocausto, representantes de outras comunidades, vítimas do nazismo e de perseguições, autoridades políticas, religiosas, institucionais e jovens.
No mesmo dia, será inaugurada a exposição fotográfica "Lembrar e Honrar", sobre as crianças no Holocausto. A mostra ficarápixbets gratiscartaz na Sinagoga da Congregação Israelita Paulista (CIP),pixbets gratisSão Paulo, até 26 de fevereiro.
Colaborou Flavia Nogueira, da BBC Brasilpixbets gratisSão Paulo