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app arbety-De alvo a herói da esquerda, Cardozo quer defender Dilma de graça até o fim

29 abr 2016 - 07h39
(atualizado às 09h02)
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José Eduardo Cardozoapp arbetydefesa do governo na sessão da Câmara que votou o parecer que recomendou abertura de impeachment da presidente Dilma Rousseff
José Eduardo Cardozoapp arbetydefesa do governo na sessão da Câmara que votou o parecer que recomendou abertura de impeachment da presidente Dilma Rousseff
Foto: Ananda Borges/Camara dos Deputados

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O advogado-geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, volta nesta sexta-feira ao Congresso para mais uma sustentaçãoapp arbetydefesa da presidente Dilma Rousseff, dessa vez na comissão especial de impeachment do Senado.

Muito criticado quando era ministro da Justiça - foi alvo de ataques até dentro de seu partido -, Cardozo hoje coleciona elogios entre petistas porapp arbetydefesa do governo.

Após encarar uma maratona dias antes da votação decisiva na Câmara, com entrevistas à imprensa e sustentações frente aos deputados e no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro agora tem se dedicado a uma campanha corpo a corpo com senadores, que inclui visitas individuais a alguns gabinetes.

Mas, apesar de seu esforço, a maioria do Senado deverá aprovar a abertura de um processo contra Dilma na segunda semana de maio. Se isso se confirmar, a presidente será afastada por até 180 dias, o vice Michel Temer assumirá o governo interinamente, e Cardozo perderá o cargo de principal advogado do governo.

O ministro, contudo, adiantou à BBC Brasil que pretende continuar defendendo Dilmaapp arbetyum eventual julgamento, sem cobrar honorários.

Para isso, no entanto, precisará que a Comissão de Ética Pública da Presidência da República o libere de cumprir uma quarentena de seis meses sem advogar privadamente após deixar o governo.

Os integrantes do órgão cumprem mandato de três anos e, portanto, Temer não poderia alterarapp arbetycomposição imediatamente.

Recentemente, o comitê recusou pedido semelhante feito pelo antecessor de Cardozo, Luís Inácio Adams, para trabalharapp arbetyum escritório de advocacia que atuaapp arbetycausas contra a União. Por outro lado, autorizou o ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy a assumir um cargo de diretor financeiro do Banco Mundial.

"Se isso (a abertura de processo contra Dilma) eventualmente acontecer, eu vou pedir uma autorização ao comitê de ética para que possa pegar essa causa. É uma causa que eu já estou atuando. Eu não pegá-la seria um prejuízo à defesa, não uma vantagem para mim", disse.

"Não cobraria nada dela", acrescentou.

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De vilão a herói

Como advogado de Dilma, Cardozo se tornou o principal porta-voz da tese de que a presidente não cometeu crime de responsabilidade e, por isso, seu impeachment seria um golpe de Estado.

"Brilhante. Dificilmente alguém faria um trabalho tão bem feito de defesa do governo como ele está fazendo", resume o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP).

Mas, antes de ser considerado essa espécie de herói do governo petista, Cardozo recebeu críticas aapp arbetyatuação como ministro da Justiça.

Como ministro da Justiça, Cardozo impulsionou programa de aquisição de ônibus usados como apoio ao combate ao uso de crack - gastos foram alvo de críticas
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Foto: Agência Brasil

Parte do PT considerava que ele não tinha pulso firme para conter abusos da Polícia Federal. Desgastado, deixou o cargo no final de fevereiro, quando assumiu a AGU.

Questionado pela BBC Brasil sobre essa mudança de humorapp arbetytorno de seu nome, Cardozo riu: "É até engraçado. As pessoasapp arbetygeral têm apoiado a minha atuação (como AGU)", comentou.

Naapp arbetyavaliação, as críticas que recebia eram fruto de uma "má compreensão" dos diferentes papéis institucionais.

"Eu acho que as pessoas que achavam que eu tinha uma posição muito afastada, o que era natural do Ministério da Justiça, estão me vendo agoraapp arbetyoutra dimensão institucional. Na AGU, eu sou advogado, eu tenho lado", disse.

"Eu sempre fui muito criticado (no Ministério da Justiça). Quando o investigado era alguém da oposição, dizia-se que eu estava instrumentalizando a Polícia Federal para perseguir os inimigos. Quando o investigado era gente da base governista, dizia-se que eu não estava controlando a Polícia Federal. Nem uma coisa nem outra, eu só cumpri a lei", se defende.

Falta de legado?

As avaliações negativas sobreapp arbetygestão no Ministério da Justiça, porém, vão além da suposta leniência com a Polícia Federal.

Após somar mais de cinco anos à frente da pasta, Cardozo foi o mais longevo ministro da Justiça no regime democrático. Para os críticos, porém, seu legado não corresponde ao tamanho de seu mandato.

"Não consolidou o Plano Nacional de Redução de Homicídios e não adotou qualquer iniciativa expressiva para o enfrentamento da ilegalidade contínua que é nosso sistema penitenciário. Cardozo se limitou a criticar publicamente os presídios, sem implantar qualquer política pública voltada para a redução dos terríveis níveis de violação de direitos humanos que neles ocorrem", afirma o especialistaapp arbetyciências criminais, Salah Khaled, professor da Universidade Federal do Rio Grande.

Foi na gestão de Cardozo que o Congresso aprovou,app arbety2013, uma lei com novas regras sobre delação premiada – a atualização da legislação deu impulso ao uso do controverso instrumento de investigação, largamente utilizado na operação Lava Jato. O projeto estava há anos parado no Congresso e passou a andar por articulação do governo Dilma.

No ano passado, o governo enviou um projeto polêmico de lei antiterrorismo que acabou aprovado no Congresso.

"Classifico a política criminal dos últimos anos como um desastre. A lei antiterrorismo é uma verdadeira obscenidade e dá margem para a criminalização de movimentos sociais. Infelizmente o PT foi incapaz de romper com o fetiche pela punição", diz Khaled.

Criticado quando ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo hoje coleciona elogios entre petistas porapp arbetydefesa do governo
Criticado quando ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo hoje coleciona elogios entre petistas porapp arbetydefesa do governo
Foto: Wesley Mcallister/AscomAGU

"O chamado 'processo penal do espetáculo' não foi combatido de forma significativa pelo governo. Não houve qualquer disputa nos campos de debate público eapp arbetyúltima análise isso pode ter sido decisivo para a fragilização da própria democracia brasileira", acrescenta o professor, para quem faltou um discurso mais duro de Cardozo contra o que ele considera abusos da operação Lava Jato.

Por outro lado, o que mais rende elogios a Cardozo é justamenteapp arbety"inação", ou seja, a não interferênciaapp arbetyinvestigações policiais.

O advogado Antônio Claudio Mariz de Oliveira, por exemplo, elogiou o petista nesta semana por ter adotado "um comportamento exemplarapp arbetyrelação à Polícia Federal". Mariz chegou a ser cotado para assumir o Ministério da Justiçaapp arbetyeventual governo Temer, mas foi descartado por criticar a Lava Jato.

Questionado pela BBC Brasil, o ministro apontou como seu principal legado a criação do Sistema de Informações de Segurança Pública (Sinesp), uma base unificada de dados sobre criminalidade no Brasil.

Distanciamento de Lula

Cardozo é quadro histórico do PT paulistano. Foi secretário de governo da prefeita Luiza Erundina (1989-1992), na época petista. Depois foi vereador por oito anos – e um dos principais articuladores do processo de impeachment do prefeito Celso Pitta (que acabou absolvido). Chegou a presidir a Câmara Municipal no início do governo Marta Suplicy (2001-2004).

Elegeu-se deputado federalapp arbety2002 e 2006, mas não se candidatou novamenteapp arbety2010. Na ocasião, divulgou uma carta a seus eleitores dizendo que não disputaria mais eleições "se não houvesse uma radical reforma do sistema político brasileiro".

Aindaapp arbety2010, acabaria coordenando a campanha presidencial de Dilma. Chegou ao posto de ministro apósapp arbetyeleição.

Cardozo jamais havia sido convidado para o ministério de Lula. Ele teria atraído antipatia do ex-presidente nos anos 1990, quando fez parte de uma comissão interna do partido que investigou denúncias de corrupçãoapp arbetyprefeituras comandadas pelo PT.

As denúncias envolviam contratos com a CPEM (empresa que prestava consultoria para municípios). O caso foi denunciado pelo economista Paulo de Tarso Venceslau, dirigente do PT à época.

Após uma maratona dias antes da votação decisiva na Câmara, com entrevistas à imprensa e sustentações frente aos deputados e no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro agora se dedica a uma campanha corpo a corpo com senadores
Após uma maratona dias antes da votação decisiva na Câmara, com entrevistas à imprensa e sustentações frente aos deputados e no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro agora se dedica a uma campanha corpo a corpo com senadores
Foto: Ananda Borges/Camara dos Deputados

Em seu relatório, redigidoapp arbetyconjunto com Hélio Bicudo e Paul Singer, Cardozo apontou que "restou comprovada" a denúncia de que Roberto Teixeira, advogado e amigo próximo de Lula, "efetivamente apresentava a CPEM a prefeituras petistas", segundo o próprio ministro relatouapp arbety1997app arbetyartigo na revistaTeoria e Debate .

"Tal comportamento não qualificaria nenhum problema ético, se não fôssemos levados a concluir pelas evidências existentes de que Roberto Teixeira não poderia deixar de saber, a partir de um certo momento, que os contratos firmados pela empresa CPEM apresentavam graves problemas. (…) Atuou, a nosso ver, inclusive com evidente abuso da confiança de que desfrutava no partidoapp arbetyface da notória relação de amizade que mantém com o presidente de honra do PT (Lula)", escreveu ainda Cardozo, na revista.

O relatório (no caso CPEM) recomendou que Teixeira fosse submetido a uma comissão de ética – ele, no entanto, acabou inocentado, enquanto Venceslau foi expulso do partido. Segundo o jornalO Estado de S.Paulo , Roberto Teixeira hoje é alvo de investigação na operação Lava Jato por suposta participação na compra do sítio de Atibaia que seria de Lula e teria recebido melhorias pagas por construtoras investigadas na operação.

"(Cardozo) Não teve nenhum espaço na administração do Lula. (O relatório no caso CPEM foi) mais uma razão do ódio de Lula ao Zé Eduardo", disse Venceslau à BBC Brasil.

Segundo o economista, o estranhamento entre os dois remontava à administração de Erundina, quando a prefeita demitiu seu vice, Luiz Eduardo Greenhalgh, do cargo de secretário de Negócios Extraordinários após denúncias que o envolviam na cobrança de propina da empresa de construção Lubeca – o que depois não chegou a ser comprovado.

O caso foi explorado na eleição presidencial de 1989, prejudicando a campanha de Lula, que era próximo a Greenhalgh.

"Do que eu convivi com ele, acho um cara muito firme, bom caráter. Não conheço nada que o denigre", disse Venceslau sobre o ministro.

Cardozo disse à BBC Brasil que seu objetivo após defender Dilma, caso a presidente seja afastada definitivamente e ele não continue no governo, será se dedicar à vida acadêmica e à advocacia.

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Fontes de referência

  1. roleta de números de 1 a 10
  2. fluminense e atlético goianiense palpite
  3. sportsbet cupom

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