bwin 5 euro free bet-Líder ianomâmi vê tempos difíceis para indígenas do Brasil
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"As máquinas vão raspar a pele da Terra e feri-la", diz Davi Kopenawa sobre o avanço do marco temporal no BrasilO líder ianomâmi Davi Kopenawa teme que o julgamento do chamado marco temporal para a demarcação de terras indígenas possa piorar um avanço de garimpeiros encorajado pelo presidente Jair Bolsonaro.
"As máquinas vão raspar a pele da Terra e feri-la", disse ele à Reutersbwin 5 euro free betBrasília, onde milhares de indígenas se reuniram na semana passada para acompanhar o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
Kopenawa disse que os garimpeiros ilegais, encorajados pela retórica de Bolsonaro, estão invadindo as terras ancestrais de seu povobwin 5 euro free betnúmeros crescentes e estão usando armas automáticas para intimidar os ianomâmis.
No passado, garimpeiros levaram gripe e malária, que mataram centenas de ianomâmis, mas hoje o perigo é a disseminação da covid-19, que matou nove indígenas de seu povo até agora.
Na quarta-feira, o STF discutirá o chamado marco temporal para a demarcação de terras indígenas. A tese, se vencedora, introduziria uma espécie de linha de corte para as demarcações.
Qualquer área somente seria passível de demarcação se ficar comprovado que os índios estavam lá até a promulgação da Constituição,bwin 5 euro free bet5 de outubro de 1988. Do contrário, não haveria esse direito.
A decisão afetará 230 reivindicações de terras pendentes, muitas das quais fundamentais na luta contra o desmatamento na Amazônia. Uma derrota para os povos indígenas no tribunal abriria um precedente para a reversão dos direitos indígenas,bwin 5 euro free betlinha com o defendido por Bolsonaro e representantes do agronegócio.
"Nossa terra indígena está homologada e registrada e assinada pelo governo federalbwin 5 euro free bet1992, mas eles querem mexer e reduzir o tamanho porque Bolsonaro diz que é muito grande e tem pouco índio", disse o líder ianomâmi, de 66 anos.
Os cerca de 29 mil ianomâmis vivembwin 5 euro free bet360 aldeias distribuídas ao longo dos 96.650 quilômetros quadrados debwin 5 euro free betreserva.
Porta-voz dos ianomâmis de renome internacional, Kopenawa é autor de A Queda do Céu, um relato poético debwin 5 euro free betiniciação como um xamã, seus primeiros encontros com forasteiros e um apelo para salvar a cultura de seu povo e a floresta tropical.
"Bolsonaro quer explorar e permitir o garimpo e mineração, tirar madeira, criar boi, plantar soja. Mas o povo ianomâmi não quer isso", disse Kopenawa.
A mineração significaria derrubar árvores para abrir estradas e levar maquinário pesado para "raspar a terra para fazer buracos e extrair pedras preciosas, ouro, diamantes, cassiterita, nióbio e urânio".
Bolsonaro afirma repetidamente que os indígenas representam menos de 1% dos brasileiros e vivembwin 5 euro free betmais de 13% do território do país, acumulando riquezas minerais que precisam ser exploradas.
Críticos afirmam que os esforços de Bolsonaro para legalizar a mineraçãobwin 5 euro free betterras protegidas têm incentivado o avanço de garimpeiros ilegais, que invadem a reserva ianomâmibwin 5 euro free betbarcos a motor que sobem os rios oubwin 5 euro free betaviões que pousambwin 5 euro free betpistas clandestinas na floresta.
Uma onda de invasões na década de 1980 foi marcada por garimpeiros oferecendo facões, redes, roupas, sabão e até armas e bebidas alcoólicas para fazer amizade com os ianomâmis, disse Kopenawa. Eles perseguiram as mulheres e espalharam doenças mortais, como gripe e malária.
Hoje o perigo é a disseminação da covid-19, disse ele. Após críticas internacionais de que os indígenas do Brasil foram deixados à mercê do vírus, o governo começou a vacinar as comunidades, e 84% dos ianomâmis que deveriam receber a primeira dose foram vacinados.
Um inimigo igualmente perigoso é o mercúrio usado pelos garimpeiros para separar o ouro da terra. O metal tóxico está poluindo rios e envenenando os peixes dos quais os ianomâmis e outros indígenas dependem para se alimentar.
"A terra fica ferida por anos e anos com o mercúrio, e não tem remédio para curar a terra", disse Kopenawa, que reclama que o governo pouco ou nada fez para expulsar os garimpeiros, apesar de uma ordem do STF para proteger os indígenas.
"Eles querem acabar com a gente e tomar nossa terra. Temos que continuar lutando para deixar a terra para nossos netos, para que gerações futuras possam continuar com nossos costumes, nossa língua, nosso canto", disse.
O Palácio do Planalto não respondeu a um pedido de comentário.