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roda a roleta-O raio-X dos investimentos da China no Brasil

roda a roleta

Com dinheiro de sobra e grande apetite para o risco, gigante asiático vê país como oportunidade para ampliar negócios e consolidar presença.
31 ago 2017 - 05h37
(atualizado às 07h49)
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China busca oportunidades de investimento ao redor do mundo para financiar seu crescimento
China busca oportunidades de investimento ao redor do mundo para financiar seu crescimento
Foto: BBC News Brasil

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Principal parceiro comercial brasileiro desde 2009, quando superou os Estados Unidos, a China não vem poupando esforços para estreitar laços com o Brasil.

O paísroda a roletacrise deu novo alento a esse movimento. Com dinheiro de sobra e maior propensão ao risco, o gigante asiático viu no Brasil uma grande oportunidade para ampliar seus negócios - e melhor, gastando menos.

Só neste ano, segundo dados da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, eles planejam investir mais de US$ 20 bilhões na compra de ativos brasileiros - 87% mais do que no ano passado.

O apetite é tão forte que o Brasil se transformou no segundo maior destino de investimentos chinesesroda a roletainfraestrutura no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Desde 2015, um levantamento das consultorias AT Kearney e Dealogic mostrou que a China comprou 21 empresas brasileiras, gastando um total de US$ 21 bilhões.

No ano passado, por exemplo, só o setor de energia, de acordo com o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), respondeu por quase 80% de todos os investimentos confirmados. As gigantes chinesas State Grid e China Three Gorges compraram, respectivamente, a CPFL e a Duke Energy,roda a roletatransações bilionárias. Já a China Communications Construction Company (CCCC) adquiriu a construtora Concremat e o Shanghai Pengxin Group arrematou mais da metade da empresa de trading e processamento de grãos Fiagril.

Por trás dessa lógica, está a estratégia da China de continuar buscando meios para sustentar seu crescimento - apesar de ter, recentemente, registrado índices inferiores aos do passado, o país ainda é considerado o motor da economia global.

Neste sentido, não surpreende a intenção do governo Temer de vender aos chineses projetos de concessões e privatizações no Brasil, foco da visita que o presidente faz a Pequim. Na sequência, o presidente participa da cúpula dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do sul)roda a roletaXiamen, no sudeste do país.

Obra da barragem da Three Gorges, previsto para se tornar o maior projeto de hidrelétrica do mundo, na China - empresa tem investimentos no Brasil
Obra da barragem da Three Gorges, previsto para se tornar o maior projeto de hidrelétrica do mundo, na China - empresa tem investimentos no Brasil
Foto: BBC News Brasil

No ano passado, segundo dados do CEBC, dos 16 projetos anunciados pelos chineses, totalizando US$ 12,5 bilhões, 12 deles - ou US$ 8,4 bilhões - foram confirmados.

"O montante supera o de 2015 e aprofunda a tendência iniciada naquele ano, momentoroda a roletaque começou a ser notável o crescimento do valor investido por empresas chinesas no país", diz o relatório "Investimentos Chineses no Brasil 2016", publicado anualmente pelo CEBC.

'Quarta onda'

O atual movimento dos asiáticos no Brasil é considerado por analistas como a quarta onda de investimentos chineses no Brasil.

Iniciadaroda a roleta2015, essa nova fase é caracterizada não apenas pelo aumento do valor investido, mas também pelo tipo de projetos nos quais as empresas têm focadoroda a roletaatuação.

Naquele ano, as compras feitas pela China atingiram o patamar mais alto da história, ultrapassando o valor de US$ 60 bilhões, de acordo com um levantamento da consultoria Rhodium Group.

Na esteira do que vinha acontecendo no mundo, o Brasil também recebeu mais investimentos dos chineses, que passaram a focar mais na área de produção e transmissão de energia elétrica. O agronegócio também não foi deixado de lado.

Fusões e aquisições

Outra mudança se deuroda a roletarelação ao modo de ingresso das companhias chinesas no Brasil, assinala Tulio Cariello, coordenador de pesquisa e análise do CEBC.

Desde 2014, a China vem optando por operações fundamentadasroda a roletafusões e aquisições (conhecida pela sigla M&A,roda a roletainglês) de empresas que já atuam no Brasil, sejam elas nacionais ou estrangeiras.

"Esse tipo de entrada tem sido a mais usual entre a maioria dos projetos chineses no país. Isso porque essas empresas não só conhecem o mercado, mas já sabem lidar com a burocracia brasileira. São ativos que tendem a oferecer menos riscos e garantir maior eficiência", explica Cariello.

Ele acrescenta que essa é uma das razões pelas quais, no passado, muitos dos investimentos chineses anunciados não se confirmarem. Esse foi o caso, por exemplo, de 2010, quando dos quase US$ 36 bilhões de investimentos anunciados, apenas US$ 13 bilhões, ou um terço do total, realmente se materializaram.

Além disso, Cariello cita outros fatores para a crescente taxa de efetivação do investimento chinês.

Em primeiro lugar, as empresas chinesas - a maioria controlada pelo Estado - que hoje investem no Brasil, por exemplo, se beneficiam da experiência obtida por aquelas que chegaram antes. Em segundo, bancos do gigante asiático, que dão respaldo a investimentos e comércio bilateral, também já operam no país. Por fim, a China montou um escritório deroda a roletaagência de promoção comercialroda a roletaSão Paulo, o CCPIT (China Council for the Promotion of International Trade), com o objetivo de auxiliar empresas que queiram investir no Brasil.

A marca de automóveis chinesa Chery foi uma das que desembarcou no país nos últimos anos
A marca de automóveis chinesa Chery foi uma das que desembarcou no país nos últimos anos
Foto: BBC News Brasil

Histórico

Segundo o CEBC, durante a primeira leva de investimentos no Brasil, a China priorizou investimentosroda a roletaatividades diretamente ligadas às commodities (matérias-primas), o principal produto brasileiro exportado ao gigante asiático. Um exemplo emblemático disso foi a compra de 40% das operações brasileiras da espanhola Repsol pela estatal chinesa Sinopec.

Em um segundo momento, entre 2011 e 2013, as empresas chinesas miraram novas oportunidades na área industrial, especialmente nos setores de máquinas e equipamentos, automotivos e aparelhos eletrônicos, vislumbrando o mercado consumidor interno brasileiro. O bom momento da economia e o mercado domésticoroda a roletaexpansão se tornaram uma combinação perfeita para a chegada de companhias como a Sany (máquinas e equipamentos) e Chery (automóveis), além da ampliação daquelas já estabelecidas no país, como Huawei e Lenovo (eletrônicos e comunicação).

A terceira fase de investimentos, porroda a roletavez, começa por volta de 2013 e é marcada pelo interesse chinês no setor de serviços, principalmente no campo financeiro. Naquele momento, bancos chineses se estabeleceram no país ou adquiriram participação acionáriaroda a roletabancos brasileiros ou internacionais jároda a roletaoperação no Brasil.

O objetivo era apoiar a internacionalização do yuan (a moeda chinesa) além de oferecer respaldo ao comércio e aos investimentos bilaterais. A entrada no mercado brasileiro do ICBC (Industrial and Commercial Bank of China), por meio de um investimento inicial de US$ 100 bilhões, caracterizou esse período.

No ano passado, dentre os projetos confirmados, o setor de energia liderou os investimentos chineses no Brasil, seguido por siderurgia e mineração.

Já a região Sudeste (56%) respondeu por mais da metade dos empreendimentos do gigante asiáticoroda a roletaterritório nacional, seguido pelo Nordeste (17%) e pelo Centro-Oeste (17%). Sul e Norte atraíram 6% dos investimentos.

Na análise por Estado, São Paulo liderou a lista, somando 44% de todos os investimentos no país. Rio de Janeiro, Goiás, Maranhão, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Ceará e Amazonas ficaram entre as Unidades da Federação melhor posicionadas quanto ao interesse dos chineses.

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Fontes de referência

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