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Polícia

casino depósito mínimo r real-Arrastão ostentação: suspeitos no RJ expõem cotidiano na web

25 set 2015 - 13h26
(atualizadocasino depósito mínimo r$1 real13/9/2017 às 11h59)
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Jovens suspeitos de promover arrastões vêm transformando redes sociaiscasino depósito mínimo r$1 realjanelas para cotidianocasino depósito mínimo r$1 reallocais que ocupam o topo das estatísticas de violência no RJ
Jovens suspeitos de promover arrastões vêm transformando redes sociaiscasino depósito mínimo r$1 realjanelas para cotidianocasino depósito mínimo r$1 reallocais que ocupam o topo das estatísticas de violência no RJ
Foto: Divulgação/BBC Brasil

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"Mó 'responsa', meu 'Face' tá passando na TV", escreve o adolescente J.A., morador da Vila Kennedy (zona norte do Rio de Janeiro), para seus 3 mil seguidores no Facebook. Em minutos, ele comemora mais de 200 curtidas e elogios, tudo graças à reportagem que o mostrava entre os suspeitos dos arrastões no último domingocasino depósito mínimo r$1 realpraias cariocas. "Os 'moleque' estão roubando a cena na Globo!", "'Nóis' passou na Record também".

Um de seus vizinhos, seguido por mais de 5 mil pessoas, publica uma selfie sem camisa, com o peito coberto por cinco correntes douradas sobrepostas. "Zona Sul é minha vitrine, lá escolho o meu 'maciço'", diz, usando gíria comum na região para colares de ouro.

Avessos a entrevistas, mas animados com o alcance midiático dos assaltos, os jovens suspeitos de promover arrastões vêm transformando redes sociaiscasino depósito mínimo r$1 realjanelas para seu cotidianocasino depósito mínimo r$1 reallocais que ocupam o topo das estatísticas de violência no Rio – como Penha, Jacarezinho e Manguinhos.

Em seus perfis e grupos de discussão, eles compartilham fotos de jornais com flagrantes de assaltos ("aceita que dói menos"), imagens aéreas da correriacasino depósito mínimo r$1 realpraias ("olha eu ali de branco") e registros caseiros de fuzis, carabinas e drogas ("hoje a noite vai ser pesada"). As fotos são tiradas com celulares,casino depósito mínimo r$1 reallajes ou pequenos cômodos localizados no eixo mais pobre da cidade, a dezenas de quilômetros da orla.

A distância não é só física:casino depósito mínimo r$1 realIpanema, um dos principais alvos dos arrastões, a renda mensal por morador é de R$ 6 mil e 60% das pessoas têm ensino superior completo, segundo o Atlas Brasil, da ONU. Já no Jacarezinho, de onde vêm muitos dos jovens, a renda per capita não chega a R$ 440 e só 1casino depósito mínimo r$1 realcada 100 moradores completa a faculdade.

De origem desconhecida, a frase "Enquanto não houver justiça para os pobres, não haverá paz para os ricos" se repetecasino depósito mínimo r$1 realdezenas de perfis ligados aos arrastões.

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‘Direito de ir e vir’

À BBC Brasil,casino depósito mínimo r$1 realnota, a Polícia Militar fluminense disse que 80 pessoas foram apreendidas na orla da Zona Sul e levadas a delegacias ou abrigos no fim de semana. Depois dos últimos arrastões, o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão, e seu secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, defenderam que "jovens suspeitos" sejam impedidos de chegar às praias – contrariando o Ministério Público do RJ, que recomenda apreensões apenascasino depósito mínimo r$1 realcasos de flagrantes.

"Se tiver um ônibus com adolescentes que não pagaram passagem, que estão descalços, de bermuda, sem documento, leva pra delegacia e os pais vêm buscar", disse Pezão, prometendo tolerância zero a arrastões. De acordo com Beltrame, "a polícia vai agir de maneira que a população tenha o seu direito de ir e vir garantido".

Mas para Michel Misse, diretor do Núcleo de Estudoscasino depósito mínimo r$1 realCidadania, Conflito e Violência Urbana da UFRJ (Necvu), o principal risco dos arrastões é justamente uma ameaça ao direito de ir e vir – só que da população mais pobre. "Entre 6% e 10% dos moradores de favelas se envolvem com algum tipo de crime. A esmagadora maioria não tem nada a ver com ladrões ou tráfico", diz o professor, que pesquisa violência há 35 anos.

"O efeito de uma abordagem generalista nos ônibus, sem inteligência policial, será mais uma vez a criminalização de pessoas que já vivem privadas do direito à cidadania", afirma. "E a polícia carioca nunca esteve preocupadacasino depósito mínimo r$1 realdistinguir entre pobres e bandidos."

"Não se trata de racismo, mas de vulnerabilidade", diz Beltrame. "Como um jovem sai de Nova Iguaçu, a 30 km de distância da praia, sem dinheiro para comer, beber, pagar a passagem, só de bermuda?", indagoucasino depósito mínimo r$1 realentrevista coletiva.

“Entre 6 e 10% dos moradores de favelas se envolvem com algum tipo de crime. A esmagadora maioria não tem nada a ver com ladrões ou tráfico”, diz pesquisador da UFRJ
“Entre 6 e 10% dos moradores de favelas se envolvem com algum tipo de crime. A esmagadora maioria não tem nada a ver com ladrões ou tráfico”, diz pesquisador da UFRJ
Foto: Divulgação/BBC Brasil

Coretos, ouro e celulares

Presentecasino depósito mínimo r$1 realclasses sociais distintas – do "champanhe que pisca" nos camarotes de casas noturnas de luxo ao funk de MC Guimé nas aberturas de novelas –, a moda da ostentação também está na raiz dos tumultos registradoscasino depósito mínimo r$1 realpraias cariocas. Na disputa por status, quem aparece no Facebook com mais correntes de ouro, pilhas de notas de R$ 50 e R$ 100, celulares (iPhones e Moto G) ou bicicletas ganha título de "patrão", novos seguidores e prestígio nos "coretos".

O termo se refere à autodenominação de diferentes "bondes" ou grupos de adolescentes que se reúnem para praticar furtoscasino depósito mínimo r$1 realáreas ricas. As descrições dos coretos trazem referências a crimes previstos no Código Penal. As mais frequentes aparecem na internet como hashtags: #155 (furto) e #157 (roubo).

De acordo com policiais, os coretos seriam parte do núcleo armado do tráfico e seus integrantes teriam autorização para praticar roubos na Zona Sul. Entre os principais alvos dos coretos estariam bicicletas, que depois seriam vendidascasino depósito mínimo r$1 realsites de compras.

Para Misse, da UFRJ, a ousadia das postagens tem a ver com a invisibilidade desses jovens na sociedade. "Quanto maiores as diferenças sociais, maior a demanda por reconhecimento", diz. "A repercussão dos assaltos alimenta a sensação de saída do anonimato, eles experimentam deixar de ser invisíveis e encontram ali algum grau de reconhecimento. Para alguns, isso é sedutor."

Em abril deste ano, uma mulher teve seu cordão arrancado por um adolescente durante entrevista ao vivo sobre insegurança para um jornal da TV Globo. Agora,casino depósito mínimo r$1 realfotos de capa no Facebook e como pano de fundo de vídeos de funk no YouTube, as imagens do assalto transmitidocasino depósito mínimo r$1 realtempo real são celebradas pelos jovens como o primeiro grande feito midiático dos membros dos coretos.

Colares dourados estão entre as imagens mais compartilhadas pelas páginas ligadas a arrastões
Colares dourados estão entre as imagens mais compartilhadas pelas páginas ligadas a arrastões
Foto: Divulgação/BBC Brasil

"Indo dar uma roubada"

S.L., que vive no Engenho da Rainha e se apresenta como membro do "coreto do Jacaré", tem no topo de seu perfil no Facebook uma foto caseira de quatro fuzis e uma carabina enfeitados com cordões de ouro. Em 19 de setembro, publicou uma fotocasino depósito mínimo r$1 realque aparece de costas, com uma arma na cintura e a legenda "Indo 'dá' uma roubada."

Tão frequentes quanto as menções ao crime são frases com declarações apaixonadas à namorada ("foi muito bom passar a segunda-feira ao lado do amor da minha vida") e vídeos familiares, como o da festa de aniversário da sobrinha. 

Em uma postagem de julho deste ano, lamentou ter perdido o emprego e anuncioucasino depósito mínimo r$1 realvolta à facção Comando Vermelho. "Tô 'boladão', acabei de se mandado embora do trabalho. O único jeito é virar ladrão 157 de novo. Vai morrer polícia, milícia, ADA (sigla da facção Amigos dos Amigos) e TCP (Terceiro Comando Puro)", escreveu.

A conversa de S.L. com um companheiro de "coreto" expõe o vocabulário específico empregado pela maioria desses jovens na web. "Pprt sem ffk tlgd" ("Papo reto, sem fofoca, tá ligado?"). "Slc sem nrz tmj " ("Cê é louco, sem neurose, ‘tamo’ junto").

Foto: Divulgação/BBC Brasil

Rock in Rio

A Delegacia de Repressão a Crimes de Informática do Rio abriu inquérito para apurar atos de apologia a crimes pelas redes sociais e indícios de participação efetivacasino depósito mínimo r$1 realarrastões. Segundo a delegacia, mesmo menores de idade serão autuados por "fato análogo" a esses tipos de crimes. A quebra de sigilo dos perfis dos jovens suspeitos está sendo avaliada pelo Ministério Público.

Desde a eclosão dos arrastões, o Facebook vem apagando páginas ligadas a coretos (como a "Coreto eo Injeta", que reunia algumas das postagens mais violentas do grupo). A rede afirma que analisa "denúncias de linguagem ameaçadora para identificar potenciais danos à segurança pessoal" e remove "ameaças reais de danos físicos a indivíduos". A maioria dos perfis de apologia ao crime, entretanto, continua no ar.

Embalados por vídeos de funk proibido ("Estalei um maciço lá na praia do Leblon / 15 grama no pingente e mais 30 no cordão" e "Bagulho é doido, com ‘nóis’ não tem ‘caô’, Copacabana, Leblon ou Arpoador), eles agora preveem lucros a partir de um público distinto dos banhistas. "Nóis é o trem, os 'roqueiro' é o trilho e 'nóis' passa por cima", diz um dos adolescentes. "Kkkkk ,tô ficando rico com o Rock in Rio!".

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Fontes de referência

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