bonus aposta-Arthur Lira eleito presidente da Câmara: como líder do Centrão se tornou aliado fundamental de Bolsonaro
bonus aposta
Réu por suspeita de corrupção, deputado do PP contou com apoio do Palácio do Planalto para atrair votosbonus apostatroca de cargos e vergas federais.bonus aposta de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar
Com apoio pesado do governo Jair Bolsonaro, o deputado Arthur Lira (PP/AL), um dos principais líderes do Centrão, foi eleito nesta segunda-feira (01/02) por ampla maioria para presidir a Câmara dos Deputados nos próximos dois anos.
Mais cedo, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) foi escolhido por seus pares para presidir o Senado, numa dupla vitória do Palácio do Planalto, que também o apoiava.
A eleição de Lira representou ainda uma derrota para o agora ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) que tentou emplacar como seu sucessor o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), colocando-o como candidato de uma "frente ampla democrática".
Essa tentativa de aliança, porém, foi atropelada pela campanha que Lira vinha fazendo há meses para atrair o apoio de deputados, viajando o país com promessas de mais acesso a cargos e verbas do governo federal para indicações políticas e investimentos na base eleitoral dos parlamentares.
Lira levou 302 votos dos 513 deputados, vencendo no primeiro turno. Rossi recebeu 145.
A mudança de estratégia de Bolsonaro, que no início do seu mandato criticava o toma-lá-da-cá na política e associava a distribuição de cargos à corrupção, visa construir uma base no Congresso que proteja seu mandato de um impeachment — já foram apresentados 64 pedidos para cassação do presidente — e faça avançar pautas de interesse do governo, como reformas econômicas e agendas conservadoras (liberalização de armas, por exemplo).
Além disso, se a aliança com os partidos do Centrão funcionar, pode servir de base para a construção de uma coalizão eleitoralbonus aposta2022, quando Bolsonaro quer tentar a reeleição. Embora o apoio de políticos tradicionais possa afastar eleitores que votaram no presidentebonus aposta2018 atraídos pelo discurso anti-sistema, uma ampla coalizão daria mais tempo de propaganda na TV e recursos parabonus apostacampanha.
Ao discursar antes da votação que o elegeu, Lira prometeu harmonia na relação com Planalto.
"Acredito na consciência livre das mulheres e dos homens de bem dessa Casa para que possam expressar com força a vontade de ver uma Câmara independente sim, uma Câmara autônoma, mas uma Câmara harmônica. Harmônica porque o Brasil não aguenta mais acotovelamentos, não aguenta mais brigas, não aguenta mais puxar cordas", disse,bonus apostareferência aos atritos entre Bolsonaro e Maia.
Depois da vitória, disse que conduzirá a Câmarabonus apostadiálogo com os líderes partidários, de forma coletiva. No seu discurso, lamentou as mortes pela pandemia do coronavírus e defendeu a ampla vacinação da população.
"O Brasil atravessa a mais cruel, devastadora e feroz pandemia do último século. O povo sofre com seus efeitos, e mais do que nunca precisa que os Poderes da República atuem com autonomia e responsabilidade, sem abrir mão debonus apostaindependência, pois a democracia é um mosaico,bonus apostaque todos os contrastes produzem ao final um resultado manifestado como é nossa sociedade", disse.
Lira também propôs que uma "pauta emergencial" de matérias a serem votadas pelo Congresso seja discutidabonus apostaconjunto por deputados e senadores,bonus apostadiálogo com os poderes Executivo e Judiciário.
"Precisamos urgentemente amparar os brasileiros que estãobonus apostaestado de desespero econômico por causa da covid-19 e temos que examinar como fortalecer nossa rede de proteção social. Temos que vacinar, vacinar, vacinar o nosso povo. Temos que buscar o equilíbrio de nossas contas públicas", defendeu.
"E (temos que) dialogar com a sociedade e o mercado de forma transparente para que haja uma compreensão do que é possível e do que não é possível fazer. E, daquilo que de forma previsível, como sempre falamos por onde andamos, pode ser pactuado ou não", acrescentou.
Lira, que agora tem nas mãos o poder de iniciar ou não um processo de impeachment presidencial, enfrenta ele mesmo acusações na Justiça por corrupção e violência doméstica — ambas práticas que ele nega ter cometido.
Por ser réubonus apostaum processo criminal no Supremo Tribunal Federal (STF), o novo chefe da Câmara fica inclusive impedido de assumir a Presidência da República na hipótese de ausência simultânea (seja por viagem internacional ou problema de saúde) de Bolsonaro e do vice-presidente Hamilton Mourão.
bonus aposta
Expectativa de reforma ministerialCom a vitória de Lira e Pacheco, a expectativa é que Bolsonaro realize uma reforma ministerial para acomodar no governo mais indicados políticos, além daqueles que já foram nos últimos meses nomeados para ocupar cargos de segundo e terceiro escalãobonus apostaministérios e órgãos federais.
O presidente já reconheceu publicamente que o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), pode ser deslocado para a Secretaria-Geral da Presidência. Isso liberariabonus apostapasta, muito visada por coordenar programas sociais, para uma indicação do Centrão, provavelmente do Republicanos (partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus).
Bolsonaro também admitiu publicamente na semana passada a possibilidade de recriar ministérios que foram extintos no início do seu governo, mas isso ainda não foi confirmado.
Pacheco levou o comando do Senado com uma ampla aliança política, que uniu de senadores bolsonaristas à bancada do PT e lhe deu 57 votos contra os 21 recebidos pela senadora Simone Tebet (MDB-MS) —bonus apostapostura anti-Lava Jato foi importante para retirar votos da principal concorrente, que é entusiasta de pautas associadas à operação, como a possibilidade de prisão após condenaçãobonus apostasegunda instância.
Já Lira foi eleito presidente da Câmara liderando um bloco de 11 partidos (PSL, PP, PSD, PL, Republicanos, PTB, Pros, Podemos, PSC, Avante e Patriota), a maioria do Centrão — grupo de siglas sem clara identidade ideológica que costumam aderir ao governo, seja ele qual for,bonus apostabusca de cargos e verbas parabonus apostabase eleitoral. O PP de Lira, por exemplo, desdebonus apostafundaçãobonus aposta1995 integrou a base de todos os presidentes: Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer.
Para o analista político Creomar de Souza, professor da Fundação Dom Cabral e fundador da consultoria Dharma, o apoio de siglas do Centrão só não havia chegado antes ao governo Bolsonaro por escolha do presidente, que no início do seu mandato atacava a prática de negociar cargosbonus apostatroca de apoio parlamentar.
"O governo Bolsonaro não ficou com pouco apoio congressual no início do seu mandato porque os congressistas não queriam estar ao lado do governo, mas porque o governo não queria os congressistas ao seu lado", afirma.
Mas o que garantiu a vitória de Lira foram também as traições (votos de deputados de outros partidos, contrários a orientação de suas legendas). Ele atraiu o apoio de parte da bancada de siglas importantes, como MDB, PSDB e até do DEM, partido de Rodrigo Maia. Muitos desses apoios vieram de deputados do Nordeste, que viram na eleição de um alagoano para presidir a Câmara a possibilidade de favorecer a região.
O que levou Bolsonaro a adotar o "toma-lá-da-cá"?
A retórica contra os políticos tradicionais e a negociação de cargos foi insistentemente repetida pelo presidente, seus filhos e aliados políticos até os primeiros meses de 2020, quando culminoubonus apostauma série de atos antidemocráticos, aos quais Bolsonaro compareceu a despeito dos pedidos dos manifestantes pelo fechamento do Congresso e do STF.
"Não queremos negociar nada, queremos é ação pelo Brasil", discursou o presidente,bonus apostaum atobonus aposta19 de abril. Na ocasião, disse também: "Acabou a época da patifaria, agora é o povo no poder, lutem com o seu presidente".
Foi nessa mesma época, porém, que o presidente passou a buscar com mais consistência uma aliança com políticos do Centrão. No dia 20 de abril, apenas um dia após dizer que "não queremos negociar nada", Bolsonaro recebeu Arthur Lira no Palácio do Planalto e ambos gravaram sorridentes um curto vídeobonus apostaque o presidente manda um abraço a familiares de Lira, selando o início debonus apostaaliança. "Estou aqui ao lado do maridão, do pai. Um grande abraço a vocês dois. Tamo junto, valeu", cumprimentou Bolsonaro. "São grandes fãs e toda hora me pediam isso", diz Lira,bonus apostaseguida.
Essa aproximação de Bolsonaro com o Centrão, e Arthur Lirabonus apostaespecial, se intensificoubonus apostaum momentobonus apostaque as investigações acuavam o governo e filhos do presidente — caso de dois inquérito abertos no Supremo Tribunal Federal para apurar ataques contra os ministros da Corte e a convocação de atos antidemocráticos e da investigação no Rio de Janeiro sobre um possível esquema de desvio de recursos do antigo gabinete de deputado estadual do hoje senador Flávio Bolsonaro.
Pouco depois, o próprio presidente reconheceu a distribuição de cargos entre partidos políticos: "Tem cargo na ponta da linha, segundo ou terceiro escalão, que estava na mão de pessoas que são de governos anteriores ao (do ex-presidente Michel) Temer. Trocamos alguns cargos nesse sentido. Atendemos, sim, a alguns partidos nesse sentido (de cargos)", disse Bolsonaro,bonus apostauma transmissão ao vivo no final de maio.
Um exemplo dessa ocupação de escalões inferiores por indicados políticos ocorreubonus apostajunho no Ministério da Educação, quando Marcelo Lopes da Ponte, ex-chefe de gabinete do senador Ciro Nogueira (PP-PI), foi nomeado presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Outros cargos dentro do órgão foram para indicações do PL — Paulo Roberto Aragão Ramalho assumiu a Diretoria de Tecnologia e Inovação do FNDE, enquanto Garigham Amarante Pinto assumiu a Diretoria de Ações Educacionais do fundo.
Outro marco da mudança de postura foi a recriação do Ministério das Comunicaçõesbonus apostajunho, cujo comando foi dado ao deputado Fábio Faria (PSD-RN), genro do empresário e apresentador do SBT Silvio Santos.
Jábonus apostadezembro o então ministro do Turismo, Álvaro Antônio, foi demitido depois de acusar o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, responsável pela articulação do Planalto junto ao Congresso, de querer entregarbonus apostapasta ao Centrão. Com isso, o comando do ministério passou para as mãos do até então presidente da Embratur, Gilson Machado.
Além de cargos, a aliança com o Centrão incluiu a negociação de verbas extras, além das emendas parlamentares que os congressistas já têm direito segundo a Constituição.
Em dezembro do ano passado, Câmara e Senado aprovaram dois Projetos de Lei do Congresso (PLNs) que abriram créditos extras para investimentos públicos. O primeiro deles, o PLN 29 de 2020, foi modificado pelo governo dias antes da votação para liberar R$ 1,9 bilhão para investimentos e custeio de serviços públicos. Pouco depois, outro projeto, o PLN 30, liberou mais R$ 6,1 bilhões para investimentos de oito ministérios.
Nos dois casos, a destinação dos recursos foi feita pelos relatores dos projetosbonus apostacombinação com o governo. As verbas são depois "apadrinhadas" pelos deputados de modo informal, geralmente para obras ou serviços públicos nos lugares onde eles têm votos.
Quem é Arthur Lira e quais acusações enfrenta
Lira tem 52 anos e, no portal da Câmara, informa que profissionalmente é advogado, empresário e agropecuarista. Desde que se formoubonus apostadireitobonus aposta1993, porém, ele ocupou cargos eletivos.
Repetindo uma história comum no Brasil, entrou na política aos 24 anos seguindo os passos do pai, Benedito de Lira, político tradicional de Alagoas que inicioubonus apostacarreira no Arena, partido de sustentação da Ditadura Militar, chegou a senador pelo PP (2011-2019) e hoje é prefeito de Barra de São Miguel, município na região metropolitana de Maceió.
Lira, porbonus apostavez, estreou na políticabonus aposta1993 como vereador de Maceió pelo PFL — de lá pra cá, passou por diferentes partidos (PSDB, PTB e PMN) até ingressar no PPbonus aposta2009, legenda a qual Bolsonaro também foi filiado de 2005 a 2016.
Atualmentebonus apostaseu terceiro mandato de deputado federal, o novo presidente da Câmara foi também por três mandatos seguidos deputado estadual, período que até hoje lhe rende acusações na Justiça.
Segundo o Ministério Público, Lira enriqueceu quando era deputado estadual operando com outros parlamentares um esquema de "rachadinha"bonus apostaque os salários de funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa de Alagoas eram desviados — mesma acusação que o filho mais velho de Jair Bolsonaro, o hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), enfrenta da época que era deputado estadual do Rio de Janeiro.
Além de rachadinha, Lira e outros antigos deputados estaduais de Alagoas são acusados de ter usado recursos da Assembleia Legislativa do Estado para pagar empréstimos particulares. Com essas duas práticas, afirma o Ministério Público de Alagoas, Arthur Lira teve movimentação bancária de mais de R$ 9,5 milhões entre os anos de 2001 e 2007.
Por essas acusações, Lira e mais oito deputados ou ex-deputados estaduais foram condenadosbonus aposta2016 na esfera civil por improbidade administrativa no Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), cabendo ainda recurso aos tribunais superiores. Apesar da condenaçãobonus apostasegunda instância, que gera inelegibilidade segundo a Lei da Ficha Limpa, o mais novo presidente da Câmara conseguiu disputar a eleição de 2018 graças a uma liminar do TJ-AL.
Já na esfera criminal, Lira foi denunciado pelos desvios na Assembleia Legislativa de Alagoas pela Procuradoria-Geral da República (PRG), na gestão de Raquel Dodge. No entanto, depois que o STF decidiubonus aposta2018 restringir o foro privilegiado a crimes relacionados ao atual mandato parlamentar, o caso foi remetido à primeira instância da Justiça Estadual de Alagoas sem ser julgado pelo Supremo.
Lira chegou a se tornar réu nesse caso, mas, no início de dezembro, o juiz Carlos Henrique Pita Duarte, da 3ª Vara Criminal de Maceió, decidiu arquivar o processo por considerar que as provas eram nulas. Nabonus apostaavaliação, o caso deveria ter tramitado na Justiça Estadual desde o começo,bonus apostavez de na Federal como ocorreu inicialmente. No final de dezembro, o Ministério Público recorreu da decisão.
"A denúncia movidabonus apostadesfavor do deputado Arthur Lira, pelos vícios processuais, foi corretamente anulada pela Justiça de Alagoas. O deputado, por mais de dez anos, foi acusado sem ter o direito de defender-se", disse a assessoria jurídica por meio de nota na ocasião.
Lira também enfrenta acusações no STF, onde é réubonus apostaum processo por corrupção. Nesse caso, a PGR acusa Lira de ter recebidobonus aposta2012 propina de R$ 106 mil do então presidente da Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU), Francisco Colombo.
Na época, o valor foi apreendido pela Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas com Jaymerson José Gomes, assessor parlamentar de Lira, que levava o dinheiro embaixo da roupa. Depois, o doleiro Alberto Youssef, apontado como operador financeiro do Partido Progressista pela Operação Lava Jato, reforçou as acusações embonus apostacolaboração premiada, quando disse que Arthur Lira e seu pai, Benedito de Lira, exerciam influênciabonus apostasucessivas gestões da CBTU.
O novo presidente da Câmara também foi denunciado pela PGRbonus apostajunho de 2020, acusado de receber R$ 1,6 milhãobonus apostapropina da empreiteira Queiroz Galvão, pelo apoio do PP à manutenção de Paulo Roberto Costa na diretoria da Petrobras. No entanto, três meses depois,bonus apostasetembro, a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo, coordenadora da Lava Jato na PGR, acolheu argumento da defesa de que não havia prova contra Lira e desistiu da denúncia.
"A PGR alterou seu entendimento após perceber que a denúncia estava calcada exclusivamente na palavra de um colaborador premiado: Alberto Youssef. Não havia qualquer outra prova. E, como fiscal da lei, não poderia sustentar algo distinto do arquivamento", argumentou Pierpaolo Bottini, advogado de Arthur Lira,bonus apostaartigo no portal Poder 360.
O novo presidente da Câmara enfrenta ainda acusações de violência e ameaças porbonus apostaex-mulher, mãe de seus dois filhos, Jullyene Cristine Santos Lins.
Em 2006, ela apresentou queixa por lesão corporal contra Lira na Polícia Civil. No entanto, o caso foi arquivadobonus aposta2015 após Lins mudarbonus apostaversão e ter dito que fez a acusação por vingança. Em entrevista recente ao jornal Folha de S.Paulo, ela disse que alterou seu depoimento após ser ameaçada pelo ex-marido.
Em nota enviada ao jornal, a defesa de Lira disse que o conteúdo das declarações debonus apostaex-mulher Jullyene Lins é "requentado" e que ele foi absolvido das acusações dela pelo STF.