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Política

aposta ambos marcam-Fora da cadeia, Sérgio Cabral deixa vida pública no passado e quer ser consultor político

aposta ambos marcam

Após seis anos de regime fechado, ex-todo poderoso do Rio já deixou claro que não pensaaposta ambos marcamretornar à política; condenações por corrupção geram dificuldades para o projeto
16 dez 2022 - 23h02
(atualizado às 23h13)
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Sérgio Cabral eaposta ambos marcamentão mulher, Adriana Ancelmo,aposta ambos marcamfoto de 2007.
Sérgio Cabral eaposta ambos marcamentão mulher, Adriana Ancelmo,aposta ambos marcamfoto de 2007.
Foto: Marcos Arcoverde/Estadão / Estadão

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Quando participou da Farra dos Guardanaposaposta ambos marcamParis,aposta ambos marcam2009, o então governador do Rio Sérgio Cabral Filho estavaaposta ambos marcampleno voo. Com a noitada na capital francesa comemorava, oficialmente, a Medalha Légion d'Honneur que recebera do governo local. Secretamente, também celebrava, por antecipação, a escolha do Rio para sediar a Olimpíada de 2016, comprada com propina de US$ 2 milhões a integrantes do Comitê Olímpico Internacional (COI), segundo o Ministério Público Federal diria anos depois.

A festança foi reveladaaposta ambos marcam2012, quando vieram a público as imagens dos secretários e empresários com as cabeças cobertas por panos brancos, no eventoaposta ambos marcamhomenagem ao mandatário. Virou símbolo da Era Cabral, simbolicamente encerrada comaposta ambos marcamprisão preventivaaposta ambos marcamnovembro de 2016, que abriu o período do ex-todo poderoso fluminense na cadeia - fechado agora pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que o soltou.

Tanto a orgia de novo rico ao lado de amigos e assessores eufóricos na noite regada a vinho francês como os seis anos de prisão fechada parecem sinais de que Cabral, com suas 23 condenações e penas de mais de 400 anos de prisão envolvendo corrupção, foi longe demais. Com origens no subúrbio carioca, formadoaposta ambos marcamjornalismo, o ex-governador morou, quando criança, no Encantado, bairro modesto da zona norte. É filho de Sérgio Cabral, escritor, jornalista, pesquisador de música popular, ex-vereador e conselheiro aposentado do Tribunal de Contas do Município do Rio. Foi o pai que o levou para a política, com cargo na TurisRio, estatal de turismo,aposta ambos marcam1987.

Em seu primeiro mandato, nos anos 90, Cabral Filho dirigia um carro usado. Discreto, evitava polêmicas. Na briga entre o presidente da Assembléia, José Nader, e o chamado Grupo Ético, mantinha-se neutro. Na época, era do PSDB. Masaposta ambos marcam1995 foi eleito presidente da Assembleia Legislativa fluminense. Formou com o primeiro-secretário, Jorge Picciani, e o líder Paulo Melo um trio que adversários consideravam quase imbatível. O triunvirato influiuaposta ambos marcamtodos os governos fluminenses nos dez anos seguintes, até que Cabral, após um período no Senado, foi eleito governador,aposta ambos marcam2006. Foi quando o grupo chegou diretamente ao Executivo, que dominaria por outra década. Foi então que Cabral precisou mudar de lavador de dinheiro. O escritório que fazia o "trabalho" considerou não ter como processar tantos recursos ilegais. Uma mudança e tanto para quem, na adolescência, sob a ditadura, militou no clandestino Partido Comunista Brasileiro (PCB), coordenou a campanha do pai e que tinha 29 anos ao ganhar o primeiro mandato, com o slogan: "Meus valores são outros".

Os valores levados pelo então jovem Cabral para as campanhas eleitorais na década de 1990 não perduraram. O ex-cacique do MDB se tornou o símbolo da corrupção revelada pela Operação Lava-Jato. Era o único político de destaque que ainda estava presoaposta ambos marcamconsequência das investigações dos procuradores do Ministério Público Federal.

Amigo de Lula

Ao assumir o governo do segundo maior Estado do País, Cabral se aproximou do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cuja reeleição apoiou no segundo turno. Posteriormente, ligou-se à presidente Dilma Rousseff. A proximidade de Cabral e Dilma foi exploradaaposta ambos marcamcampanhas, discursos, vídeos e fotos durante a campanha da petista ao Planalto com o bordão "estamos juntos".

O prestígio de Cabral eaposta ambos marcamproximidade do petismo foram tão grandes que chegou a ser cogitado para concorrer a vice-presidente na chapa encabeçada pelo PT. A partir da explosão dos primeiros casos de corrupção revelados contra Cabral, porém, Dilma se distanciou. A ex-presidente chegou a divulgar uma nota para marcar a distância que, segundo ela, havia entre os dois.

"Sérgio Cabral Filho jamais foi aliado da ex-presidente da República. Tanto é verdade que, nas eleições presidenciais, ele fez campanha para o principal adversário de Dilma nas eleições de 2014: o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, Sérgio Cabral orientou seus liderados no PMDB a votarem favoravelmente ao afastamento dela da Presidência da República", afirmou a ex-presidente Dilma Rousseff à épocaaposta ambos marcamnota.

Envolvidoaposta ambos marcamdezenas de denúncias de corrupção, o ex-governador foi presoaposta ambos marcamseu apartamento, no Leblon, na Operação Calicute,aposta ambos marcam17 de novembro de 2016. Foi a primeira das 55 operações promovidas pela versão carioca da Lava Jato. Mais de 550 pessoas foram denunciadas e mais de 300 chegaram a ser presas.

"O senhor está me machucando", disse, subitamente deixando a expressão de abatimento e encarando o agente que o segurava pelo cós da calça. "O senhor poderia me largar?"

"Eu não vou largar. O senhor é preso nosso", respondeu o policial.

O episódio teve repercussão entre advogados e mesmo no Judiciário, que viram no episódio violação de direitos. Houve, porém, quem considerasse justo o tratamento ao preso acusado de chefiar um esquema que, durante duas décadas, pilhou sistematicamente os cofres estaduais fluminenses.

O tratamento duro prosseguiuaposta ambos marcamPinhais. Lá, ele começou seu período na cadeia com quinze dias de solitária - sem banho de sol, sem comunicação com outros presos, sem acesso a meios de comunicação. De novo, advogados observaram que nunca um preso da Lava Jato passara por tratamento semelhante. Depois do período de isolamento, o ex-governador foi transferido para uma cela pequena, com camas de alvenaria e colchonetes. Dividiu o espaço com outros dois detentos.

Liberdade

Em 10 de dezembro, a 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio revogou duas ordens de prisão contra o ex-governador. Autorizou-o a cumprir prisão domiciliar se não houvesse nenhuma outra ordem de prisãoaposta ambos marcamvigor contra ele. O atual governador do Rio, Cláudio Castro (PL), chegou a ser informado da ordem de levar Cabral para a prisão domiciliar. Mas pediu aos agentes que esperassem que dúvidas sobre a decisão fossem sanadas.

No dia seguinte, o oficial de Justiça Antônio Carlos Gonçalves fez uma pesquisa no Banco Nacional de Mandados de Prisão e não encontrou outras ordens contra Cabral. Então foi à Unidade Prisional da PM do Rio,aposta ambos marcamNiterói, para soltá-lo. Mas era só um defeito no sistema. Ainda havia uma condenação pendente.

Em junho de 2017 o então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, condenou Cabral a 14 anos e dois meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Foi a primeira condenação do ex-governador na Lava Jato, por ter recebido propina de uma construtoraaposta ambos marcamtroca do contrato com o governo estadual para terraplanagem do Complexo Petroquímico do Rio (Comperj). Essa decisão foi confirmada pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Regiãoaposta ambos marcam30 de maio de 2018.

Na época, o STF considerava que bastava uma condenaçãoaposta ambos marcamsegunda instância (como é o caso do TRF) para que réus fossem presos, mesmo que ainda tivessem direito a recurso. Em 7 de novembro de 2019, no entanto, o STF mudou o entendimento - desde então, só o fim da ação justifica a prisão da pessoa condenada. Apesar da mudança, Cabral não foi libertado porque havia outras ordens de prisão pendentes.

Cabeça grisalha

A pouco mais de um mês de fazer 60 anos, com cabelos grisalhos, Cabral sabe que ficou no passado o tempoaposta ambos marcamque viajava várias vezes por ano à Europa - deixando o governo a cargo do vice, Luiz Fernando Pezão - para se hospedaraposta ambos marcamhotéis de luxo ou acompanhar eventos como shows do U-2. Também não voltará a épocaaposta ambos marcamque, governador, pretextando necessidade de segurança, usava o helicóptero do Estado para se deslocar para o trabalho, todo dia. Ia então de carro, sob escolta, do Leblon à Lagoa, onde embarcava na aeronave para um curto voo até o Palácio Guanabara,aposta ambos marcamLaranjeiras. O barulho dos pousos e decolagens gerava reclamações de vizinhos.

Nesse helicóptero, Cabral eaposta ambos marcamfamília iam para a casa do então governadoraposta ambos marcamMangaratiba. Isso quando Cabral não viajava, sem que ninguém soubesse, para lugares com praias para ricaços, como a ilha de Saint Barth, no Caribe. O aparelho chegou a voltar ao Rio apenas para pegar o cão Juquinha, que pertencia a filhos do mandatário. Depois da prisão e dos escândalos, ele perdeu o imóvel, leiloado pela Justiça por R$ 6,4 milhões.

A justificativa de Cabral para a vida de milionário era o escritório de advocacia daaposta ambos marcamentão mulher, Adriana Ancelmo - Coelho, Ancelmo e Associados. A banca, que foi modesta atéaposta ambos marcamchegada ao governo, teve crescimento exponencial durante seu governo, conforme revelou o Estadão. A Justiça identificou os pagamentos como indício de lavagem de dinheiro. Isso levou a ex-primeira dama à cadeia, da qual a acusada já saiu, antes de Cabral, de quem se separou.

Segundo fontes próximas, Cabral esperou com tranquilidade a decisão do STF que o libertou. Esse clima de serenidade foi interrompido pela notícia de que um dos seus cinco filhos, José Eduardo, era alvo de uma operação contra o comércio ilegal de cigarros. Precisou de atendimento médico, e Zé Cabral, como é conhecido o jovem de 26 anos, depois de fugir, apresentou-se para ser preso. Depois, foi solto.

Também na cadeia, o pai se recompôs. Faz exercícios, lê muito. Sabe que a politica, como conheceu no Estado do Rio, mudou completamente, e que é agora desimportante no cenário do poder - outro de seus filhos, Marco, pela segunda vez não conseguiu se eleger deputado. Já deixou claro a pessoas próximas saber que uma retomada da carreira politica é inviável. Acalenta um projeto: quando libertado, tornar-se consultor político. Um negócio que mesmo pessoas que o conhecem há anos consideram difícil para quem, na vida pública, teve e perdeu tudo. Talvez não haja quem queira se arriscar publicamente a ter como conselheiro um ex-governador condenado dezenas de vezes por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Mas seria uma forma de o ex-governador ficar próximo do mundo onde cresceu. "Cabral tem a política no sangue", diz um amigo, ex-companheiro de disputas eleitorais. O ex-governador, porém, deve pelo menos suspeitar que seu voo terminou.

Estadão
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Fontes de referência

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