apostas esportivas no brasil-Chacinas: uma visão acadêmica sobre como execuçõesapostas esportivas no brasilmassa acontecem e impactam a sociedade
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Estudo analisa a evolução do modus operandi e os perfis de vítimas e executores de 138 chacinas ocorridasapostas esportivas no brasilsão Paulo entre 2009 e 2020.apostas esportivas no brasil de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar
O ano era 1938. No bairro do Brás,apostas esportivas no brasilSão Paulo, ocorria um crime que chocava o país: quatro pessoas foram brutalmente assassinadas a golpes de pilão durante o carnaval. O episódio ganhou grande repercussão na mídia da época e simboliza um períodoapostas esportivas no brasilque homicídios múltiplos eram tratados como tragédias excepcionais. Quase 80 anos depois,apostas esportivas no brasil2015, as cidades de Osasco e Barueri foram palco da maior chacina do estado de São Paulo, quando pelo menos 20 jovens foram executados a tiros por homens encapuzadosapostas esportivas no brasilmenos de 3 horas. Nas reportagens, agentes de segurança pública estavam entre os suspeitos das execuções.
Das chamadas chacinas "encapuzadas", onde os responsáveis escondem suas identidades, o padrão tem evoluído para execuções "desencapuzadas". Isso foi visto no Massacre de Paraisópolis,apostas esportivas no brasil2019, quando nove pessoas morreram encurraladas por policiaisapostas esportivas no brasiluma viela, e nas Operações Escudo e Verão,apostas esportivas no brasil2023, na Baixada Santista, marcadas pela violência e letalidade, com evidências de execuções sumárias e tortura. No total, foram mais de 80 vítimas.
Essas cenas se tornaram comuns no cotidiano da cidade de São Paulo e na Região Metropolitana. Popularmente chamadas de chacinas, o assassinato de três ou mais pessoasapostas esportivas no brasilum mesmo local e pela mesma causa, recebe o nome técnico de homicídios múltiplos.
Para analisar essa forma de homicídios, investiguei diversos dados de chacinasapostas esportivas no brasilminha tese de Doutoradoapostas esportivas no brasilSociologia pela Unicamp "Quem sangra na fábrica de cadáveres? As chacinasapostas esportivas no brasilSão Paulo e RMSP e a Chacina da Torcida Organizada Pavilhão Nove". Parte dos resultados foram discutidos no artigo "Chacinas urbanas na cidade e na Região Metropolitana de São Paulo (2009 - 2020)", publicado na Revista Cadernos Metrópole.
Na pesquisa, foram investigados os homicídios múltiplos a partir de notícias de jornais e de entrevistas com jornalistas, delegados, investigadores e ouvidores da polícia, como as chacinas acontecem eapostas esportivas no brasilquais locais há maior incidência de casos. Foram encontradas e analisadas 138 chacinas, contendo 536 vítimas fatais, entre os anos de 2009 e 2020. Com os dados, realizei a espacialização dessas mortes múltiplas através de mapeamentos.
As vinganças do Esquadrão da Morte e as chacinas
A ação do Esquadrão da Morte durante da Ditadura Militar é um dos elementos que apresentoapostas esportivas no brasilminha pesquisa para analisar as chacinas urbanas paulistas. Esse grupo era formado por policiais civis, que realizavam execuções sumárias e homicídios múltiplos,apostas esportivas no brasilatuações extralegais.
Durante o expediente de trabalho,apostas esportivas no brasilque desempenhavam o papel de agentes do estado, esses policiais atuavam na repressão política, prendendo e torturando os militantes contrários ao regime autoritário, no Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), um centro de repressão e tortura da época. Ao finalizar o horário de trabalho, esses policiais se engajavamapostas esportivas no brasilexecuções e chacinas de suspeitos pelas periferias paulistanas, além de retirarem presos do Presídio Tiradentes para executá-los.
Os corpos das vítimas eram deixados ao relento e os jornais avisados através de uma espécie de Relações Públicas do grupo. As execuções do Esquadrão da Morte estavam relacionadas às vinganças institucionais e, para realizar essas vinganças havia uma métrica: para cada policial assassinado, dez civis deveriam ser executados.
Além dessa métrica de vingança, os policiais também atuavam na proteção de grupos criminais ligados ao tráfico de drogas. Essa forma de proteção na qual os policiais obtêm vantagens financeiras ao utilizar seu papel institucional para auxiliar grupos criminaisapostas esportivas no brasilsuas ações, é chamada de mercadorias políticas.
As mercadorias políticas estão relacionadas às extorsões, venda de informações, proteção policial a grupos criminosos, dentre outras corrupções. São mercados de ilegalidades. O conceito desenvolvido pelo sociólogo Michel Misse é utilizado para analisar como as chacinas do Esquadrão da Morte reorganizou as violências letais urbanas,apostas esportivas no brasilespecial as ações de policiais nas execuções de chacinas.
Executores, vítimas e territórios
Segundo os dados da minha pesquisa,apostas esportivas no brasil24,6% das notícias analisadas, PMs, ex-PMs, guardas civis metropolitanos e policiais civis aparecem como suspeitos de terem realizado as execuções. Em 78,17% das mortes, as vítimas eram do sexo masculino, assim 419 dos executados eram homens. Sobre a idade, 110 vítimas tinham entre 18 e 24 anos e 52 entre 25 e 29. As execuções das chacinas vitimam, emapostas esportivas no brasilmaioria, homens e jovens.
Um ponto que me chamou a atenção foi a falta de dados sobre raça/cor das pessoas executadas nas chacinas. Para preencher essa lacuna, analisei o território onde os casos mais ocorriam, comparando o local com mapas do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) que detalham o percentual de população branca, parda e preta na cidade de São Paulo e nas cidades da Região Metropolitana.
Ao acrescentar aos dados dos territórios atingidos o mapeamento racial do CEM, foi possível compreender que os locais nos quais as chacinas costumavam ocorrer com maior frequência no período analisado eram bairros com maior concentração de população parda e preta. A análise socioespacial das chacinas, através de mapas georreferenciados, permitiu detalhar algo que movimentos negros, movimentos de familiares e ativistas de direitos humanos já relatavam: as mortes se concentram nas periferias.
São os locais públicos das periferias e de circulação urbana que as chacinas ocorrem. Em 24 desses eventos, o local das execuções eram bares, pizzarias, bailes funk, restaurantes, padarias, praças, salões e quadras de torcidas organizadas. Há uma tentativa de asfixiamento da sociabilidade urbana nas periferias pelas ações das chacinas. As vitimizações das chacinas e os territóriosapostas esportivas no brasilque ocorrem, apontam para como essa violência letal exprime o genocídio da juventude negra, denunciado pelos movimentos negros e movimentos de familiares de vítimas.
Modus operandi e mudanças de padrões das chacinas
Os dados levantados sobre as chacinas entre 2009 e 2020, permitiu que, a partir das similaridades encontradas nas descrições das execuções, fosse possível construir um modus operandi dessas violências.
Através dessa análise, pude identificar que as chacinas possuem elementos de ação muito similares, como a chegadaapostas esportivas no brasilcarros e motos, o uso de coturnos, toucas ninjas e armas de fogo. Imposição da presença com a frase: "é a polícia" e o recolhimento de cápsulas ao final. Esses elementos são encontrados ao longo da série histórica levantada pela minha pesquisa.
Algo, no entanto, tem mudado. Há uma quebra no modus operandi analisado até 2020. Jáapostas esportivas no brasil2019, o Massacre de Paraisópolis demonstra uma ação na qual o elemento do capuz sai de cena e, as mortes múltiplas são realizadas sem o uso de arma de fogo eapostas esportivas no brasiloperação oficial da polícia. Nas Operações Escudo e Verão (2023/2024), as ações são realizadas desencapuzadas e com verniz de legitimidade estatal.
Essa modificação no padrão de operacionalização das chacinas demonstra reorganizações das práticas de extermínio no urbano. Se as chacinas eram realizadas de modo extralegal e velado, nas recentes operações há a legalidade, a defesa estatal e o rosto descoberto.
Apesar dessas alterações, alguns elementos não se modificaram: as vitimizações e territórios. São os jovens negros, que estão e/ou residem nas periferias, que continuam sendo executados, a partir de vinganças institucionais e de mercadorias políticas, com seus corpos expostos para demonstrar quem possui poder no território.
A permanência do padrão de vitimização e de territórios de incidências dos homicídios múltiplos, reforça as conclusões da minha tese de que as chacinas são modos de produções de mortes ligados ao "genocídio da juventude negra", como uma ferramenta que se reinventa, a partir das instituições estatais, para seguir o propósito do extermínio da negritude brasileira.
Camila Vedovello não presta consultoria, trabalha, possui ações ou recebe financiamento de qualquer empresa ou organização que poderia se beneficiar com a publicação deste artigo e não revelou nenhum vínculo relevante além de seu cargo acadêmico.