o que é cbet-"Já levei muito livro na mochila para vender", lembra Djamila Ribeiro sobre as dificuldades de publicar livros no Brasil
o que é cbet
Em entrevista ao Terra, a filósofa relembrou suas primeiras publicações e os desafios de ser uma escritora periférica e independenteo que é cbet de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar
Antes de publicar os livros Quem tem medo do feminismo negro? e Pequeno manual Antirracista, Djamila Ribeiro seguiu o mesmo percurso que muitos escritores periféricos e independentes no Brasil, fazendo vaquinhas online e carregando suas obras por aí, com a esperança de que seu trabalho fosse notado.
“Eu já levei muito livro na mochila para vender nos eventos pelo País e me orgulho muito de poder contar essa história. Foi dessa forma que eu consegui mostrar o meu trabalho para mais pessoas”, contou Djamilao que é cbetconversa com o Terra, que entrevistou a filósofa e escritora na Feira Literária de Diadema (FLID), realizado mês passado no município de São Paulo.
Segundo a filósofa, no início deo que é cbetjornada, quando ainda não possuía um contrato com uma editora, ela começou a realizar lançamentoso que é cbetespaços públicos para conseguir publicar outras edições.
Na entrevista, Djamila ressaltou que essa foi uma estratégia que a autora encontrou no início da carreira para contornar o sistema, permitindo que ela conseguisse publicar mais livros, sem ceder uma grande porcentagem às livrarias, na época.
Sonho ou pesadelo?
O sonho de escrever um livro pode se tornar um pesadelo quando a obra está pronta e chega o momento da publicação. Muitos autores independentes esperam por uma resposta de uma editora tradicional por anos eo que é cbetmuitas das vezes, quando ela vem, acaba sendo negativa.
As razões pela negativa são inúmeras, mas geralmente as justificativas recebidas pelos autores são: obra fora da linha editorial e grande número de originais sobre o assunto.
“Sonha! Só não deixe o sonho morrer na fronha!”. Essa frase presente na música Sonhos, do escritor, professor, poeta e MC Renan Inquérito, serve como inspiração diariamente para muitos escritores periféricos.
Mirione Azevedo, 32 anos, é a prova disso. Em período integral, trabalha como professorao que é cbetuma escola da Rede Estadual do Estado de São Paulo, é bolsista e pesquisadorao que é cbetum programa de pós-graduaçãoo que é cbeteducação na Universidade Metodista de São Paulo durante a manhã e, no "tempo livre", mantém vivo o seu sonho de escritora.
Entre uma aula e outra, uma pausa para corrigir, planejar e estruturar as aulas de química. Sempre que ‘sobra um tempo’, a escritora relata tentar escrever ou rascunhar histórias de ficção não ficção. "Eu tenho que rascunhar pelo menos meia página por dia. Nem sempre consigo devido às demandas diárias. É muito difícil conciliar a vida pessoal, profissional e de estudante ao mesmo tempo", detalhou.
Recentemente, a autora publicou seu primeiro livroo que é cbetplataforma digital, sem recursos para remunerar uma equipe precisou fazer quase todo o processo sozinha [roteiro, diagramação, revisão, divulgação e publicação], a única coisa que conseguiu ajuda para finalizar seu livro de contos Agora me Encontrei foi na ilustração da capa.
Apaixonada pela leitura e por livros físicos desde criança, Mirione relembra como iniciou na escrita. “Eu comecei a escrever no ensino fundamental. Na época eu sofria muito bullying na escola e essa foi uma forma de conseguir expressar o que eu sentia. Nas minhas histórias, o meu cabelo crespo era o mais bonito de todos e a minha pele era endeusada. Eu me sentia feliz escrevendo aqueles contos”, relembrou Mirione. Hoje, um dos objetivos da professora é conseguir recurso através de um edital público ou 'vaquinhas online' para realizar a impressão de seu primeiro livro.
Do edital para as prateleiras
Estudante de história da Universidade de São Paulo (USP), Adilson Teyu é escritor independente desdeo que é cbetadolescência. Hoje aos 31 anos, já conseguiu realizar a impressão de dois livros físicos.
Para conseguir chegar ao produto final, inscreveu seu projetoo que é cbetdiversos editais públicos e para autor, mesmo sendo aprovado, o processo é bem difícil e muitas vezes depende de “sorte”
"Já vi amigos redigindo projetos para várias chamadas, porém, muitas vezes, não são aprovados. Acredito que,o que é cbetgrande parte, o resultado de um edital é determinado pela sorte. É como um jogo de azar no qual nem sempre se conquista a vitória", diz Teyu.
O autor também explica que acessar um edital para publicação de um livro físico é só o primeiro passoo que é cbetuma jornada longa e cheia de desafios. “O primeiro edital que eu consegui, recebi uma verba de R$ 5 mil. Com esse dinheiro tive que pagar as impressões da gráfica, um diagramador e um ilustrador. Não lucrei nada com esse projeto, mas consegui pagar meus amigos e colocar meu livro nas prateleiras”, explicou.
Para autores independentes, que não dispõem de assessorias nem de grandes equipes, e carecem do respaldo de editoras, a publicação frequente de livros torna-se um processo consideravelmente mais lento e desafiador. Dependendo unicamente de campanhas de doação ou de editais públicos, isso acaba por restringir o progresso dos escritores, os quais frequentemente veem seus sonhos permanecerem apenas registradoso que é cbetum caderno.
Editora independente
Escritor e fundador da editora e livraria independente LiteraRUA, Toni C também é conhecido nacionalmente pela escrita da biografia do rapper Sabotage e pela edição dos livros de Emicida e deo que é cbetmãe Dona Jacira. Em entrevista para a equipe de reportagem do Terra, Toni relatou que pensou nesta iniciativa justamente para compartilhar desafios e tornar obras de outros autores viáveis e acessíveis.
“Foio que é cbetuma conversa comigo mesmo que descobri que podia não apenas publicar a mim mesmo, mas também outras pessoas, colegas com diferentes temáticas, até mesmo temáticas semelhantes. Acredito que a editora surgiu com o propósito de superar essas dificuldades e obstáculos que muitas vezes tornam a literatura menos acessível às pessoas nas periferias. Nosso objetivo é democratizar a literatura", disse.
O fundador da editora, que também já levou muitos livros na mochila para vendero que é cbeteventos, conta que hoje seu propósito é ser a mochila de outros escritores. Hoje, com mais de duas décadas trabalhando com grandes nomes do hip-hop e da literatura, Toni acredita que é muito importante que esses escritores independentes comecem a dar outros passoso que é cbetsuas carreiras para não ficarem dependendo somente de editais e campanhas de doação para publicar suas obras.
“Muitas vezes, a única maneira para um autor se estabelecer é começar com a primeira publicação por meio de um edital. No entanto, essa não pode ser a única abordagem”, observou.
Transformação
Para Toni e Djamila, que cresceram ouvindo Racionais MCs e com influências diretas do hip-hop ao samba, ampliar o acesso à literatura das pessoas que vem de periferia é uma missão que está explícita diariamenteo que é cbetcada falao que é cbetevento ou livro publicado.
“Hoje percebo que os alunos das periferias estão cada vez mais se identificando como que é cbetrealidade por meio da música e literatura. É crucial que esses autores independentes das periferias não desistam de perseguir seus sonhos. A educação me transformou, o acesso aos livros me transformou e desejo que outras pessoas também passem por essa transformação", acrescentou Djamila.