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 Foto: Arquivo Pessoal/Danielle Coelho

wanderley da pixbet-94% dos professores não têm formação para lidar com alunos com deficiência

wanderley da pixbet

Em exclusiva ao Terra, representante do MEC divulga meta de capacitação de 1,3 milhão de professores, mas não detalha orçamento
Imagem: Arquivo Pessoal/Danielle Coelho
  • Maria Clara Andrade Maria Clara Andrade
  • Beatriz Araujo Beatriz Araujo
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21 set 2023 - 05h00

wanderley da pixbet de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar

Para Izabel Oliveira, de 27 anos,wanderley da pixbetpassagem pela escola poderia ter sido diferente. Cega e estudante da rede estadual, sempre fez todas suas provas de forma oral. Ela tinha que se virar sozinha, sem apoio na sala de aula, sem contraturno e, também, sem ninguém que a ajudasse a superar barreiras físicas cotidianas. Só agora, depois de ingressar na faculdade, foi que começou a aprender braile por meio de um projeto social.

A realidade de Izabel, do interior de Sergipe, escancara a forma como a educação básica ainda precisa de atenção para se tornar, efetivamente, inclusiva. Isso porque, além de pessoas com e sem deficiência estudarem juntaswanderley da pixbetsalas comuns, ainda falta capacitação de profissionais para lidar com as diferenças.

Izabel começou a aprender braille depois de ter saído da educação básica. Ela viaja dewanderley da pixbetcidade, Brejo Grande, para Aracajú, onde tem aulaswanderley da pixbetum projeto de uma escola da rede municipal
Izabel começou a aprender braille depois de ter saído da educação básica. Ela viaja dewanderley da pixbetcidade, Brejo Grande, para Aracajú, onde tem aulaswanderley da pixbetum projeto de uma escola da rede municipal
Foto: Arquivo Pessoal/Izabel Oliveira

No Brasil, cerca de 94% dos professores regentes não têm formação continuada sobre Educação Especial - modalidade da Educação Básica,wanderley da pixbetuma perspectiva inclusiva, que tem como público pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. O dado é do Ministério da Educação (MEC) referente a 2022. Na série histórica desde 2012, é o ano com melhor índice.

A região Nordeste, onde Izabel mora, figura com o menor percentual entre as cinco regiões brasileiras. Apenas 3,7% (23.614) dos professores regentes possuem formação continuada sobre Educação Especial. No caso dos professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE), que acontece no contraturno escolar, 38% (5.553) têm formação.

Aliado a este dado, a infraestrutura das escolas também deixa a desejar. Só 21,5% (9.475) das unidades com matrículas de alunos com deficiência são equipadas com Salas de Recursos Multifuncionais, que dá suporte ao AEE. O percentual é menor do que a média nacional,wanderley da pixbetque cerca de 28% (37.239) das escolas possuem o equipamento.

*Para ver a versão desse vídeo com audiodescrição, clique aqui.   

Além do diploma

A formação continuada vai além da base da graduação destes profissionais. Especialistas acreditam que o esforço também precisa vir das redes de educação básica, que devem promover capacitações e aprimorar as expertises do corpo docente.

"É preciso se aproximar mais do chão da escola, do espaço escolar; ouvir, de fato, a demanda do professor, trazer profissionais e formadores que possam estar dentro desse espaço e, junto até com esse professor, pensarwanderley da pixbetuma formação mais colaborativa", defende Nelma de Cássia, professora na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), que estuda e pesquisa a educação inclusiva.  

Caso contrário, se as instâncias responsáveis por direcionar o aprimoramento dos professores não estiverem a par das realidades nas escolas, pode haver um descompasso com as reais necessidades das unidades básicas de ensino. É o que vivencia Danielle Coelho, professora de uma escola municipal, que recentemente passou a funcionarwanderley da pixbetturno integral,wanderley da pixbetManaus. Ela, que trabalha na unidade há 16 anos, se descreve como uma rebelde quando o assunto é educação inclusiva.

Danielle é professora do atendimento educacional especializado e se considera uma referência para o tema da educação inclusiva na escola onde trabalha
Danielle é professora do atendimento educacional especializado e se considera uma referência para o tema da educação inclusiva na escola onde trabalha
Foto: Arquivo Pessoal/Danielle Coelho

"Eu fui me adaptando à proposta da escola e não cabia mais aquele projeto da sala de recursos engessado, onde a gente só pode atender alunos no contraturno", diz.

Por conta própria, Danielle também decidiu se especializar e ela mesma oferece capacitações aos colegas. "A formação que a secretaria oferece não era mais suficiente para suprir as nossas demandas. Então todos os colegas me procuram", acrescenta.

O Terra entrouwanderley da pixbetcontato com a Secretaria de Educação (SEMED) da Prefeitura Municipal de Manaus, para obter um posicionamento sobre a situação, mas não obteve retorno até a publicação dessa matéria. O espaço segue aberto para manifestações. 

  • Nas Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de pedagogia e licenciaturas regulamentados pelo MEC, um dos princípios da formação de profissionais do magistério da educação básica é: "a compreensão da formação continuada como componente essencial da profissionalização inspirado nos diferentes saberes e na experiência docente, integrando-a ao cotidiano da instituição educativa, bem como ao projeto pedagógico da instituição de educação básica".

Nesse contexto, a doutorawanderley da pixbeteducação Nelma de Cássia acrescenta que as rotinas exaustivas e a baixa remuneração nos quais estes profissionais estão atrelados são fatores por trás da falta de capacitação dos professores da educação básica. "A realidade é difícil. Que horas a pessoa vai poder estudar? Que horas a pessoa vai poder se planejar com calma para poder atuar melhor junto com o seu aluno, tenha deficiência ou não?", questiona.

Base superficial

Nelma de Cássia possui pesquisas na formação de docentes para a Educação Especial na perspectiva inclusiva
Nelma de Cássia possui pesquisas na formação de docentes para a Educação Especial na perspectiva inclusiva
Foto: Arquivo Pessoal/Nelma de Cássia

Na prática, a formação de futuros professores deixa a desejar desde a graduação. É o que analisa Nelma de Cássia, de acordo comwanderley da pixbetparticipação no Observatório Nacional de Educação Especial. A pesquisa, de nível nacional, foi finalizadawanderley da pixbet2014, e, dentre os assuntos, tratou da formação dos professores para a educação inclusiva.

Uma das poucas disciplinas relacionadas à educação inclusiva que são ofertadas de maneira obrigatóriawanderley da pixbettodos os cursos de licenciatura é o ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Ainda assim, ela costuma ser ofertada de maneira superficial.

"É um semestre para você entrarwanderley da pixbetcontato com uma língua. Um semestre de inglês faz você sair fluentewanderley da pixbetinglês? Não. E ali você vai aprender apenas uma parcela do que corresponde à realidade da pessoa com perda auditiva, porque nem toda pessoa com perda auditiva é usuária de Libras", afirma.

Ao Terra, a conselheira Suely Menezes, vice-presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE) do MEC, confirmou que não há ainda "padrões específicos" para as universidades e faculdades encaixarem a educação inclusiva. Além disso, Suely esclarece que as Diretrizes Curriculares Nacionais desses cursos pressupõem que temas voltados para a educação inclusiva estejam diluídos durante a graduação, mas isso também não é uma obrigatoriedade.

Especializados são minoria

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI) prevê que todos os matriculados da educação especial tenham o direito ao Atendimento Educacional Especializado (AEE) no contraturno escolar. Quem fica à frente desses serviços são professores específicos com formaçãowanderley da pixbeteducação inclusiva, critério previsto nas diretrizes do MEC.

Esse é o caso de Nathália Meneghine, que trabalha como professora da rede pública municipal de Minas Gerais há quase 20 anos, dos quais cinco anos foram no AEE. Com dois concursos, ela atua dentro da escola nas duas frentes.

Nathália Meneghine trabalha há cinco anos como professora do atendimento educacional especializado
Nathália Meneghine trabalha há cinco anos como professora do atendimento educacional especializado
Foto: Arquivo Pessoal/Nathália Meneghine

Cerca de 44% dos profissionais que atuam no AEE têm formação continuadawanderley da pixbeteducação especial. O número é contrastante com o apresentado no início da reportagem com relação às formações gerais e, de certa forma, também indica um problema. Como pontua Nelma de Cássia, o cenário ideal seria que professores regentes também se interessassem mais pelo tema da educação inclusiva.

Titulação não é sinônimo da formação. Esse entendimento de investir numa formação, que é um caminho contínuo, sobretudo quando a gente está falando da educação, é um entendimento importante. - Nathália Meneghine, professora de AEE

Os professores de AEE representam cerca de 1% do total de professores na rede de educação básica, incluindo a pública e privada. Para Suely Carneiro, conselheira do CNE, o ideal seria que existisse ao menos um profissional de AEEwanderley da pixbetcada escola. Mas, na realidade, é como se tivesse um professor do tipo para atender cerca de três escolas com matrículas da educação especial.

 

Sem investimentos

Nathália Meneghine acompanhou a implementação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI), vigente desde 2008, de perto. Quando o assunto é investimento no atendimento educacional especializado, tanto na formação de professores, quanto na implementação de Salas de Recursos Multifuncionais, ela diz ter existido dois tempos.

Teófilo começou a trabalhar com tecnologia assistiva ainda nos anos 90, pelas Obras Sociais Irmã Dulce, na Bahia
Teófilo começou a trabalhar com tecnologia assistiva ainda nos anos 90, pelas Obras Sociais Irmã Dulce, na Bahia
Foto: Arquivo Pessoal/Teófilo Alves

O primeiro seguiu até meados de 2015, quando o Ministério da Educação promoveu formações e cursos de extensão focados no AEE. O investimento inicial também foi alto para as Salas de Recursos Multifuncionais. Procurado, o MEC não deu detalhes sobre o valor.

Esses espaços são equipados com ferramentas que buscam tornar mais inclusiva a permanência do aluno com deficiência no ambiente escolar - também pensando emwanderley da pixbetvida fora da escola. É lá que acontece o contraturno escolar, com atendimento do professor do AEE.

Esses recursos que promovem acessibilidade também são chamados de "tecnologia assistiva". O termo passou a ser usado no Brasilwanderley da pixbet2007, segundo explica o professor Teófilo Alves, que ajudou a implantar o primeiro curso de graduação do Paíswanderley da pixbetEngenharia de Tecnologia Assistiva e Acessibilidade, na UFRB.

Segundo ele, qualquer recurso, feito até à mão, pode ser uma tecnologia assistiva, desde que cumpra a função de ajudar os estudantes a romper barreiras. No caso de um aluno com dificuldades de coordenação motora que não consegue segurar na ponta de um lápis, por exemplo, Teófilo sugere uma solução simples.

"Se coloca um emborrachadowanderley da pixbetvolta do lápis, enrola o emborrachado, forma um engrossador, e a criança consegue o movimento de preensão da caneta e consegue escrever. Essa adaptação artesanal é tecnologia assistiva também", exemplifica.

Até 2015, segundo Nathália, o Governo Federal distribuiu, por meio de kits prontos, todos os materiais necessários para enriquecer as salas de recursos. Mas, a partir de 2016, quando a política passou a cair no esquecimento, surgiu esse "segundo tempo".

"Nos últimos quatro anos, a gente não teve um centavo. Não foi nem um real. Os equipamentos que eu trabalho são lá de 2010, 2013.... Depois disso, foi executado muito poucowanderley da pixbettermos de recurso, só aquilo que era estritamente obrigatório ser executado", destaca, com base emwanderley da pixbetexperiência.

O Terra teve acesso ao detalhamento dos dados do Censo Escolar da Educação Básica do Inep, de 2013 até 2022. Com relação às Salas de Recursos Multifuncionais, o ápice de aberturas de novas salas foi 2015, anowanderley da pixbetque a LBI foi implementada. Naquele ano, foram criadas quase 4 mil salas, totalizando pouco mais 30 mil equipamentoswanderley da pixbetescolas públicas e privadas.

A partir de 2018, a criação de novas salas saiu da casa dos milhares e atingiu seu menor númerowanderley da pixbet2019. O aumento foi de apenas 575, chegando ao total de 35.174 salas - o crescimento foi menor até mesmo do que o observado nos anos afetados pela pandemia de covid-19.

Orçamento

Previsão do novo governo

Em conversa com o Terra, Décio Guimarães revelou que o MEC deverá levar formação para 1,3 milhão de professores regentes sobre educação inclusiva,wanderley da pixbetparceria inédita com a Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O número representa cerca de 56% do total de profissionais do tipo na rede básica de ensino.

Décio Guimarães assumiu a Diretoria de Políticas de Educação Especial na Perspectiva Inclusivawanderley da pixbetmaio deste ano, ocupando o lugar antes de Rosângela Machado
Décio Guimarães assumiu a Diretoria de Políticas de Educação Especial na Perspectiva Inclusivawanderley da pixbetmaio deste ano, ocupando o lugar antes de Rosângela Machado
Foto: Agência Câmara de Notícias

Além disso, ele citou a Rede Nacional de Formação Continuada de Professores (Renafor), quewanderley da pixbetparceria com universidades públicas, deverá contemplar cerca de 20 mil professores com a formação continuada pelo programa. Décio afirmou ainda que o governo está trabalhando com o orçamento que recebeu da gestão anterior, mas o valor ainda não é o ideal.

Para ele, o momento é de "retomar a política", mas não detalhou quais serão os investimentos. "Eu não posso, aqui, hoje, adiantar números, embora a gente tenha trabalhado na construção deles. Porque isso, na verdade, estáwanderley da pixbetfase de aprovação no gabinete do ministro [da Educação, Camilo Santana],wanderley da pixbetarticulação com o gabinete do presidente Lula", justificou.

No entanto, Décio foi um pouco mais detalhista quanto à meta para as Salas de Recursos Multifuncionais nos próximos três anos: "Estamos trabalhando firmemente para democratizar a distribuição desses recursos. E nós temos como meta alcançar 100% dessas escolas".

Ao Terra, fontes que participam da articulação da iniciativa adiantaram que o governo pretende investir R$ 3 bilhõeswanderley da pixbetum plano de afirmação e fortalecimento da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Segundo apurado, a expectativa é que o plano seja lançado ainda neste mês.

O profissional de apoio

Sem saber que é assegurado pela lei, a estudante cega Izabel Oliveira descreve como fundamental a presença de um profissional de apoio para ajudar pessoas com deficiência, como ela, no dia a dia escolar. Ela sentiu falta desse suporte quando estudava. "Seria legal ter um atendimento para ajudar as pessoas com deficiência na escola, por exemplo, a ir ao banheiro. A gente fica solitário lá."

O profissional de apoio escolar é especificado pela LBI como alguém que auxilia na alimentação, higiene e locomoção do estudante com deficiência, além de quaisquer outras atividades escolares nas quais se fizer necessário. No entanto, a lei não especifica qual deve ser a formação desse profissional. Essa brecha, conforme relatos ouvidos pela reportagem, deixa o profissional de apoiowanderley da pixbetum limbo.

Como profissional de apoio escolar, Rita de Cássia trabalha auxiliando apenas um aluno
Como profissional de apoio escolar, Rita de Cássia trabalha auxiliando apenas um aluno
Foto: Arquivo Pessoal/Rita de Cássia

Para Rita de Cássia Mendes, que é profissional de apoio, este cargo é similar ao de um cuidador. Ela começou na função durante a pandemia, e conseguiu a realocaçãowanderley da pixbetuma escola da rede municipal de ensino apenas com uma antiga experiência como monitora de ônibus escolar. Antes, Rita trabalhava como manicurewanderley da pixbetum salão de beleza.

Na carteira de trabalho, assinada pela secretaria de educação dewanderley da pixbetregião, Rita é registrada como "cuidadora da saúde". A variação de termos para designar essa mesma função deve acabarwanderley da pixbetbreve, prevê Décio Guimarães, representante do MEC. Ele afirma que a regulamentação da figura do profissional de apoio é um dos pontos de prioridade do ministério.

"A LBI está dizendo, especificamente, o que é esse profissional, qual é awanderley da pixbetfunção, mas nós vamos disciplinar. Porque hoje, como está, cada município interpreta de uma maneira, cada escola interpreta de uma maneira. Então, nós precisamos regulamentar essa atividade, valorizar e, via rede federal, oferecer formação inicial e continuada para esses profissionais", afirma. 

* Essa é uma das reportagens da série Educar para Incluir, que faz uma imersão na educação inclusiva no Brasil a partir da história de alunos com deficiência ou com superdotação -- afetados, todos os dias, pelos êxitos ou falhas de governos e redes escolares. Acesse aqui.

* Para ver a versão com audiodescrição, clique aqui.

Fonte: Redação Terra

Fontes de referência

  1. realsbet bot
  2. app blaze oficial
  3. como funciona o vai de bet

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