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h5 brabet com-A invasão de Israel ao Líbanoh5 brabet com1982 que deu origem ao Hezbollah

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Saída israelense do Líbanoh5 brabet com2000 deixou um governo fraco e instável, incapaz de impedir que o Hezbollah, com apoio iraniano, se estabelecesse no sul do país.
1 out 2024 - 14h38
(atualizado às 23h12)
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Combatentes do Hezbollah participam do velório de lideranças do movimentoh5 brabet comBeirute
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Foto: Getty Images / BBC News Brasil

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O início da incursão terrestre de Israel contra o Hezbollah no Líbano na madrugada desta terça-feira (1/10) fez com que muitos resgatassem o histórico de ataques e invasões no país nas últimas décadas.

Em particular, historiadores e analistas têm olhado para a ocupação por Israel no início da década de 1980 como um momento importante para explicar o nascimento da organização que é alvo da operação israelense de 2024.

O surgimento do Hezbollah é associado às incursões israelenses no Líbanoh5 brabet com1978 e 1982, quandoh5 brabet commeio a uma guerra civil um grupo de muçulmanos xiitas influenciados pelo Irã pegouh5 brabet comarmas para deter a ocupação.

O governo iraniano e a Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na siglah5 brabet cominglês) do Irã forneceram financiamento e treinamento à milícia emergente, que passou a adotar o nome Hezbollah, "partido de Deus"h5 brabet comárabe.

Após a retirada de Israelh5 brabet com2000, o Hezbollah resistiu à pressão para se desarmar e continuou a se fortalecer, tornando-se a força militar mais poderosa da nação árabe.

O grupo também ganhou gradualmente influência no sistema político do Líbano e tem hoje poder de veto no Executivo do país.

Guerra civil libanesa

O pano de fundo do surgimento do Hezbollah e da ocupação israelense foi a guerra civil, que eclodiuh5 brabet com1975h5 brabet commeio a conflitos étnico-religiosos que ocorriam desde que a região estava sob controle do Império Otomano (séculos XIV-XX).

Mas muitos especialistas apontam o descontentamento latenteh5 brabet comrelação à grande presença armada palestina no sul país como o grande fator determinante na deflagração do conflito interno.

A ocupação israelense sobre a quase totalidade do território palestino obrigou um imenso contingente populacional a buscar refúgio nos países vizinhos. Milhares de palestinos migraram para o sul do Líbano, onde passaram a viverh5 brabet comsituação precária.

No contexto dos conflitos entre árabes e israelenses pela posse do território palestino, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), liderada por Yasser Arafat, se instalou no sul do Líbano.

Os ataques palestinos e Israel se intensificaram durante a década de 1970, com disputas na fronteira e ataques militares israelenses contra alvos no Líbano.

As várias facções que compunham a OLP naquele momento foram responsáveis por diversos ataques terroristas contra alvos israelenses e outros ao redor do mundo, entre eles o atentado que deixou 17 mortos durante as Olimpíadas de Muniqueh5 brabet com1972.

Helicóptero israelenseh5 brabet comacampamento do Exército durante invasão do Líbanoh5 brabet comjunho de 1982
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Foto: Yoel Kantor/GPO via Getty Images / BBC News Brasil

Ao mesmo tempo, divisões sectárias, pré-existentes ao Estado libanês, acentuavam os conflitos.

Para tentar equilibrar as divisões internas entre sunitas, xiitas, drusos e cristãos, o Pacto Nacional de 1943 distribuiu o poder público entre as diferentes comunidades religiosas.

De forma geral, a Presidência do país fica com cristãos maronitas, o primeiro-ministro é tradicionalmente um muçulmano sunita e a Presidência da Câmara dos Deputados é reservada a um muçulmano xiita.

Mas, segundo explica Haugbolle Sune, professor na Universidade Roskilde e autor de livros e artigos sobre a guerra civil no Líbano, questionamentos ao sistema e as disputas de privilégios e espaços políticos entre os grupos fomentaram a escalada do conflito armado.

Há um consenso entre os historiadores de que a guerra eclodiu como resultado de um período de crescente divisão entre os libaneses que apoiavam o "direito da resistência palestina de lançar ações contra Israel a partir do solo libanês e aqueles que se opunham a isso", escreveu Suneh5 brabet comum artigo de 2011 sobre o tema.

"Essa divisão se misturou a outros pontos de discordância, principalmente se o sistema de compartilhamento de poderh5 brabet comvigor desde o Pacto Nacional de 1943 era sustentável ou precisava de uma reforma radical, e se o Líbano deveria orientar suas alianças internacionaish5 brabet comdireção ao mundo árabe e à União Soviética ouh5 brabet comdireção ao Ocidente e seus aliados locais."

As incursões israelenses

Em meio aos conflitos internos, as forças israelenses invadiram o sul do Líbanoh5 brabet com1978, e novamenteh5 brabet com1982, para expulsar os guerrilheiros palestinos que usavam a região como base para atacar Israel.

Após a primeira incursão, as forças israelenses conseguiram estabelecer uma zona de ocupação estreita que ia até o rio Litani, que corre pela região do Vale do Bekaa e outras áreas do sul libanês.

Naquele momento, o governo de Israel afirmou que a invasão era uma resposta a um ataque de um grupo palestino que sequestrou e matou 38 israelensesh5 brabet comuma estrada na região costeira israelense.

Em resposta, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a Resolução 425, que pedia a retirada imediata das forças israelenses. Também estabeleceu a Força Interina da ONU no Líbano (Unifil), que opera até hoje.

Na época, os israelenses armaram e financiaram o Exército do Sul do Líbano (SLA), composto por cristãos libaneses. Grupos palestinos, enquanto isso, eram apoiados pela Síria.

Soldados da artilharia israelenses disparam projéteis contra alvos perto de Beirute durante invasão do Líbanoh5 brabet comjulho de 1982
Soldados da artilharia israelenses disparam projéteis contra alvos perto de Beirute durante invasão do Líbanoh5 brabet comjulho de 1982
Foto: Ya'akov Sa'ar/GPO via Getty Images / BBC News Brasil

Os atentados ligados à OLP continuaram nos anos seguintes, ainda que com menos intensidade e mortalidade do que alguns dos praticados durante a década de 1970.

Em junho de 1982, um ataque no centro de Londres conduzido por dois jordanianos e um iraquiano ligados ao extremista palestino Abu Nidal quase matou o embaixador de Israel no Reino Unido, Shlomo Argov.

Os então primeiro-ministro e ministro da Defesa israelenses, Menachem Begin e Ariel Sharon, retaliaram com a chamada Operação Paz para a Galileia.

Eh5 brabet com6 de junho de 1982, Israel invadiu o Líbano pela segunda vez, dessa vezh5 brabet comuma incursão de maior escala, que chegou até Beirute.

A operação militar é hoje descrita por alguns especialistas como a mais desastrosa da história de Israel e apelidada de "Vietnã israelense",h5 brabet comalusão à invasão dos EUA ao país asiático.

Em meio à incursão, as forças israelenses sitiaram por sete semanas a parte ocidental da capital libanesa, onde a OLP mantinhah5 brabet comsede, cortando comida, água e energia.

Campos de Sabra e Shatila após o massacreh5 brabet comBeirute, Líbano,h5 brabet com27 de setembro de 1982
Campos de Sabra e Shatila após o massacreh5 brabet comBeirute, Líbano,h5 brabet com27 de setembro de 1982
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Os EUA, cada vez mais críticos aos ataques israelenses a alvos civis, intermediaram um acordo a partir do qual os líderes da OLP e cerca de 14 mil combatentes deixaram o Líbano para a Tunísiah5 brabet comagosto e setembro de 1982.

Mas a situação ficou mais crítica depois que o recém-eleito presidente do Líbano e aliado de Israel, Bashir Gemayel, foi assassinadoh5 brabet comum atentado com uma bombah5 brabet comBeirute.

Logo após o anúncio da morte de Gemayel, Begin e Sharon decidiram invadir Beirute Ocidental e pouco mais de 24 horas depois anunciaram a tomada militar da cidade.

Foi nesse momento que também ocorreu o que é considerado o episódio de maior atrocidade dos 15 anos de guerra civil no Líbano: os massacres nos campos de refugiados de Sabra e Shatila, que deixaram um número estimado 800 e 3,5 mil mortos.

Os assassinatos foram cometidos por combatentes da milícia das Forças Libanesas (LF, na siglah5 brabet cominglês), ligada ao grupo cristão Falange,h5 brabet comum ato de vingança pela morte do presidente Bashir Gemayel, que também era líder das LF.

O Exército israelense foi acusado de ajudar a milícia durante o massacre - ou pelo menos de não intervir para evitar as mortes.

Ariel Sharon renunciou ao cargo de ministro da Defesa diante de fortes críticas - ele foi eleito primeiro-ministro posteriormente,h5 brabet comfevereiro de 2001.

Um inquérito judicial israelense sobre o massacre, publicadoh5 brabet comfevereiro de 1983, condenou o papel do governo Begin no caso e rejeitou o argumento de que Israel não poderia ser responsabilizado diretamente.

Após as mortes nos campos de Sabra e Shatila, o governo israelense se viu sob forte pressão dos governos dos EUA e da Europa e da opinião pública interna. Israel então retirou suas forças de Beirute, antes de uma retirada finalh5 brabet com2000.

Como surgiu o Hezbollah?

A saída israelense deixou um governo libanês fraco e instável, incapaz de impedir que a Síria apertasse seu controle sobre o país, ou que o Hezbollah, com apoio iraniano, se estabelecesse no sul.

As origens precisas do grupo são difíceis de identificar, mas seus precursores surgiram ainda durante a ocupação, quando muçulmanos xiitas, influenciados pelo governo teocrático do Irã, passaram a combater as forças israelenses.

Essas lideranças romperam com o Movimento Amal, um grupo político que se tornou uma das mais importantes milícias muçulmanas xiitas durante a guerra civil libanesa, e formaram um movimento que foi denominado Amal Islâmico.

Vendo uma oportunidade de expandir ah5 brabet cominfluência nos estados árabes, o Irã decidiu financiar e treinar a milícia emergente.

Pouco depois, essa organização aliou-se a outros grupos e criou o Hezbollah.

Manifestação do Hezbollahh5 brabet comjunho de 1985h5 brabet comBeirute, Líbano
Manifestação do Hezbollahh5 brabet comjunho de 1985h5 brabet comBeirute, Líbano
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O grupo anunciou oficialmente ah5 brabet comcriaçãoh5 brabet com1985, publicando uma "carta aberta" que identificava os Estados Unidos e a antiga União Soviética (URSS) como os principais inimigos do Islã.

No polêmico manifesto, o Hezbollah também levantou a destruição de Israel como um objetivo fundamental.

"É o inimigo odiado que temos de combater até que os odiados consigam o que merecem", diz o texto.

"Este inimigo é o maior perigo para as nossas gerações futuras e para o destino das nossas terras, especialmente porque glorifica as ideias de colonização e expansão, iniciadas na Palestina."

O governo dos EUA culpa o grupo por orquestrar os atentados à embaixada dos EUA e ao quartel da Marinha americanah5 brabet comBeirute,h5 brabet com1983, que juntos deixaram 258 americanos e 58 militares franceses mortos e levaram à retirada das forças de manutenção da paz ocidentais.

Após o Exército sírio ter imposto a paz no Líbanoh5 brabet com1990, pondo fim à guerra civil, o Hezbollah continuou ah5 brabet comguerra de guerrilha no sul do país.

Mas, gradualmente, também começou a desempenhar um papel ativo na política libanesa.

Em 1992, participou pela primeira vez nas eleições nacionais, obtendo mais assentos do que qualquer outro partido.

A organização emitiu um novo manifesto políticoh5 brabet com2009, após conquistar 10 assentos no Parlamento, para destacar a "visão política" do grupo.

O Hezbollah retirou do manifesto de 1985 a referência à necessidade de criação de uma república islâmica, mas manteveh5 brabet comlinha dura contra Israel e os Estados Unidos e insistiu que precisava manter suas armas.

Antes do atual conflito, o grupo militante libanês havia entradoh5 brabet comconfronto direto pela última vez com Israelh5 brabet com2006. Naquele ano, militantes do Hezbollah lançaram um ataque transfronteiriço no qual oito soldados israelenses foram mortos e outros dois raptados.

O Hezbollah exigiu a libertação dos prisioneiros libanesesh5 brabet comtroca de soldados israelenses. Mas a resposta de Israel ao ataque foi rápida e firme.

Aviões de guerra israelenses bombardearam redutos do Hezbollah no sul do Líbano e nos subúrbios ao sul de Beirute, enquanto o Hezbollah disparou cerca de 4 mil foguetes contra Israel.

Mais de 1.125 libaneses, a maioria deles civis, morreram durante os 34 dias de conflito, bem como 119 soldados israelenses e 45 civis.

Desde então, o Hezbollah aprimorou e expandiu o seu arsenal, recrutando dezenas de novos combatentes.

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Fontes de referência

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