columbus crew x montréal-Invasão da Ucrânia | 'Parece realidade paralela': como a TV russa está retratando a guerra
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A guerra na Ucrânia provocou indignaçãocolumbus crew x montréalvárias partes do mundo, mas, na Rússia, os telespectadores veem uma história muito diferente pela televisão. Em geral, a ofensiva não é descrita na mídia russa como invasão ou guerra, não há relatos de reveses ou baixas nas forças russas, as vítimas civis são culpa da Ucrânia por supostamente usá-las de escudo humano e comentários políticos são dominados por acusações contra o governo ucraniano (de fake news a violência contra cidadãos separatistas ligados à Rússia).columbus crew x montréal de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar
Não há ilustração melhor da realidade alternativa da guerra na Ucrânia apresentada pela mídia estatal russa do que o ocorrido na terça-feira, 1º/03. Enquanto a TV BBC World abriu seu boletim de notícias com relatos de um bombardeio russo a uma torre de televisãocolumbus crew x montréalKiev, a TV russa estava anunciando que era a Ucrânia a responsável pelos ataquescolumbus crew x montréalsuas próprias cidades.
O que os telespectadores russos estão assistindo sobre a guerra? Que mensagens eles ouvem na programação diária? A seguir, você confere um retrato do que os cidadãos comuns deste país receberam de informação na terça-feira (1º/03) nas principais estações de TV do país, controladas pelo Kremlin e seus aliados corporativos.
Em geral, a ofensiva não é descrita na mídia russa como uma guerra ou invasão, não há relatos de reveses ou baixas nas forças russas, as vítimas civis são culpa da Ucrânia por supostamente usá-las de escudo humano e comentários políticos são dominados por acusações contra o governo ucraniano (de fake news a violência contra cidadãos das regiões separatistas ligadas à Rússia).
O programa Good Morning ("Bom dia", na tradução literal para o português) é transmitido no Channel One, canal controlado pelo Estado e um dos mais populares da Rússia. Para um observador casual, a atração não é muito diferente de outros programas televisivos típicos durante o horário do café da manhã encontradoscolumbus crew x montréalmuitos outros países, com uma mistura de notícias, cultura e entretenimento leve.
Na terça-feira, porém, a grade foi interrompida às 5h30, horário de Moscou (23h30 do dia anterior no horário de Brasília). Os apresentadores anunciaram que a programação da TV foi alterada "devido a eventos sabidos", e haveria mais notícias e atualizações. O boletim então sugere que os relatos sobre a destruição de equipamentos militares russos pelas forças ucranianas são falsos e projetados para "enganar espectadores inexperientes".
"Continuam a circular na internet filmagens que não podem ser descritas como nada além de falsas", explicou o apresentador, enquanto o espectador via fotografias do que era descrito como "manipulações virtuais sem sofisticação".
No final da manhã, às 8h no horário de Moscou (2h no horário de Brasília), a reportagem da BBC sintonizou no boletim matinal do canal de televisão NTV, de propriedade de uma subsidiária da Gazprom, empresa controlada pelo Kremlin. O noticiário concentra-se quase que exclusivamentecolumbus crew x montréaleventos ocorridoscolumbus crew x montréalDonbas, região no leste da Ucrânia onde,columbus crew x montréal24 de fevereiro, a Rússia declarou que estava iniciandocolumbus crew x montréal"operação militar especial" para "desmilitarizar e desnazificar" a Ucrânia.
Não há qualquer menção ao comboio militar de quilômetros de extensão que está serpenteando Belarus, no norte,columbus crew x montréaldireção a Kiev, capital da Ucrânia. No Reino Unido, esse é o principal assunto no boletim de notícias da BBC Radio 4 meia hora depois.
No Rossiya 1 e no Channel One — os dois canais mais populares da Rússia, ambos controlados pelo Estado — as forças ucranianas são acusadas de crimes de guerra na região de Donbas. A ameaça aos civis não vem das forças russas, mas, sim, de "nacionalistas ucranianos", acusa o apresentador do Rossiya 1.
"Eles usam civis como escudo humano, posicionando deliberadamente sistemas de ataquecolumbus crew x montréaláreas residenciais e intensificando o bombardeio de cidadescolumbus crew x montréalDonbas."
O apresentador do Channel One anuncia que as tropas ucranianas "estão se preparando para bombardear casas residenciais" e atacar armazéns com amônia,columbus crew x montréal"atos de provocação contra civis e forças russas".
Os eventos na Ucrânia não são chamados de guerra. Em vez disso, a ofensiva é descrita como uma operação de desmilitarização do país, com foco na infraestrutura militar, ou como uma "operação [militar] especial para defender as repúblicas populares".
Na TV controlada pelo Estado, apresentadores e correspondentes usam linguagem e imagens emotivas para traçar "paralelos históricos" entre a "operação militar especial" da Rússia na Ucrânia e a luta da União Soviética contra a Alemanha nazista no período da Segunda Guerra Mundial.
"As táticas dos nacionalistas que usam crianças para se proteger não mudaram desde a Segunda Guerra Mundial", diz o apresentador de um programa matinal no canal Rossiya 24, que faz parte do mesmo grupo do Rossiya 1.
"Eles se comportam como fascistas, no próprio sentido desta palavra: os neonazistas colocam seus equipamentos não apenas perto de casas residenciais, mas onde as crianças se abrigamcolumbus crew x montréalporões", acrescenta o correspondentecolumbus crew x montréaluma reportagem com a legenda "fascismo ucraniano".
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'A culpa é da Ucrânia'O noticiário russo também ecoam as acusações (sem comprovação até agora) feitas pelo presidente russo Vladimir Putin na semana passada de que a Ucrânia estaria usando mulheres, crianças e idosos como escudos humanos.
Enquanto a mídia de outros países tem questionado se o ataque de Putin teve dificuldades para progredir com a rapidez planejada, a TV local retrata as operações russas como muito bem-sucedidas. Atualizações regulares fornecem números de armamentos ucranianos destruídos.
Mais de 1,1 mil instalações de infraestrutura militar ucraniana foram desativadas e centenas de equipamentos foram destruídos, dizem as notícias da manhã. Não há menção a qualquer baixa da Rússia.
Os boletins matinais russos quase nem abordam as ofensivas do Exército do paíscolumbus crew x montréaloutras partes da Ucrânia. Correspondentes da TV estatal não marcam presençacolumbus crew x montréallocais como Kiev e Kharkiv, as duas principais cidadescolumbus crew x montréalque casas de civis foram bombardeadas. Em vez disso, eles apenas acompanham as tropascolumbus crew x montréalDonbas.
Na edição vespertina do noticiário, a NTV finalmente menciona o evento noticioso que dominou horas de cobertura na BBC nesse mesmo período do dia: o bombardeio da cidade de Kharkiv.
No entanto, as reportagens desmascaram quaisquer relatos de que as forças russas são responsáveis pelo que foi registrado, classificando-os como "falsos".
"A julgar pela trajetória do míssil, o ataque foi feito do noroeste, onde não há forças russas", disse o apresentador durante a edição do noticiário às 16h no horário de Moscou (10h de Brasília). Quatro horas depois, um boletim de Rossiya 1 vai mais longe e culpa a própria Ucrânia pelo bombardeio.
"Isso é para atacar Kharkiv e dizer que foi a Rússia. A Ucrânia está atacando o seu próprio território e mentindo para a comunidade internacional. Mas é possível enganar o povo?", ele pergunta.
Durante um boletim às 17h (11h de Brasília), a apresentadora do Rossiya 1 descreve o que ela diz ser o "objetivo principal" da Rússia na Ucrânia: "A defesa da Rússia contra a ameaça do Ocidente, que está usando o povo ucranianocolumbus crew x montréalseu impasse com Moscou."
Para combater o que é descrito como "notícias falsas e rumores sobre a Ucrânia que estão circulando online", ela anuncia que o governo russo está lançando um novo site onde "apenas informações verdadeiras serão publicadas".
As emissoras de TV da Rússia são obrigadas pelo Roskomnadzor, um órgão de vigilância da mídia, a seguir a narrativa oficial.
Mas isso não quer dizer que não houve variedade no tom nas reportagens durante a terça-feira. Enquanto os boletins de notícias falavam de crimes de guerra ucranianos, Vyacheslav Nikonov, apresentador de um programa de entrevistas e atualidades do Channel One chamado The Great Game (O Grande Jogo,columbus crew x montréaltradução literal), falou sobre seu amor pela Ucrânia ao se despedir.
"Eu amo muito a Ucrânia e os ucranianos. Eu viajei por todo o paíscolumbus crew x montréalvárias ocasiões. É realmente um país brilhante e maravilhoso. E acho que a Rússia está, é claro, interessadacolumbus crew x montréalser um país próspero e amigável... A causa é justa. Seremos vitoriosos."
Um número crescente de russos mais jovens tende a obter as notícias de sites independentes ou pelas redes sociais e, quanto mais a guerra dura, mais imagens e vídeos de soldados mortos e prisioneiros de surgem nesses meios. Mas as autoridades também estão atentas a isso e pressionam a mídia independente.
O Roskomnadzor, por exemplo, ordenou que o TikTok removesse conteúdo militar e político de suas sugestões para menores de idade, reclamando que, "na maioria dos casos, esses materiais têm um caráter anti-russo evidente". O órgão exigiu que o Google remova o que descreve como "informações falsas sobre as perdas relatadas pelo exército russo".
A Reuters ainda informa que a instituição reimpôs um mecanismo de desaceleração na velocidade de carregamento do Twitter por causa de "relatos falsos" da "operação militar especial" de Moscou, além de restringir o acesso ao Facebook.
O Roskomnadzor também instruiu os meios de comunicação a usarem informações apenas de fontes oficiais russas ao relatar a invasão, exigindo que retirem quaisquer reportagens que se refiram a uma "declaração de guerra" ou a uma "invasão". Os canais foram ameaçados com multas e bloqueios se não agirem.
Os sites do canal de TV independente Dozhd e da estação de rádio liberal Ekho Moskvy foram bloqueados por supostos apelos ao extremismo e violência e "difusão sistemática de informações falsas sobre as atividades dos militares russos".
Com reportagem adicional de Francis Scarr
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