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12 jul 2018 - 15h51
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Alguns anos depois e a coisa sofisticou. Agora me delicio com imagens que chegam diretamente para o meu grupo do celular retratando os bastidores da última excursão ao apiário. Na escola das minhas filhas, dependendo do passeio, pais são bem-vindos para dar uma força e " já que" estão por lá, acabam acumulando a função de paparazzi. E não nego a felicidade que sinto quando vejo que elas conseguiram ficar sentadas justamente com a melhor amiga no ônibus!!! Ah, e reconheço a aflição quando não consigo identificar nenhuma na foto. Será que aquele braço é de uma delas? Alguém viu a Elisa aí?? Ah, aquela franja é dela!

Mas, outro dia, a professora com pouquíssima sutileza e muita sabedoria me disse que precisamos deixar nossos filhos respirarem, viverem, crescerem!! Gente, quanta crueldade e verdade!

Foi um soco no meu estômago e um chamado para a lembrança de que era legal mesmo passear com a escola, ir a festas de amiguinhos, dar um pulo na padaria do bairro da minha avó, sem ter sempre alguém com um celular pedindo um sorriso meu. Quantas vezes as meninas chamam amigas lábetfair flamengo velezcasa e eu fotografo o almoço (para a mãe ver que tem sa-la-da), depois registro  o piquenique na garagem (para a mãe ver que eu também faço programas retrô) e depois gravo as meninas fazendo estrela (para…). E aí fico aqui pensando na real intenção daquela atitude. É pra mim? É para os outros? Será que não estamos criando crianças sufocadas por uma câmera e tirando a naturalidade da infância? Será que não estamos tirando também a nossa paz porque não desligamos nunca?  Será que não estamos passando a ideia de que eles são o centro do universo e que tudo, tudo o que fizerem será apreciado por uma plateia encantada com tamanho talento?

Aprender a dar os primeiros passos, imitar cachorrinho, ir para a ginástica olímpica e fazer uma ponte são coisas naturais e não excepcionais. Mas com um aparelho sempre à mão e uma conexão 4G a gente fica tão tentada que seguimos compartilhando cada segundo da vida dos nossos filhos para os amigos, para as redes e para o mundo.

É um alento saber que tudo vai bem, que estão seguros, que estão se divertindo pintando o rosto de borboleta, que a tarde na casa do amigo foi uma delícia, que aprenderam um novo nado, que chuparam picolé no lanche, que cortaram o cabelo, que agora já sabem cantar parabéns e que estão crescendo como todas as crianças crescem, como sempre cresceram.

Confesso que várias vezes imagino as cenas que vivo com Elisa e Manu na capa do meu face ou no stories do meu Instagram, reconheço que tê-las monitoradas onde quer que estejam me alivia o coração e que ter tantos flagras lindos delas é uma curtição, mas será que não estamos perdendo a noção?

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Fontes de referência

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