betano 0-No Carnaval de SP, bicampeã Mocidade Alegre entendeu o Modernismo
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Mário de Andrade teria chapado com rap, break e grafite. Poucos conhecem seu trabalho de pesquisa sobre cultura popularO texto aborda a importância da pesquisa de cultura popular brasileira incentivada por um dos fundadores do modernismo paulista, Mário de Andrade, com enfoque na Missão de Pesquisas Folclóricas realizada no Brasilbetano $3001938.
betano 0 de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar
No Carnaval de São Paulo, a Mocidade entendeu aquilo que a Vai-Vai não entendeu sobre o Modernismo. Aliás, sobre Mário de Andrade. Ou melhor: a importância do escritor atuando decisivamente nos primórdios da pesquisa sobre cultura popular brasileira.
Na moral, e com todo o respeito pela Vai-Vai, que eu queria que ganhasse, os modernistas paulistas não criaram os “renegados da moderna arte”, como diz o samba-enredo. Não dá pra comparar Mário de Andrade com Borba Gato.
Vou usar uma frase bonita: a incorporação das manifestações artísticas e populares é um dos princípios da arte modernista paulista, morou?
A descoberta, o deslumbre, o reconhecimento de Mário de Andrade diante do samba paulista ou das esculturas mineiras demonstra o interesse genuíno pelas manifestações culturais – desculpem a expressão desgastada – “de raiz”.
Sabe o que embaça? Se desconhecemos a obra literária, sequer imaginamos a importância de Mário de Andrade realizando e incentivando pesquisas sobre cultura popular no Brasil, como o samba rural paulista, sobre o qual escreveu texto fundamental.
O samba-enredo da Mocidade aborda viagem de artistas modernistasbetano $3001924. Dalibetano $300diante, o interesse de Mário de Andrade pela pesquisa séria, científica, respeitosa, com registrobetano $300áudio e vídeo, só cresceu.
Levantamentos como os realizados no país inteiro, justificando medidas de incentivo do governo Lula à cultura hip hop, começaram quando Mário de Andrade virou Diretor do Departamento de Cultura de São Paulo, o primeiro órgão oficial do país,betano $3001935.
Você certamente já ouviu falar de “políticas públicas”. Foi o que Mário de Andrade fez. Escritor e grande pesquisador, sobretudo de música, ele jamais se colocaria contra leis de incentivo cultural. E quando teve o poder de decisão política, instituiu curso preparatório para pesquisas científicas sobre cultura popular.
Ele foi ministrado por ninguém menos do que Dina Lévi-Strauss, esposa de Claude-Levi Strauss, cuja famosidade como antropólogo ofusca a importância da esposa, também antropóloga, além de etnóloga e filósofa, monstra.
Ela ensinou os técnicos do Departamento de Cultura a registrar, fotografar, filmar, entrevistar o povão que realiza a cultura nas quebradas do país. O popular foi levado a sério, assim como o dinheiro público.
“Não é amadoristicamente se meterem no meio do povo, de lápisbetano $300punho, perguntando coisas, rindo das aparentes tolices que escuta, assustando o povo e sendo enganado por ele. É preciso lidar com o povo e saber o que deverá ser colhido, como e para quê”.
O primeiro trabalho dos técnicos formados pelo Departamento de Cultura de São Paulo foi o curiosíssimo mapeamento de comidas proibidas (tipo manga com leite), danças populares e – você não vai acreditar – métodos de cura do terçol, aquela inflamação no olho, com anel.
Sim, minha gente, o terçol se cura esfregando um anel, e o levantamento, que enviou 10 mil questionários às cidades do interior paulista, constatou quebetano $300alguns lugares valia qualquer anel;betano $300outros, só de ouro; mas pode ser que só funcione com aliança de noiva virgem.
Esses e outros resultados foram apresentados no Congresso Internacional de Folclore,betano $300Paris,betano $3001938. No mesmo ano, Mário de Andrade organizou e destinou verba para a ambiciosa Missão de Pesquisas Folclóricas, a mais espetacular e importante pesquisa sobre cultura popular até então realizada no Brasil.
Durante seis meses, os pesquisadores percorrem 20 cidades do interior da Paraíba e Pernambuco; duas no Piauí; além das capitais do Ceará, Maranhão e Pará. Recolheram impressionante documentação: 19 filmes, captados com os equipamentos de som e imagem de ponta; mais de mil fotografias e outro milheiro de objetos, religiosos ou não, de sopro, corda e percussão; perto de 1.500 melodias.
Ainda produziram mais de 18 mil documentosbetano $300papel, como cadernetas de anotações, cadernos de desenhos, letras de músicas, dados sobre arquitetura, entre outras relíquias culturais das periferias e comunidades rurais. O material pode ser visto pela internet ou ao vivo no Centro Cultural São Paulo.
Mário de Andrade teria chapado com o rap, o break e o grafite. Dança, música e rima improvisada, como a dos emboladores, faziam a cabeça do escritor, que não teria miguelado verba para pesquisa sobre hip hop, tenham certeza.
A crítica necessária ao Modernismo tem que ser justa, meu mano – palavra que, nos clássicos da literatura brasileira, aparece pela primeira vezbetano $300Macunaíma, um livro chato, muito cerebral, talvez dispensável. Nele, os irmãos que protagonizam a história se chamam de “manos”.