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O aumento dos juros básicos é a forma de o Banco Central dar sinais de atenção para a alta preocupante da inflação nos últimos meses, segundo análise do coordenador de Economia Aplicada, do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Armando Castelar. Nesta quarta-feira, 17, o BC elevou a taxa Selic de 2% para 2,75% ao ano.
O economista lembra que os juros reais negativos (uma vez que não conseguem superar a inflação) não têm sido suficientes para animar a atividade econômica e que o País só vai encontrar novamente um rumo com o avanço do programa de vacinação e o fim dos desgastes provocados pelo governo federal contra Estados e municípios. A seguir, trechos da entrevista:
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Era hora mesmo de aumentar os juros?É o movimento correto, a inflação tem surpreendido para cima e uma reação do Banco Central controla as expectativas e evita que ela continue subindo. Os preços subiram pela questão dos alimentos, mas o petróleo também começou a subir muito, o que pressionou bastante o preço da gasolina. Alguns serviços, como planos de saúde, quase não tiveram reajuste no ano passado, mas esse aumento vem este ano. Muito do que foi subtraído no ano passado virástarspoker2021. Há outra questão relevante: a inflação acumuladastarspoker12 meses vai baterstarspoker7%starspokermaio, o que impacta nas expectativas. Quando se olha para os resultados mês a mês também, a inflação surpreendeu para cima. A questão imposta ao BC é reagir para mostrar que ele está atento.
Os cortes recentes da Selic foram além do necessário?
O corte lá atrás foi maior do que o necessário. Ao reduzir os juros para 2% ao ano, gerou-se um risco maior de ter de subir a Selic antes que a pandemia estivesse resolvida. Agora, o risco se mostrou verdadeiro. O resultado é que se acelerou a necessidade de um aumento mais forte, com todas as consequências disso. Talvez o melhor tivesse sido cortar juros até 3% e esperar um pouco. Mas isso não é uma crítica de que foi feita errada.
Como um novo ciclo de alta de juros pode impactar na dívida pública?
A dívida vai se complicar bastante, pois os juros estão subindo lá fora, com a vitória dos democratas nos Estados Unidos, o pacote fiscal e a vacinação. Isso já era percebido nos juros mais longos e vai ter um efeito significativo na Selic e na dívida. Mas os juros reais (descontada a inflação) ainda estão negativos, o que a gente está falando é que é preciso que eles deixem de ser tão negativos. Levar a Selic para 5,5% no fim do ano, por exemplo, não seria uma catástrofe.
Juros mais altos não devem ter um impacto forte na atividade econômica? A economia freou no fim do ano passado e devemos ter um primeiro trimestre já muito ruim.
Tem um efeito direto negativo sobre os custos de financiamento, mas reduz as incertezas. Não saber se o governo está atento à inflação também gera incertezas para o investidor. Mas, para além dos juros, o que está fazendo a economia travar é a pandemia, é a falta de vacinação. Os juros reais negativos de agora não têm tido um impacto grande na atividade econômica. Com os juros reaisstarspoker3% negativos, a economia deveria estar bombando. Não está, pois não é o juro que está segurando a economia. A economia está completamente dependente da vacinação, quanto antes ela acontecer, mais rápido o emprego vai se recuperar também. A tendência é que a curva de juros futuros fique menos inclinada e isso dará mais segurança e previsibilidade. Se eles não mostrarem que estão atentos à inflação, não tem como passar um sinal de segurança para a população.
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