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"Tenho 43 anos, morocasino online bitcoinSão Paulo, trabalho como diretora de marketing e sou mãe solo da Sofia, de 17 anos. Ela é fruto de uma gestação gemelar e nasceu prematura. A irmã faleceu 40 dias depois do parto. Sofia permaneceu durante muito tempo na UTI e sofreu muitas intercorrências, como cinco sepses. Ela teve uma lesão cerebral que a levou a desenvolver uma paralisia cerebral grave com quadriplegia. É uma condição diferente da lesão medular, pos ela consegue mexer as mãos, mas tem menos força, equilíbrio e domínio. A lesão neurológica também causou uma deficiência visual cortical. Ela enxerga, mas com dificuldade. Se há um buraco na calçada, por exemplo, pode ser que ela não consiga ver.
A infância toda de Sofia foi voltada às terapias de reabilitação e às consultas médicas. A educação, para mim, sempre foi um ponto sensível, uma chance de ter justiça social. Eu queria dar o melhor estudo possível para a minha filha, principalmente para ela ter alguma autonomia, vida social e oportunidades de se sustentar no futuro. Porém, como ela havia sofrido uma lesão importante na área de linguagem, o primeiro prognóstico foi de que não poderia ser alfabetizada. Sempre fui teimosa e dizia para quem quisesse ouvir: ela pode, sim!
PublicidadeConseguir uma creche não foi tão difícil, mas a passagem para a Educação Infantil começou a apresentar os primeiros problemas. Sofia passou a usar cadeira de rodas entre os três e quatro anos de idade e as desculpas que ouvi das escolas nessa época diziam que não havia 'estrutura arquitetônica' para acomodá-la.
Após visitar seis instituições, consegui matriculá-la na Educação Infantil. Ela teve um desempenho ótimo, foi alfabetizada aos cinco anos de idade e fez o papel de oradora da turma. No entanto, o processo de transição para o Ensino Fundamental foi brutal. As negativas eram tão violentas e as respostas tão agressivas que tive de parar de levar a Sofia junto comigo nas visitas. Em uma escola ela precisou fazer uma espécie de provinha para entrar e passou, mas a diretora me ligou e disse: 'Sua filha passou, mas não a quero aqui na escola. Se ela ficar vai ser humilhada, não vai ter assistência para nada e vai acabar pedindo para sair'.
Na época ainda não existia a Lei Brasileira de Inclusão, então esse tipo de recusa não tinha consequências. Outra escola avisou que 'até aceitava' a minha filha, mas cobraria uma taxa de R$ 10 mil reais.
Ao todo, percorri 12 instituições e acabei desistindo de matriculá-la numa escola particular. Eram muitos obstáculos nos forçando a desistir, mas eu jamais penseicasino online bitcoindesistir. Acredita que uma escola pediu um comprovante assinado por um médico de que a minha filha NUNCA teria problemas de saúde na escola? Como garantir isso, independentemente ou não das deficiências? Tanto eu quanto a Sofia sentimos o impacto dessas rejeições até hoje. A impressão é que ela tinha sempre que provar que era boa o suficiente para o lugar, sabe?
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