Resumo
Claudia Leitte é acusada de intolerância religiosa ao mudar letra da canção 'Caranguejo' para referenciar Jesusqual melhor aplicativo de apostasvez de Iemanjá.
qual melhor aplicativo de apostas de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar
Um vídeo do momento viralizou nas redes sociais, provocando uma onda de comentários. Benny Briolly, vereadora de Niterói e primeira travesti eleita no estado do Rio de Janeiro, classificou o episódio como inaceitável. "Utilizam dos nossos símbolos, culturas e religiões para se promoverem, mas tendem a partir de uma relação de poder apagar e embranquecer as nossas raízes e ancestralidades", escreveu no Instagram.
Pedro Tourinho, secretário de Cultura e Turismo de Salvador, também comentou o caso, embora sem mencionar o nome da cantora. "Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro equal melhor aplicativo de apostascultura, reverenciaqual melhor aplicativo de apostaspercussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo", afirmou no Instagram.
Por outro lado, Carlinhos Brown defendeu Claudia Leitte e garantiu que a cantora não é racista. "Eu não queria estar falando [disso], é polêmica, eu tenho uma espiritualidade muito acentuada, mas eu posso te garantir que Claudia Leitte não é uma pessoa racista. A gente precisa buscar esse tom. Não vi que o secretário falou isso [que Claudia é racista], mas sobre mudar letras, e para o povo de santo, que tem também tamanha clareza, sabe que Yeshua é Oxalá", dissequal melhor aplicativo de apostasentrevista ao portal iBahia.
Intolerância religiosa
Publicidade
A intolerância religiosa se refere a qualquer forma de preconceito, discriminação ou violência contra crenças ou práticas religiosas. No Brasil, a Lei nº 7.716/1989 (Lei do Racismo) considera intolerância religiosa como discriminação, especialmente contra religiões de matriz africana, e prevê punição com reclusão e multa, sendo ainda firmada na Lei 14.532/23, que equipara injúria racial ao crime de racismo e protege a liberdade religiosa. Além disso, a Lei nº 9.459/97 tipifica como crime o preconceito religioso. Atualmente, a pena é de dois a cinco anos de reclusão.
Para o advogado criminalista Rafael Paiva, pós-graduado e mestrequal melhor aplicativo de apostasDireito, não houve prática de intolerância religiosa no caso de Claudia Leitte. "Essa prática estaria caracterizada se, por exemplo, Claudia Leitte impedisse algum músico que fosse de uma religião de matriz africana de participar do show, ou que pessoas de determinada religião não pudessem entrar dentro do recinto onde o show dela é feito", explicou ao Terra NÓS.
Paiva também afirmou que alterações pontuais na letra de músicas, desde que não comprometamqual melhor aplicativo de apostasessência ou violem direitos autorais, não configuram intolerância religiosa. "A intérprete tem essa flexibilização para mudar aspectos pontuais da música. Isso sempre aconteceu", afirmou.
Contexto e intenção
No entanto, os advogados Filipe Lira de Medeiros, especialista na área criminal do escritório Zaira Castro Advocacia, e a CEO do escritório, Zaira Castro, reconhecida porqual melhor aplicativo de apostasatuação antirracista e como defensora dos direitos das mulheres e das minorias, destacam que a situação de Claudia Leitte dependeria do contexto e da intenção.
Publicidade
"A mudança da letra apagando referências religiosas de matriz africana poderia ser interpretada como intolerância religiosa, caso se prove que houve a intenção de desrespeitar ou excluir essas manifestações religiosas", declarou Zaira, que também é presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB/SP (Limeira) e membro de diversas comissões, incluindo a Comissão Especial da Verdade sobre a Escravidão no Brasil.
A intolerância religiosa requer dolo, ou seja, a intenção de desrespeitar ou excluir uma religião. Se a alteração da letra foi por questões artísticas pessoais e não com o intuito de discriminar, pode não ser caracterizada como intolerância religiosa. "Contudo, a percepção de desrespeito da comunidade religiosa afetada também deve ser considerada, especialmente quando se trata de um gênero musical como o axé, que tem raízes afro-brasileiras", explicou Filipe Medeiros à reportagem.
"Nesse caso específico, diante da alteração de uma letra que apaga referências a religiões de matriz africana, caberia uma investigação do Ministério Público para apurar se houve a intenção de discriminação religiosa ou, ao menos, um ato que tenha causado impacto negativo para os praticantes dessa religião, garantindo que a situação seja analisada de maneira justa equal melhor aplicativo de apostasconformidade com a legislação brasileira", disse Zaira Castro ao Terra NÓS.
Por fim, ambos os advogados destacaram que, para que a intolerância religiosa seja configurada, é necessário que tenha elementos objetivos, como provas de discriminação ou preconceito, incluindo declarações de ódio ou ações que evidenciem a intenção de ofender uma religião. Embora a percepção de desrespeito seja relevantequal melhor aplicativo de apostasum processo, ela, por si só, não é suficiente para caracterizar o crime.
Publicidade
Ministério Público
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) abriu um inquérito para investigar um possível caso de racismo religioso envolvendo a cantora Claudia Leitte. O episódio ocorreu no sábado, 14, durante o primeiro show do ensaio de verão da artista, realizado no Candyall Guetho Square,qual melhor aplicativo de apostasSalvador, local que abriga a sede da banda Timbalada, criada por Carlinhos Brown.
Em nota enviada ao Terra NÓS, o MP-BA informou que recebeu uma representação formulada pela Iyalorixá Jaciara Ribeiro e pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro). "O Ministério Público do Estado da Bahia, por meio da Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, instaurou inquérito civil para apurar os fatos noticiados", afirmou.
"Segundo a promotora de Justiça Lívia Sant'Anna Vaz, titular da referida Promotoria, o procedimento foi instaurado para apurar a responsabilidade civil diante de possível ato de racismo religioso consistente na violação de bem cultural e de direitos das comunidades religiosas de matriz africana, sem prejuízo de eventual responsabilização criminal", concluiu.