casino online ruleta-Guardiãs de conhecimento ancestral, mulheres falam sobre o uso de plantas medicinais

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Apesar dos conhecimentos milenares no uso de ervas e plantas promoverem avanços no cuidado com a saúde, ainda não há um reconhecimento por parte da medicina convencional sobre a importância da sabedoria popular para o desenvolvimento dos tratamentos
11 abr 2022 - 17h28
(atualizado às 19h01)
Colagem mostrando benzedeiras utilizando ervas e plantas para o cuidado com a saúde.
Colagem mostrando benzedeiras utilizando ervas e plantas para o cuidado com a saúde.
Foto: Imagem: Vinicius de Araujo / Alma Preta Jornalismo / Alma Preta

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As mulheres, principais detentoras desses conhecimentos milenares, promoveram avanços no cuidado com a saúde, além de descobrirem tratamentos inéditos para doenças. Entretanto, ainda não há um reconhecimento por parte da medicina convencional sobre a importância das "bruxas" do passado, benzedeiras e rezadeiras, por exemplo, para o avanço dos tratamentos de cura e cuidado.

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A historiadora e pós-doutoracasino online ruletaEducação Yls Rabelo Câmara conta que os saberes sobre os usos de ervas e plantas estava mais ligado à egrégora feminina porque os homens nem sempre estavam nos acampamentos e aldeias.

"As mulheres, desde o Neolítico ecasino online ruletaalguns rincões do planeta mais do quecasino online ruletaoutros, a depender de muitos fatores, eram as que ficavam tomando conta do lugar, junto às crianças, aos velhos, aos jovens imberbes e aos fisicamente inábeis. Para além disso, umas ajudavam as outras a parirem e, se fosse o caso, participavam, com ervas, na eutanásia de seus pares se houvesse necessidade", explica a historiadora, que também pesquisou as rezadeiras da periferia de Fortaleza e percebeu relações com as atividades das bruxas europeias.

A pesquisadora Yls Rabelo Câmara conta que conforme o elemento cristão foi introduzido nas sociedades europeias antigamente, a mulher que sabia mais que os homens e que tinha um conhecimento diferente que não fosse só sobre guerras e caças, passou a ser muito mal vista e foi banida e discriminada. Na Inquisição e na caça às bruxas, elas sofrerem uma grande perseguição.

Pintura de mulher condenada à morte por bruxaria - Autor desconhecido | Crédito: Reprodução/ Ateliê Fazendo Arte

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"Essa mulher foi cada vez mais ojerizada a tal ponto que foi praticamente banida. Em vários pontos da Europa houve um quase desaparecimento dessas mulheres sábias. No entanto, a Inquisição não se deu de forma muito homogênea na Europa como um todo e,casino online ruletaalguns países como Portugal, a mulher quando era condenada por bruxaria tinha a opção de escolher morrer ali ou ser banida para a colônia, como o Brasil", explica.

A historiadora também conta que as mulheres europeias que chegavam ao Brasil, não morrendo durante a viagem, foram se adaptando ao ambiente e também mesclando o conhecimento com os povos que aqui encontraram.

"Elas tiveram livre acesso a essas pessoas também que traziam consigo o conhecimento ancestral. Aqui chegando, mesclaram esse conhecimento com os dos autóctones (indígenas) e também com o dos escravizados, criando um mosaico de influências que nos caracterizam", destaca a pesquisadora.

A etnofarmacobotânica e especialistacasino online ruletaplantas medicinais Maria Thereza Lemos de Arruda Camargo destaca que é a partir do saber popular voltado ao uso de plantas medicinais na cura de problemas de saúde que a ciência evolui e vem a desenvolver as fórmulas químicas para a produção de medicamentos.

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"O saber popular arraigado na cultura de um povo dá origem ao saber científico. Os conhecimentos desses saberes estão nos primeiros passos da caminhada científica para o conhecimento das atividades farmacológicas das plantas medicinais usadas popularmente na cura de doenças", explica a especialista.

Yls Rabelo Câmara ressalta que, apesar disso, as mulheres e os detentores desses saberes populares não são reconhecidos ou lembrados como os que descobriram e guardaram esses saberes pela ciência e medicina convencional.

"Esse saber ancestral foi fagocitado de maneira iconoclasta pelo saber hegemonicamente masculino, rebatizado e suas detentoras antigas foram desabonadas. O homem realmente tomou para si esse conhecimento, cientifizou esse conhecimento, que é profundamente ancestral. Eles sabem que vem delas [mulheres ancestrais], mas não dão a elas esse crédito", explica.

Leia mais: Mapa identifica ao menos 160 benzedeirascasino online ruletaSão Paulo

Sabedoria que resiste

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De acordo com Ayna Oluremi, perfumista botânica na Alkímika, a melhor maneira de manter a sabedoria ancestral viva, mesmo dentro de uma cultura ocidental que está a todo tempo querendo destituir as mulheres desse poder é se unir a outras mulheres que estão fazendo essa busca e que praticam essa medicina antiga.

"É trocar ideia com as raizeiras, com as benzedeiras, com as parteiras que ainda resistem e vivem e seguem firmes, apesar de toda a tentativa de destruição desse patriarcado. É conversar com as senhoras que estão nas bancas de ervas, é buscar essas memórias ancestrais nacasino online ruletafamília", destaca.

Para a pesquisadora Yls Rabelo Câmara, é importante que rezadeiras tradicionais e curandeiras atuais unam forças e recebam incentivo para trazerem à luz o que muitas vezes realizam nas sombras, seja por medo ou por falta de oportunidade de mostrarem seus préstimos.

"É preciso que esse conhecimento que nos remete à infância da humanidade seja reavaliado, revalorizado e revalidado; que as escolas o mostrem sem a pecha de obscurantismo que a Igreja lhe impregnou, mas como um conhecimento inerente ao que de mais humano temos", pontua.

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Cultivada nos jardins de casa

Caninha do brejo e Tapete de Oxalá | Crédito: Acervo pessoal de Iya Cristina

De acordo com o conhecimento milenar, plantas e ervas medicinais são utilizadas para tratar problemas de saúde, como dores no estômago, ansiedade e estresse, por exemplo. Seja para equilibrar o ambiente ou por terem propriedades curativas, essas plantas podem ser cultivadas nos jardins de casa e serem aliadas a tratamentos passados pela medicina convencional.

A benzedeira Tia Eliza de Luca, que atua há mais de 20 anoscasino online ruletauma capelinha no bairro Bela Vista,casino online ruletaSão Paulo,casino online ruletahomenagem a Santo Antônio de Categeró, conta que desde pequena foi ensinada pela família a utilizar chá, como de erva cidreira e erva doce, e banhos de ervas, como de manjericão e alecrim, para se cuidar.

Para os benzimentos, Tia Eliza relata usar muito as plantas arruda e guinécasino online ruletaum arranjo, boas para limpeza energética.

"Faço um buquê. Sempre uso guiné e arruda, quando não tem guiné, eu pego uma outra planta. Eu tenho aqui no quintal. Arruda mesmo, falo que é a base de tudo. Não posso ficar sem. Até tomar chá de arruda é bom. Louro também é muito bom para fazer banho e chá. Salsa, cebolinha também é bom para abaixar também pressão alta. Tem várias dicas de plantas assim", explica a benzedeira.

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Para proteção espiritual, Tia Eliza sempre indica para as pessoas um vaso com sete ervas de poder: manjericão, arruda, Comigo-ninguém-pode, alecrim, Espada-de-São-Jorge, guiné e erva pimenteira.

"O boldo é bom para o fígado, para limpar por dentro", comenta a benzedeira, além de falar da importância de frutas como laranja e limão para fortalecer o sistema imunológico.

Também de acordo com Iya Cristina d'Osun, líder religiosa do Ilê Asé Iyalodê Oyo Asé Olorokê T' Efon, dentro do conhecimento das tradições de matriz africana, o boldo, ou Tapete de Oxalá, é utilizado como um escalda-pés fortificante físico, mental e espiritual, além de ser um chá energizante.

"O boldo tem uma função hepática muito importante para desajuste e desequilíbrio dentro da fitoterapia, mas na naturopatia, ele vai ser um grande emoliente, um grande oxidante que vai auxiliar nos contatos físico, mentais e espirituais de equilíbrio para tirar a negatividade e fortalecer a positividade", explica a líder religiosa, que também é formadacasino online ruletanaturopatia.

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Iya Cristina também fala sobre a hortelã, quecasino online ruletaescalda-pés é boa para energizar, centralizarcasino online ruletamomentos de tensão e fortificar as pessoas. Em chás é boa para para os desequilíbrios estomacais e intestinais.

"Um outro que é muito importante e ninguém dá valor é a caninha do brejo. É uma folhagem que dá na beira do rio, que é muito importante também para a parte filtrante dos rins. É um antibiótico natural para os rins", comenta.

A perfumista botânica Ayna Oluremi também destaca algumas plantas importantes para a ginecologia natural.

"Dentre tantas ervas e plantas poderosas, eu destaco a camomila, erva mãe que acolhe, que cura e que cuida. A camomila consegue acompanhar uma pessoa desde o começo da vida até o final. É muito benéfica no cuidado para quem está na fase da infância ainda, porque alivia as dores da dentição. Vai ser útil nos processos da primeira menarca quando vem a primeira menstruação para evitar cólicas menstruais, para lidar com a TPM e ansiedade", explica.

Além disso, segundo a perfumista, a camomila é uma erva que traz alívio para estresse e ansiedade. Pode ser utilizadacasino online ruletaescalda-pés ecasino online ruletabanhos de assentocasino online ruletaqualquer fase da vida para cuidar e para prevenir qualquer adoecimento ginecológico.

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"A camomila, por exemplo, junto à uma calêndula faz um banho de assento muito útil para prevenção de desequilíbrio ginecológico como a candidíase, qualquer corrimento que possa surgir a partir de uma infecção", comenta.

Entretanto, Ayna Oluremi também ressalta que utilizar a camomila nas dosagens erradas é capaz de derrubar a pressão ou causar disenteria. "É sempre importante, mesmo que a erva seja muito suave, como é o caso dela utilizar dentro das recomendações de posologia correta", explica.

Além disso, a perfumista ressalta que os conhecimentos da ginecologia natural não brigam com a medicina convencional, mas se aliam a eles. "A ginecologia natural não é necessariamente sobre nunca mais fazer uso de remédios alopáticos, nunca mais ir ao médico, nunca mais ir a ginecologista, mas é sobre ter autonomia e também buscar profissionais que tenham o máximo de cuidado e respeito com o nosso corpo", finaliza.

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Fontes de referência

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