apostas galera bet de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar
No dia seguinte ao resultado da eleição para Presidente da República, um grupo de alunos do Colégio Porto Seguro, escola de elite de Valinhos, no interior de São Paulo, criou o grupo “Fundação Antipetismo” no WhatsApp para criticar a vitória de Lula. Poderia ser uma manifestação como tantas outras, de menor ou maior intensidade, que temos acompanhado até agora. O teor racista das mensagens, no entanto, virou literalmente caso de polícia e manchetes na imprensa.
Antônio, 15 anos, foi adicionado a contragosto e viu, horrorizado, as frases e piadas racistas, xenofóbicas, gordofóbicas e com referências a ditadores como o nazista Adolf Hitler e o fascista italiano Benito Mussolini. Único negro no grupo, ao deixá-lo foi ameaçado: “Espero que você morra fdp negro”, dizia a mensagem.
Ao tomar conhecimento do ocorrido, a mãe de Antônio, a advogada criminalista Thaís Cremasco, 40, registrou um boletim de ocorrência. "Ao procurar a escola fiquei indignada por tratarem como mais um caso de bullying, mas essa interpretação é totalmente equivocada. Racismo não é bullying, racismo é crime. Indaguei: quais outros crimes a escola vai permitir?", indaga Thaís, que se diz cansada da percepção da sociedade brasileira, como um todo, de que o racismo não deve ser levado a sério.
A história tomou projeção nacional e internacional e culminou com a expulsão dos oito estudantes responsáveis pelo conteúdo. Além de ser tachada de "sensacionalista", Thaís se converteuapostas galera betalvo de um processo no Ministério Público movido pelo pai de um dos alunos expulsos incomado com a exposição. "Não tenho medo. Por essa luta, dou a minha vida. Quem tem que ter medo são eles, os racistas", declara Thaís, que também é mãe de Tayla, de 13 anos.
"Mamãe, um dia eu vou ficar branco?"
Outro episódio de enorme repercussão, sobretudo nas redes sociais, foi o exposto pela estilista Claudete Alphonsus, de 42 anos, de São Paulo (SP). Mãe de quatro filhos,apostas galera betsetembro deste ano ela expôs na internet uma conversa difícil com o caçula. Mathew, de 5 anos, estava febril e pedia, chorando, para não voltar mais à escola porque os amiguinhos diziam que ele tinha "cor de cocô". "Mamãe, um dia eu vou ficar branco?", perguntava à mãe.
Publicidade
"Foi uma das experiências mais dolorosas da minha vida", relata Claudete, que afirma que os outros filhos também já foram vítimas de racismo. Ela chegou a propor à escola conversar sobre racismo com os outros pais e até mesmo convidar representantes de movimentos negros para discorrer a respeito. "Ouvi como resposta que se eu fosse uma 'mãe mais participativa' o episódio com o Mathew não teria acontecido e falas como 'eu tenho um pai preto', como se isso amenizasse o que ocorreu", pontua.
Mathew atualmente estáapostas galera betfase de adaptaçãoapostas galera betoutra escola, mas, segundo a mãe, não é a mesma criança de antes: está mais agressivo. "Estamos iniciando uma terapia familiar para lidar com a situação", conta Claudete, que afirma não se arrepender de ter postado o vídeo. "Eu queria que todo mundo soubesse da dor que eu estava viviendo naquele momento".
Hipersexualização e "confusão"
A pequena Yuna tinha apenas 8 meses quando foi vítima de racismo na internet. Filha do humorista Yuri Marçal, que tinha postado uma foto da pequena no Twitter, ela foi chamada de "macaca" por um usuário da rede - posteriormente devidamente processado por injúria racial. "Eu tenho esperança que na gestão do novo presidente o racismo seja mais inibido e que as leis sejam mais severas. As pessoas não têm mais medo de se afirmarem como racistas porque dificilmente são processadas ou presas por isso, mas essa situação precisa acabar", desabafa a esteticista Luana Sampaio, 29, mãe de Yuna.
Outra inquietação de Luana à medida que a filha, hoje com 3 anos, vai crescendo é a hipersexualização da mulher negra, um mecanismo que agrega impiedosamente o racismo e o machismo. "Já ouvi coisas terríveis do tipo "será que ela vai ter um bundão como o da mãe" ou "essa aí vai dar trabalho". Ela só tem 3 anos! Há crianças brancas na minha família e noto com tristeza que os elogios são outros, como 'ela é linda' ou 'parece uma boneca'. A menina negra é vista desde cedo como objeto", reclama.
Publicidade
Mãe de Aísha, 10 anos, e Naíma, 8, a socióloga Luciana Barrozo da Silva Bento, 37, conta que tem a preocupação constante de manter as filhas sempre bem arrumadas e com aspecto de cuidadas para evitar que haja algum tipo de "confusão". "Você já percebeu que são sempre as crianças negras que são 'confundidas' com pedintes e acusadas de perturbar os outrosapostas galera betdeterminados espaços?", questiona.
Uma das filhas de Luciana também já enfrentou racismo na escola e, a exemplo do que aconteceu com Thaís e Claudete, a reação inicial da instituição não foi nada receptiva. "O discurso é sempre muito bonito, mas nós, mães pretas, precisamos de atitudes concretas. A prática antirracista deve ser cotidiana e frequente, mas infelizmente as famílias brancas acham o tema 'pesado' e só se expressam quando algo acontece e o filho está envolvido. Se as pessoas não se colocarem como agentes da mudança, é claro que as situações continuarão se repetindo", observa a socióloga.
É comum que, ao exporem o racismo sofrido pelos filhos, as mães - sobretudo as negras - sejam tidas como agressivas, escadalosas e até "loucas". "Ninguém deve confundir a reação da vítima com a violência do agressor!", salienta Thaís, que sabe que, como mulher branca, formadaapostas galera betDireito e de classe social de privilegiada, acaba, mais cedo ou mais tarde, sendo ouvida. "Para quem não tem os mesmos privilégios que eu, sugiro buscar redes de apoio e coletivos da sociedade civil. É preciso fazer barulho, porque calado ninguém realizada mudança social", conclui.