roleta wordwall-O brasileiro de 8 anos que dá palestrasroleta wordwallLondres sobre autismo e TDAH

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O britânico e brasileiro Noah Faria, filho da escritora Renata Formoso, escreveu um livro sobre como ele se sente tendo um ´fizzy brain´ (ou uma mente acelerada), como ele mesmo define. Agora ele fala a outras crianças sobre neurodiversidade.
27 fev 2024 - 12h22
(atualizado às 14h14)
Noah Faria, de 8 anos, faz apresentação a centenas de crianças sobre autismo e TDAH
Noah Faria, de 8 anos, faz apresentação a centenas de crianças sobre autismo e TDAH
Foto: Arquivo pessoal / BBC News Brasil

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A uma plateia com 300 crianças de cinco a 11 anosroleta wordwalluma escolaroleta wordwallLondres, um garoto conta como é ter o que ele chama de fizzy brain - uma mente "borbulhante" ou "acelerada".

Quem fala a outras crianças é Noah Faria, de 8 anos, que escreveu um livro infantil sobre como é viver com autismo e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).

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Entenda por que autismo não é doença Entenda por que autismo não é doença

A ideia, disse Noah à BBC News Brasil, é "falar para outras pessoas que têm autismo e TDAH que você não é estranho, você é uma das milhões de pessoas normais, mesmo tendo TDAH e autismo".

A escritora brasileira Renata Formoso, mãe de Noah, diz que, inicialmente, se preocupava com a exposição do tema pelo filho, mas que hoje entende "quão importante foi isso".

"Hoje ele fala com orgulho de conseguir fazer tudo que consegue mesmo sendo autista e TDAH. Ele entende que há diferenças e quanto é OK e importante todo mundo ser diferente. Percebo que ele falar sobre isso abertamente normaliza para outras crianças."

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Rimas após diagnóstico

The Fizzy Brain é o título do livro escrito por Noah aos 7 anos, com ajuda da mãe e com ilustrações da britânica Emi Webber, diagnosticada com TDAH e autismo só na vida adulta (leia ao fim desta reportagem os sinais na infância).

O termo fizzy brain foi usado por Noah-- de nacionalidade britânica e brasileira --, segundo Formoso,roleta wordwallconsultas com médicos do sistema público de saúde britânico (NHS) durante o processo de diagnóstico de TDAH - que ele recebeu aos 7 anos, cerca de um ano e meio após o diagnóstico de autismo.

"Na carta do diagnóstico, veio escrito que ele, falando para o médico, explicou que tinha um fizzy brain - que era como se o cérebro dele falasse com ele tão rápido que às vezes ele não conseguia entender", lembra Formoso.

Perguntado pela reportagem sobre qual seria a melhor tradução para o português, Noah - que tem o inglês como primeira língua e é fluenteroleta wordwallportuguês - responde que se trata de "uma mente acelerada". "Mas minha mãe prefere 'uma mente borbulhante'", acrescenta.

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A ideia de colocar no papel a própria experiência - o que viraria base para as palestras infantis - surgiuroleta wordwalluma caminhada no parque, logo após o diagnóstico de TDAH.

"Eu e minha mãe estávamos andando para a casa da minha amiga e começamos a fazer rimas. E aí minha mãe teve a perfeita ideia de fazer todas essas rimasroleta wordwallum livro - e agora está real", diz Noah.

O livro - disponívelroleta wordwallinglês, mas com ediçãoroleta wordwallportuguês prevista para 2024 - é fruto de uma campanha de financiamento coletivo na internet feita por Formoso, autora de obras (Eu também falo Português e Nina Vai ao Brasil) para crianças filhas de pais/mães brasileiros e que nasceram ou vivem no exterior.

E como Noah diz que se sente ao ver suas rimas no papel? "Eu me sinto feliz. Eu nem acredito!"

Noah escreveu com a mãe,roleta wordwallrimas, como é viver com TDAH e autismo
Foto: BBC News Brasil

'Abraçar semelhanças e diferenças'

Helen Jary, vice-diretora da Dulwich Wood Primary School, uma escola no sul de Londres onde Noah deu uma de suas palestras, disse que a forma como o garoto se colocou foi "com muito orgulho".

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"Não como se tivesse algo errado com ele - ele não tem um impedimento. Na verdade, ele tem uma superforça: 'Olhe para mim, sou neurodivergente, fui diagnosticado com TDAH e veja como isso me torna poderoso e como sou uma ótima criança' - e isso é verdade", afirmou à BBC News Brasil.

Jary diz que falar na frente de centenas de crianças, muitas mais velhas que o próprio Noah, é uma "conquista enorme" - e acrescenta que ele foi "muito profissional" e não precisou de muita ajuda da mãe, que o acompanhou no palco. O PowerPoint com as ilustrações também ajudou a prender a atenção das crianças, disse.

"Acreditamos que, como escola, é muito importante falar sobre isso, abraçar as semelhanças e diferenças, para que as crianças não se sintam de forma alguma marginalizadas, excluídas ou diferentes", diz Jary.

A vice-diretora aponta que a escola promove palestras sobre nerodiversidade "para que as crianças saibam que se tiverem um diagnóstico de dislexia, TDAH, autismo ou qualquer outra neurodiversidade, está tudo bem - e daremos estratégias para superar quaisquer dificuldades".

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Além disso, ela acrescenta que as crianças neurotípicas também precisam entender que outros colegas podem ter necessidades diferentes.

"Como uma escola inclusiva, temos que atender às necessidades de crianças de diferentes estilos de aprendizagem. Não há 'tamanho único' na aprendizagem. Sabemos que algumas crianças aprendem melhor fazendo, outras precisam de muita repetição. Algumas crianças precisam de apoio visual..."

As crianças pequenas 'vivenciam muito o que é o autismo, o que é o déficit de atenção através da forma como os pais, a família e a escola vivenciam', diz o psiquiatra da infância e adolescência Guilherme Polanczyk, da USP
Foto: Arquivo Pessoal / BBC News Brasil

Diagnóstico de autismo e TDAH

A BBC News Brasil também ouviu o psiquiatra da infância e adolescência Guilherme Polanczyk, professor da Universidade de São Paulo (USP) - que não tem relação com o caso de Noah - sobre o impacto nas famílias e nas crianças de diagnósticos como o de autismo.

Ele diz que o diagnóstico de autismo é "uma situação que gera muitas reações frequentemente fortes nas famílias".

Enquanto há "famílias que vivem com dificuldades com as crianças e que não entendem bem as dificuldades e buscam muito um diagnóstico", há também "famílias que fogem completamente do diagnóstico".

Polanczyk diz que, embora tradicionalmente o diagnóstico mais precoce "muitas vezes é de um transtorno mais grave", a medicina tem conseguido, cada vez mais, identificar mais cedo transtornos leves. "Isso realmente é algo recente, dos últimos 10, 15 anos."

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Ele aponta que as crianças pequenas "vivenciam muito o que é o autismo, o que é o déficit de atenção através da forma como os pais, a família e a escola vivenciam".

"Se tratam de uma forma menos pesada,roleta wordwallfamílias que aceitam as dificuldades, com narcisismo um pouco menor, com senso de comunidade, isso transmite para as crianças uma ideia de que são dificuldades, mas tá tudo bem, é possível viver, ser feliz, ter sucesso, mesmo tendo dificuldades", diz.

"E se as crianças vivenciam isso e conseguem transmitir isso para outras, sem dúvida, isso é muito mais poderoso, mais potente, para que outras crianças que estão recebendo o diagnóstico possam olhar para as dificuldades de uma forma menos pesada e que não tire o valor da pessoa. Muitas vezes o diagnóstico vem como se fosse uma condenação de que não vai ter sucesso, não vai ser feliz ou ser independente e autônomo - e não é isso."

Polanczyk diz que o diagnóstico "sempre vem com estigma" e que, por isso mesmo, é importante falar sobre o assunto.

"A gente não pode pensar que não existe estigma. Então as famílias têm muito receio disso, do quanto isso vai ficar marcado na ficha da criança na escola ou socialmente. Mas, ao mesmo tempo, se as famílias não falam sobre isso e não discutem o diagnóstico, elas estão perpetuando um estigma muito maior, estão impedindo que outras pessoas possam ser solidárias e que essa situação de estigma e de vergonha e de silêncio seja vencida".

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Os números de diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) estão aumentando nos últimos anos, como mostra esta reportagem da BBC News Brasil. Embora não exista uma só causa, especialistas suspeitam que a maior conscientização sobre o tema seja a principal explicação para o crescimento.

No Brasil, há cerca de 2 milhões de pessoas com autismo, segundo o governo federal.

Em um momentoroleta wordwallque se fala mais sobre o tema, o psiquiatra também destaca a importância do acesso a um diagnóstico adequado, visto que "um diagnóstico equivocado sempre tem consequências negativas".

Polanczyk também lembra que, no Brasil, hoje "teoricamente todas as escolas devem aceitar as crianças com autismo e com outras dificuldades e promover um ambiente de inclusão".

"A gente sabe que algumas escolas de fato fazem isso, e outras não", disse. "Geralmente, nessa idade (por volta dos 6 anos), as escolas têm uma preocupaçãoroleta wordwalldesenvolver aspectos mais humanísticos das crianças, mas ao longo do tempo - e pelo menos aqui no Brasil, cada vez mais - a gente vê escolas só preocupadas com o desempenho acadêmico a detrimento da forma como elas se relacionam umas com as outras."

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O psiquiatra diz que a importância de trabalhar o tema estároleta wordwallcriar uma cultura de inclusão que vá além da escola.

"Ela não se faz apenas por práticas da escola, se faz pela forma como as famílias e as crianças se relacionam entre elas. Então passa pelas famílias convidarem o coleguinha para as festas, passa pelas crianças aceitarem que o coleguinha eventualmente grita de vezroleta wordwallquando no meio da aula ou toca de uma forma mais intrusiva, e tá tudo bem. E aí incluir nas brincadeiras e nas situações mais diversas essa criança que não vai desempenhar eventualmente como elesroleta wordwalldeterminado momento, mas que eventualmenteroleta wordwalloutra aula vai desempenhar de uma forma superior."

Autismoroleta wordwallcrianças: quais são os sinais?

Os sinais de autismoroleta wordwallcrianças pequenas incluem, segundo o sistema público de saúde britânico, o NHS:

Em crianças mais velhas, os sinais incluem:

O autismo pode ser diferenteroleta wordwallmeninas e meninos e, como aponta o NHS, pode ser mais difícil de detectarroleta wordwallmeninas.

É possível que meninas com autismo, por exemplo, escondam alguns sinais de autismo copiando como outras crianças se comportam e brincam. Também podem mostrar menos sinais de comportamentos repetitivos, além de retirar-seroleta wordwallsituações que consideram difíceis.

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TDAHroleta wordwallcrianças: quais são os sinais?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) envolve desatenção (dificuldade de concentração e foco) e/ou hiperatividade e impulsividade. Cerca de 2 a 3roleta wordwallcada 10 pessoas com TDAH, segundo o NHS, têm problemas de concentração e concentração, mas não apresentam hiperatividade ou impulsividade.

O TDAH é diagnosticado com mais frequênciaroleta wordwallmeninos do queroleta wordwallmeninas. Elas são mais propensas a apresentar sintomas apenas de desatenção e são menos propensas a apresentar comportamento perturbador que torne os sintomas de TDAH mais óbvios, de acordo com o NHS.

Enquanto os sintomas do TDAH nos adultos são mais difíceis de definir, os sinais do transtornoroleta wordwallcrianças e adolescentes são bem definidos e geralmente são perceptíveis antes dos 6 anos, de acordo com especialistas.

As crianças podem apresentar sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, ou podem apresentar sintomas de apenas um destes tipos de comportamento, segundo o NHS.

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Os principais sinais da dificuldade de concentração e foco são:

Os principais sinais de hiperatividade e impulsividade são:

Se os cuidadores acreditarem que uma criança apresenta sinais de autismo ou TDAH, devem procurar um profissional de saúde especializado.

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Fontes de referência

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