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Casos como o de Telmário Mota ou do deputado Carlos Alberto da Cunha mostram que, nos parlamentos brasileiros, acusados de crimes contra mulheres ainda circulam pelos corredores numa boa. Nas aulas de história do Brasil, estudamos sobre o coronelismo, uma épocajogo da roleta que multiplicaque homens poderosos andavam armados e mandavam matar seus desafetos ou mulheres que criassem "problemas demais".
Esses sujeitos eram também os poderosos da política, que muitas vezes era feita na base do tiro. Pois bem. O ano é 2023. Mas alguns fatos nos mostram que a época dos coronéis, que data do início do século 20, continua viva.
A mulher foi assassinada com um tiro na cabeçajogo da roleta que multiplica29 de setembro, quando saía de casa para trabalharjogo da roleta que multiplicaBoa Vista, Roraima. Seus matadores, segundo testemunhas, passaram numa moto.
A decisão de "mandar matar", segundo os investigadores, teria sido tomada numa reunião numa fazenda do senador, no maior estilo coronelismo. A moto usada pelo crime teria sido preparada por uma ex-assessora do político. Sim, uma mulher que trabalhou no Senado seria cúmplice desse crime.
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Acusação de estupro pela filha
O "motivo" do assassinato (entre aspas, mesmo, já que não existe razão para mandar matar alguém) torna tudo ainda mais triste: o senador teria mandado matar a ex por ela ser testemunha numa denúncia de estupro quejogo da roleta que multiplicafilha fez contra ele. Como esse homem foi senador por oito anos?
O caso é pavoroso. Em agosto de 2022,jogo da roleta que multiplicafilha com Antônia, então com 17 anos, acusou o pai de estupro. Segundo a menina, que registrou boletim de ocorrência junto com a mãe, Telmário teria "tocado suas partes íntimas" e "tentado arrancarjogo da roleta que multiplicaroupa" dentro do carro,jogo da roleta que multiplicapleno Dia dos Pais. O horror absoluto.
Ao ler essa história, nos perguntamos: mas como Telmário Mota, um homem acusado desses crimes bárbaros contra mulheres, pode ter ocupado uma cadeira no Senado Federal por oito anos? A resposta é triste: porque nos parlamentos brasileiros, suspeitos de agredirem mulheres ainda circulam pelos corredores numa boa.
Até o fechamento desta coluna, o delegado ainda não havia sido suspenso da Câmara dos Deputados nem do seu partido. Em nota, o PP informou que vai esperar o resultado final do inquérito. Ele também, pasmem, não perdeu o direito de andar armado. Sim, o juiz do caso afirmou que Da Cunha, por ser deputado e delegado, continuava tendo direito de portar uma arma.
Já é absurdo que parlamentares andem por aí no parlamento, a casa do povo, armados. O que dizer de um acusado de uma violência dessas? Você se sentiria tranquila sabendo que um colega de trabalho seu, réu por violência doméstica, está indo trabalhar carregando uma arma? Isso seria absurdojogo da roleta que multiplicaqualquer lugar. No parlamento, onde são votadas as leis, incluindo aquelas que dizem respeito às mulheres, é ainda mais escandaloso. As leis que podem nos proteger serão votadas por agressores? Como assim?
No país onde uma mulher é vítima de violência doméstica a cada quatro horas, os agressores ocupam lugares de destaque até nas instituições públicas de poder. Isso precisa mudar. É hora de enterrar, de uma vez, o coronelismo no Brasil.
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Nina Lemos é jornalista e escritora. Escreve sobre feminismo e comportamento desde os anos 2000, quando lançou com duas amigas o grupo "02 Neurônio". Já foi colunista da Folha de S.Paulo e do UOL. É uma das criadoras da revista TPM. Em 2015, mudou para Berlim, cidade pela qual é loucamente apaixonada. Desde então, vive entre as notícias do Brasil e as aulas de alemão.
O texto reflete a opinião da autora, não necessariamente a da DW.
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