poker grátis-Após morte de menino por infecção, capivaras da Pampulha provocam debate ambiental e eleitoralpoker grátisBH

26 set 2016 - 13h02
(atualizado às 13h28)

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Descrito pela família como esperto e carinhoso, fã de videogames e brincadeiras como quase todo menino de 10 anos, Thales Cruz fezpoker grátisprimeira atividade externa como escoteiro no último dia 20 de agosto,poker grátisum parque na região da Pampulha,poker grátisBelo Horizonte.

Capivaras na Lagoa da Pampulha,poker grátisBelo Horizonte, e a Igreja de São Francisco de Assis, projetada por Oscar Niemeyer, ao fundo: morte de menino reacendeu discussão sobre destino de animais na região
Capivaras na Lagoa da Pampulha,poker grátisBelo Horizonte, e a Igreja de São Francisco de Assis, projetada por Oscar Niemeyer, ao fundo: morte de menino reacendeu discussão sobre destino de animais na região
Foto: João Marcos Rosa/ Nitro

Seis dias depois, começou a sentir febre. Passadas 72 horas, o primeiro diagnóstico no pronto-socorro foi sinusite. Em um posto de saúde, descreveram dengue.

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O menino tinha manchas na pele e muitas dores pelo corpo. Foram mais dois hospitais até a doença certa começar a ser tratada. Mas era tarde: Thales morreupoker grátis4 de setembro.

Exames comprovaram a morte por febre maculosa, doença infecciosa que provoca febre elevada, dores de cabeça e musculares, prostração e, eventualmente, hemorragias, segundo o Ministério da Saúde. Causada pela bactéria Ricketsia ricketsii, presente na saliva de carrapato, ela pode matar até 85% das vítimas quando não tratada de forma adequada.

Mamíferos no entorno do Museu de Arte da Pampulha, que integra o conjunto tombado como patrimônio cultural da humanidade
Foto: João Marcos Rosa/ Nitro

São 1.592 casos e 495 mortes pela doença no Brasil desde 2000.

A morte de Thales reacendeu a discussãopoker grátisBelo Horizonte sobre a situação das capivaras, algumas das principais "moradoras" da Pampulha, região turística da capital mineira e dona de um conjunto arquitetônico que há dois meses foi declarado patrimônio cultural da humanidade.

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Além do garoto Thales, mais um caso recente de contaminação na orla da Pampulha foi comprovado. Um funcionário da Aeronáutica de 54 anos recebeu tratamento e teve alta hospitalar. Ele encontrou um carrapato no corpo quatro dias após passearpoker grátisvolta da lagoa. Outras duas suspeitas estãopoker grátisinvestigação na capital mineira.

A capivara, maior roedor do mundo, pode ser vistapoker grátisdiversos pontos da lagoa da Pampulha. Já foi até acusada de comer partes do jardim projetado por Burle Marx (1909-1994) no Museu de Arte da Pampulha, uma das edificações do conjunto criado por Oscar Niemeyer (1907-2012).

A mãe de Thales, a garçonete Desireé Martins, diz ser muito provável que o menino tenha tido contato com o carrapato infectado no parque na orla da lagoa. "Ele era uma criança muito especial, que aproveitou bastante a vida dele."

A morte do garoto despertou medo entre a população e revelou falhas do poder públicopoker grátiscontrolar a doença. O problema das capivaras na região mais famosa de BH também virou munição de campanha eleitoral e divide especialistas sobre possíveis soluções - houve até quem sugerisse o abate dos animais.

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Sem predadores naturais e com comida de sobra, capivaras encontram na orla da lagoa um ambiente ideal
Foto: João Marcos Rosa/ Nitro

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Eutanásia

O caminho mais radical é defendido pelo sanitarista e professor de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Romário Cerqueira Leite.

"É preciso tomar uma providência rápida, pois as pessoas vão morrer. Fazer uma coisa dura e durante um período curto elimina o problema", diz, ao defender o abate das capivaras.

Ele afirma que a situação na Pampulha é complexa: o maior equipamento público de lazer da cidade é um ambiente ideal para as capivaras, com abundância de alimento (vegetação) e ausência de predadores naturais como sucuris e onças-pintadas.

Esterilização de capivaraspoker grátisCampinas (SP); cidade também abateu animais para conter avanço de febre maculosa
Foto: Prefeitura de Campinas/ Divulgação

"Elas (capivaras) vivem no paraíso. Com comida de sobra, sem predadores e se multiplicando demais."

O sanitarista participou de discussão semelhantepoker grátisCampinas (SP),poker grátis2011, quando 13 capivaras foram exterminadas no Parque Largo do Café. Antes do abate, o parque foi fechado e as capivaras, confinadas. Nesse período, quatro funcionários do parque contraíram febre maculosa e três morreram - mas não houve casos posteriores da doença no local.

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"Sobre a Pampulha, não recomendo que ninguém frequente a região. Pegar a febre maculosa é como ganhar uma loteria do mal. Não vale a pena arriscar", aconselha Leite.

Confinamento

Em 2014, a Prefeitura de BH conduziu uma tentativa fracassada de manejo das capivaras. Conseguiu autorização para recolher e levar 52 animais para um curral dentro do Parque Ecológico da Pampulha - o mesmo que o menino Thales visitou no mês passado.

Pegar a febre maculosa é como ganhar uma loteria do mal.

O plano era transferir os bichos para outro local, mas quem poderia recebê-los no interior do Estado desistiu após saber que as capivaras tinham carrapatos com a bactéria Ricketsia ricketsii.

A demora motivou uma disputa entre o Ibama (que pedia a liberação dos roedores) e a prefeitura. Resultado: 38 capivaras morreram por estresse e uma decisão judicial ordenou a soltura das sobreviventespoker grátisjaneiro deste ano.

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Hoje a prefeitura discute uma solução com o Ibama e o Ministério Público, mas ainda não há consenso sobre o destino das capivaras. "O importante é que saímos do impasse da judicialização", diz Jorge Espeschit, presidente da Fundação Zoobotânica da cidade.

Ele diz que a prefeitura tem feito podas regulares na orla da lagoa e ações com carroceiros para controlar carrapatospoker grátiscavalos.

Técnicospoker grátispesquisa de carrapato realizada neste mês no Parque Ecológico da Pampulha,poker grátisBH, por onde passou menino que morreu de febre maculosa
Foto: Andrea Moreira/ PBH

Em nota emitida após a morte do menino Thales, a prefeitura prometeu intensificar ações preventivas, como capacitação de profissionais e distribuição de material informativo para a população com "medidas para evitar o contato com os carrapatos, além de providências a serem tomadaspoker grátiscaso de suspeita de picada por esse vetor".

Esterilização

Grupo de trabalho formado por Saúde e Meio Ambiente municipais, Ibama e Ministério Público discute saídas para o problema das capivaras na capital mineira
Foto: Alex Lanza/ MP-MG

Para o veterinário Paulo Anselmo Nunes, diretor do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal de Campinas (SP), abate e confinamento não funcionam "porque as populações de capivaras voltam".

Ele cita o parque da cidade onde capivaras foram sacrificadas e que hoje já registra presença dos bichos - os roedores transitam pela rede pluvial e voltam a colonizar os ambientes.

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Nunes defende a vasectomia dos machos e laqueadura das fêmeas, mesma opção de Tarcízio de Paula, veterinário e professor que coordenou uma experiência bem-sucedida na Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Havia cerca de 90 capivaras no campus da UFV e o professor comandou um trabalhopoker grátisque todas passaram por vasectomia ou laqueadura - hoje restam apenas cinco. "É diferente de castrar, pois remover o testículo ou ovário pode levar os animais a perder característica de dominância."

A universidade também usa cavalos como "isca" para carrapatos. Resistentes à febre maculosa, os cavalos são raspados e tomam banho após serem infestados, e aplica-se veneno nos carrapatos que caem no solo.

Outra etapa envolve equipar as capivaras com uma espécie de mochila, com um mecanismo que espalha o carrapaticida. "As capivaras entram na água o dia inteiro e levam o carrapaticida embora. Esse mecanismo borrifa a solução várias vezes ao dia", explica Tarsízio de Paula.

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Capivaras na política

A estratégia de Viçosa foi apresentada para autoridades que tratam do assuntopoker grátisBelo Horizonte,poker grátiscongresso e numa audiência que teve a presença do então vice-prefeito e secretário de Meio Ambiente de BH, Délio Malheiros.

Malheiros (PSD) é o candidato à prefeitura apoiado pelo atual prefeito, Marcio Lacerda (PSB). Em debate entre candidatos neste mês, acabou ironizado pela situação das capivaras.

"A função mais importante que você (Malheiros) já recebeu na vida foi cuidar de 50 capivaras. Quem não deu conta de cuidar de capivara não pode dar conta de 2,4 milhões de habitantes", afirmou o ex-cartola de futebol Alexandre Kalil (PHS).

Comunicado de grupo de escoteiros sobre morte do menino Thales Cruz; mãe de garoto defende que poder público cuide de capivaras
Foto: Reprodução

O tema voltou à tonapoker grátisdebate no domingo (25). O candidato à prefeitura Sargento Rodrigues (PDT) disse que a administração negligenciou o problema. "Não tiveram coragem de tratar o assunto. Quem está sentado lá esperou acontecer um fato grave para acordar", afirmou.

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"É preciso vontade política para tratar essa questão", diz a ambientalista Adriana Araújo, do Movimento Mineiro pelos Direitos dos Animais.

Ela diz que a solução exige capacitação, investimento e planejamento. Cita exemplo da Prefeitura de Curitiba, que desenvolve campanhas nas mídias sociais usando a capivara como mascote da cidade. Em junho, oito esculturas dos roedores foram expostas pela cidade e o dinheiro foi para uma campanha do agasalho.

A ambientalista afirma que há risco de as capivaras serem "demonizadas" na capital mineira. Ela afirma já ter recebido denúncias de uma capivara prenha abatida a tiros na Pampulha, de animais atropelados e agredidos a pauladas e pedradas.

Solução definitiva

"Por que exterminar a capivara? O carrapato pode ser encontradopoker grátisoutros animais também. Eu acredito que a prefeitura tem que cuidar delas", diz Desireé, mãe do menino Thales.

Paulo Nunes, da Prefeitura de Campinas, afirma que a situação das capivaraspoker grátiscentros urbanos expõe a dificuldade dos humanospoker grátislidar com a fauna.

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Para o infectologista Rodrigo Angerami, do Departamento de Vigilânciapoker grátisSaúde da cidade paulista, o desafio no manejo de animais silvestres é conciliar a proteção deles com a resolução rápida de problemas.

"Administradores querem uma solução definitiva, mas quando se trata de fauna isso não existe", conclui Júnio Augusto, analista do Ibamapoker grátisMinas Gerais.

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Fontes de referência

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