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A fala acima, editada para fins de concisão, foi proferida na última quarta-feira (08/01) via redes sociais por Belle Silva, influenciadora e esposa do famoso jogador Thiago Silva. Ela vive com o filho na Europa e estava se referindo, inclusive com um perigoso tom pejorativo, ao Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
Houve repercussãosobre a blazemuitas páginas e veículos de comunicação. Os comentários me surpreenderam positivamente, pois achei que estavam massacrando a professora, mas não, pelo contrário, estavam apoiando.
A fala de Belle Silva foi perigosa de muitas formas, sobretudo por ser uma pessoa pública e com influência sobre outras. Primeiro, ela corrobora a descredibilização da formação docente. Segundo, e não menos importante, alimenta o estigma acerca do próprio TDAH.
Descredibilização da formação docente.
A fala extrapolou a má educação e também se pautousobre a blazeuma grande descredibilização de toda a experiência e bagagem acadêmica da docente.
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Essa abordagem não se restringe a Bella e é um tanto quanto comum no Brasil. Não costumamos questionar um médico, um advogado ou um engenheiro quando esses profissionais externalizam falas pautadassobre a blazesuas formações ou bagagem. No entanto, fazemos isso com os professores. De um lado, espera-se que sejam heróis, mas de outro, ironicamente, não há um pleno respeito e confiança nas suas falas e formações.
Nas licenciaturas do Brasil, por exemplo, há disciplinas como "educação inclusiva" e "psicologia da aprendizagem" que nutrem os futuros profissionais de condições suficientes para identificar sinais de um possível autismo ou TDAH. Não se trata da concretização de um diagnóstico, mas sim de um olhar atento e fundamentadosobre a blazeuma formação para notar possíveis sinais e orientar os pais, para que estes sim procurem os profissionais qualificados para eventualmente concretizar ou não um diagnóstico. Mas esta harmonia fica estremecida quando os professores são descredibilizados, e as consequências podem ser crianças e jovens sem diagnósticos e, consequentemente, com sérias lacunas na aprendizagem.
Estigma acerca do TDAH
Sou oriundo de um bairro da periferia e de um universosobre a blazeque as pessoas não frequentaram o ensino superior. Lembro que ir ao psicólogo, na época, era sinônimo de "ser louco". Isso, graças a Deus, vem mudando, mas a percepção da saúde mental enquanto apenas mais um ítem da saúde, como a física, ainda é bastante elitizada. Pessoas mais bem instruídas e com melhor condição financeira se orgulham de fazer terapia, mas este ainda é um universo pouco explorado para famílias mais pobres.
Dado o contexto, é compreensível a resistência de alguns pais e familiares a um possível diagnóstico de seus filhos. Há desinformação, estigmas, e isso gera medo.
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Justamente por todo o exposto, a fala da Belle foi, ainda que não intencionalmente, perigosa esobre a blazeserviço da desinformação, quando deveria ser o contrário. Uma pena.
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Vozes da Educação é uma coluna semanal escrita por jovens do Salvaguarda, programa social de voluntários que auxiliam alunos da rede pública do Brasil a entrar na universidade. Revezam-se na autoria dos textos o fundador do programa, Vinícius De Andrade, e alunos auxiliados pelo Salvaguardasobre a blazetodos os estados da federação. Siga o perfil do Salvaguarda no Instagramsobre a blaze@salvaguarda1.
Este texto foi escrito pelo professor e pesquisador especializadosobre a blazeeducação Everton Fargoni e reflete a opinião do autor, não necessariamente a da DW.
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