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O ex-procurador da República, Marcello Miller, disse que não cometeu crimes, mas fez "uma lambança" ao orientar o acordo de leniência do grupo J&F antes de deixar o cargo de procurador federal. "Eu cometi um erro brutal de avaliação. Não cometi crimes, mas fiz uma lambança. E é por isso que eu estou aqui. Ao refletir sobre a situação, avaliei que não haveria crime nem ilícito, mas não me atentei para as interpretações que isso poderia suscitar", disse ele, ao prestar depoimento hoje (29), no Congresso, à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS.
O ex-procurador acrescentou que estava disponível aos executivos da J&F "às vezes" e afirmou que nunca advogou, recebeu remuneração ou prestou consultoria jurídica para o grupo.
PublicidadeMarcello Miller, que trabalhava com o ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot, até março deste ano, pouco antes do fechamento de acordo de colaboração premiada firmada pela procuradoria com a JBS, admitiu antes de deixar o seu cargo no Ministério Público "estava ajudando a empresa a se limpar".
"De fato, comecei o contato com a J&F antes da exoneração, respondi a perguntas [dos executivos da empresa], não vou negar", falou. Perguntado sobre se orientou os irmãos Joesley e Wesley Batista a gravar conversas com o presidente Michel Temer, Marcello Miller foi enfático: "tenho um filho de cinco anos, pela vida do meu filho, não mandei gravar o presidente".
Ganância e mistificação
Sobre trabalhar no escritório de advogacia Trench, Rossi e Watanabe, responsável pelo acordo de leniência do grupo J&F, três meses após deixar o Ministério Público Federal, Miller afirmou que não agiu por ganância. "Se fosse por ganância, teria ido advogar na esfera penal, onde os honorários são mais altos. É óbvio que eu queria ganhar melhor, mas eu não queria ser milionário. Era uma proposta confortável, mas não era pra ficar milionário. Não teve ganância não", respondeu.
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