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Parte dos investigadores que atuam no inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal para obter informações sigilosas avalia que, até o momento, não foram encontradas provas que o incriminem e aponta que a tendência é que o procurador-geral da República, Augusto Aras, peça o arquivamento do caso.
O entendimento desse grupo é o de que, neste momento, as acusações do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro provocam mais estrago político do que jurídico para Bolsonaro.
PublicidadeO Estadão ouviu reservadamente quatro fontes que acompanham os desdobramentos do inquérito, que está sob a relatoria do decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello. Segundo essas fontes, não ressoa na cúpula da PGR a avaliação de que é "devastador" o vídeo da reunião de Bolsonaro com o primeiro escalão. No encontro, Bolsonaro disse: "Não vou esperar f. minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança (...) Vai trocar (...) e ponto final. Não estamos aqui para brincadeira."
Indicado ao cargo por Bolsonaro, o procurador-geral da República, a quem cabe apresentar ou não denúncia contra o presidente, vê com cautela o material apresentado até agora ao Supremo, segundo interlocutores. O procurador recebe briefings diários sobre o andamento do inquérito e tem evitado dar declarações públicas acerca da apuração antes da conclusão das diligências. Até agora, foram ouvidos Moro, cinco delegados, três ministros generais, uma deputada federal. Além dos depoimentos, o inquérito reúne mensagens de WhatsApp e o vídeo da reunião ministerial.
Aras não quer ser visto como "afobado" como o ex-procurador Rodrigo Janot, que apresentou duas denúncias contra o então presidente Michel Temer. Um interlocutor do atual chefe do Ministério Público Federal traça um paralelo das acusações de Moro contra Bolsonaro com a delação premiada do empresário Joesley Batista, que gravou uma conversa reservada com Temer à noite no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente. "Tem que manter isso, viu?", disse Temer a Joesley, o que foi interpretado por Janot como a compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha.
Depois que Temer deixou o Executivo, a Justiça Federal do Distrito Federal arquivou a denúncia, por concluir que a fala do emedebista era uma "bravata". Para esse interlocutor de Aras, se o diálogo - que provocou um terremoto político no País - não levou à condenação de Temer, não será uma reunião ministerialbetano aviator jogarpleno Palácio do Planalto com cerca de 40 auxiliares que vai incriminar Bolsonaro. "Moro é um poço de mágoas", disse reservadamente um integrante da cúpula da PGR, ao avaliar que o caso tem muita "pirotecnia" para pouca substância.
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